Auxiliar de Artur Jorge não crava futuro: ‘O que ele decidir para mim está bem. Gostamos muito de estar no Botafogo’

Auxiliar de Artur Jorge não crava futuro: ‘O que ele decidir para mim está bem. Gostamos muito de estar no Botafogo’
Vitor Silva/Botafogo

Qual o futuro de Artur Jorge? O treinador do Botafogo está próximo do Al-Rayyan (QAT), mas ainda não confirma a ida. Assim como seus auxiliares. É o caso de Franclim Carvalho, que deu entrevista ao “Desporto por Minuto” e foi evasivo.

– Isso é o Artur que vai decidir. O que decidir, para mim, está bem. Temos contrato por mais um ano. Gostamos muito de estar no Botafogo. Sempre fomos bem tratados e todos os dias falo com pessoas do Botafogo. Neste momento, estamos a preparar a próxima temporada e, portanto, o Artur Jorge decidirá da melhor maneira – explicou Franclim Carvalho, que se manteve distante das notícias sobre possibilidade de saída na reta final de 2024.

– Não, não. O Artur foi falando e eu sempre acompanhei algumas notícias. O Artur partilhou algumas coisas com a equipa técnica. Outras não. Não soubemos de todas. E fez bem. Isso faz parte. O Artur entregou os processos ao seu agente e nós só estávamos focados em trabalhar, para a Libertadores e para o campeonato. O nosso objetivo sempre foi conquistar títulos e terminar em beleza. Chegar às últimas cinco ou dez jornadas e ter a possibilidade de ser campeão… Não podíamos desperdiçar. Fomos também passando as eliminatórias na Libertadores. Ainda bem que tudo caiu para nós. O Artur Jorge ia comentando “Opá, olha, se sair alguma coisa nas notícias, eu passo tudo para o empresário e nós vamos pensar só em trabalhar”. Nunca nos disse “Olhem, há esta ou aquela hipótese”. Isso nunca falou – explicou.

Leia outras declarações de Franclim Carvalho:

Efeitos de 2023

– O Botafogo tinha tido o Tiago Nunes, um treinador brasileiro conceituado. Na época anterior, Luís Castro e Bruno Lage tinham estado lá. Não nos podemos esquecer daquilo que aconteceu ao Botafogo, em 2023. Nos últimos nove jogos do campeonato, o Botafogo não ganhou nenhum e chegou a ter 14 pontos de avanço. Estamos a falar de seres humanos, e obviamente que isto tem peso. Quando lá chegámos, apanhamos alguns jogadores do ano anterior. Éramos uma nova equipa técnica, com outras formas de trabalhar e de pensar. Não tem de ser melhor ou pior. Todos temos as nossas formas. Fomos buscar outros jogadores. Olhando para a equipe que jogou esta época, eram pouquíssimos os jogadores que tinham ficado da época anterior. O peso de um ano para o outro foi um mito que se criou. O Artur foi desmistificando isso, bem como os próprios jogadores.

Pressão adicional

– Nunca senti qualquer tipo de pressão da parte da direção, até porque nós não nos podemos esquecer que o Botafogo foi campeão brasileiro em 1995, ainda nos tempos dos playoffs. Em 2021, subiu da Série B para a Série A. O Botafogo não é o Palmeiras, não é o Flamengo, não é o Corinthians. Temos de ter calma. Claro que, com a entrada da SAF (de John Textor), o clube ganhou um poder e uma capacidade de atrair jogadores diferentes. O Luís Castro, o Bruno Lage e o Artur Jorge são treinadores que aceitam ir para lá porque sabem que têm outras condições. Não podemos negar. Da parte dos torcedores, considero (a pressão) normal. Todos querem ganhar. Se fôssemos fazer um inquérito, todos iriam dizer isso, mesmo os clubes que acabaram de subir da Serie B, como é o caso do Santos. Não podemos deixar-nos levar por aquilo que os torcedores pensam, sentem e transmitem. O futebol é emoção. Os torcedores transmitem essa mesma emoção que, por vezes, pode parecer um pouco irracional. Nós andamos nisto há muitos anos e sabemos bem como é que funciona.

