Há um ano, quando o investidor norte-americano John Textor assumiu o controle acionário da SAF- Botafogo desmontando a estrutura existente, e contratando brasileiros malsucedidos no futebol europeu, alertei para o fato de que antes de radicalizar ele deveria conhecer melhor o “chão da fábrica”.
A intenção não era condenar o modelo ou criticar o empresário endinheirado que resgatava o clube do fundo do poço.
Nada disso.
Mas alertar para o risco da transformação abrupta, vendendo a impressão de uma nova realidade ainda inexistente.
Como se num passe de mágica sumissem com a dívida que visitava a casa do bilhão de reais.
O modelo renovou a expectativa dos torcedores, repaginou a relação da instituição com o mercado, mas não houve os avanços esperados.
Quer dizer, andou o tanto que poderia andar um clube endividado, mal aparelhado e com as categorias de base enfraquecidas.
O Botafogo está sendo reconstruído, e não reforçado como muitos imaginam.
É ilusório, portanto, acreditar que com um passado tão glorioso, bastaria ao depauperado alvinegro investir na compra de uma penca de jogadores medianos.
Não – não é assim.
É preciso estar estruturado física e economicamente para oferecer condições de trabalho minimamente parecida com a que os reforços possuiam na Europa.
Como disse um desses treinadores portugueses que vieram para o Brasil, o “futebol é dividido por partes, e cada parte tem suas partes”…
O time não está fora do quadrangular final do Estadual porque Luís Castro escalou mal, ou porque seu sistema de jogo é ruim.
Menos ainda, por ele ser incompetente.
O time do Botafogo deixou a desejar porque o dinheiro investido não foi suficiente para resolver as mazelas do clube a tempo de surtir o efeito desejado.
Houve atraso na quitação de alguns compromissos, a estrutura de trabalho ainda não está como se deseja e o retorno dos lesionados não ocorre no tempo ideal.
É preciso segurar forte no manche, não se deixar abater pela turbulência e seguir o plano de voo.
Culpar o treinador que já mostrou ter capacidade e competência para construir sistemas competitivos é burrada colossal…