Campeonato Brasileiro

– Logo desde o início do campeonato, andamos ali nos primeiros lugares e fomos a equipe que esteve mais tempo na liderança. Na reta final desta época, houve ali um momento em que tivemos três empates e já toda a gente dizia que estávamos a abanar e a ‘pipocar’. Eles utilizam esse termo lá. Nós, equipe técnica e jogadores, tínhamos de nos agarrar a algo. Nesses três jogos, fizemos 81 finalizações e zero gols. Tivemos um gol contra. Fomos a equipe do campeonato que fez mais gols de bola parada. Continuamos a fazer as coisas como estávamos a fazer. Mais tarde ou mais cedo ia dar… Foi o que aconteceu. Acabamos por ganhar na casa do Palmeiras [na antepenúltima rodada] e ficamos novamente em vantagem pontual. Jogo-chave? Um dos…

Quantidade de jogos no Brasil

– Sendo sincero, os jogadores que tínhamos, principalmente os brasileiros, estavam muito mais habituados a esta densidade competitiva do que nós. Jogam de três em três dias em maior parte das vezes. Estão completamente adaptados. Até falavam em rodízio quando trocávamos três ou quatro jogadores. Encaram isso de uma forma super natural. Ao todo, o Botafogo foi a equipe do mundo com mais jogos. Foram 75. Nós chegamos ao Brasil em abril e fizemos 55 jogos este ano, até ao passado dia de 11 de dezembro. Já no Sporting de Braga, quando a fase de grupos da Liga Europa foi disputada em menos tempo por causa do Mundial, fizemos seis jogos em oito semanas. Aí apanhamos um primeiro exemplo, mas no Brasil foi bem diferente.

Expectativa inicial e crescimento

– Mentiríamos se disséssemos que, quando fomos para o Botafogo, íamos logo lutar para ser campeões. Quer dizer, nós lutamos sempre, mas íamos com o objetivo de ver o que era possível. Com o desenrolar do tempo e com a aceitação dos jogadores, a nossa forma de trabalhar moldou-se e existiu uma grande comunhão entre equipe técnica e jogadores. Fomos muito bem recebidos por todas as pessoas do clube. Criou-se ali uma relação muito próxima, de proteção. Pensamos “Vamos agregar, vamos juntar e vamos lá com isto para a frente”. Isso fez a diferença em muitos momentos. Obviamente que tivemos aquela pontinha de sorte que é precisa em alguns jogos, alguns gols nos minutos finais. Foi o grupo com quem mais me identifiquei, entre os que trabalhei até hoje.

Final da Libertadores

– Nós não podemos dizer que jogar com dez jogadores é mais fácil ou que temos mais condições. Se assim fosse, toda a gente começava com dez (risos). Para quem assistiu, foi um jogo épico, sobretudo pela forma como foi, dada a expulsão do Gregore. Era a primeira final do Botafogo. Vencemos um Atlético-MG que investiu muito e era visto como um dos candidatos ao título brasileiro, com excelentes jogadores e um bom treinador. Acabamos por ganhar por 3 a 1, com dois gols na primeira parte, num jogo controlado [por nós]. O adversário mudou de estrutura e sofremos um gol no início da segunda parte, mas aguentamos e ainda tivemos força de fazer o terceiro mesmo a acabar. Vai ser sempre um jogo, para mim, inesquecível. Tinha lá a minha família presente. Acho que vai ser um jogo lembrado por muito tempo, não só pelos torcedores do Botafogo, como por todos os que acompanham a Libertadores.

Expulsão de Gregore

– Não sei se sentimos algo a ruir ou não. A nossa preocupação foi tentar ajustar os dez jogadores ao plano que tínhamos com 11 jogadores. Não fizemos nenhuma substituição imediatamente a seguir à expulsão e nem ao intervalo fizemos. Tentamos aguentar com os recursos que tínhamos e os rapazes tiveram um comportamento incrível. Temos de estar agradecidos à postura dos jogadores. Foi o grupo a fazer a diferença. O Marlon [Freitas] confidenciou-nos, no final [do jogo], que juntou os jogadores todos no meio-campo, após a expulsão, a dizer “Se tem de ser assim, com menos um, então irá ser assim mesmo, com menos um”. Eles próprios sentiram que era o momento, fosse de que jeito fosse.

Fonte: Redação FogãoNET e Desporto por Minuto

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