Hoje com 38 anos e jogador do remo, Bruno Silva segue em atividade no futebol profissional. O grande momento da carreira do volante foi no Botafogo entre 2016 e 2017, mas a saída para o Cruzeiro foi conturbada, o que gerou reações da torcida.
Em entrevista ao “Esporte na Band”, o jogador revelou sua torcida para o Botafogo e deu sua versão sobre a saída, negando ter tido qualquer desrespeito.
– O Botafogo é um time que eu sempre gostei, sempre torci. Eu sou aquele jogador que prefiro fazer a minha, eu poderia fazer juras, declarar, ninguém sabia disso, ninguém sabe que eu era botafoguense, que eu torço pelo Botafogo, que eu gosto do Botafogo. O que aconteceu foi o seguinte: eu não desrespeitei o torcedor do Botafogo, nunca xinguei o torcedor do Botafogo, foi um gesto que eles entenderam ali, eu entendo a raiva deles, porque na época eu era o melhor jogador, eu era um dos destaques do clube, ninguém quer perder o seu melhor jogador, e na hora que eu bato no peito e falo assim, “vocês querem que eu vá embora?” Eu não fiz gesto obsceno, eu não xinguei, eu não desrespeitei, eu não mandei palavrão, então, a minha cabeça é tranquila com isso. Eu entendo a frustração por ter me perdido na época ali, o clube que eu saí pagou, o Botafogo ganhou dinheiro, todo mundo saiu ganhando, mas em momento nenhum eu desrespeitei o torcedor do Botafogo. Eu não mostrei dedo, não fiz gesto obsceno, não xinguei, eu só perguntei “vocês querem que eu vá embora?” Muita gente falou assim “ah, eu tô indo embora”, e se fosse também “eu tô indo embora”, isso não é desrespeito, eles me cobraram ali, falando que eu era mercenário, que eu não estava rendendo, botaram a culpa em mim. Foi num jogo ali contra o Athletico-PR, eu lembro muito bem que nós perdemos, o Jair (Ventura) me substituiu, botaram a culpa em mim. Me vaiaram, me chamaram de mercenário, eu nunca fui. Eu joguei no Botafogo um jogo de Libertadores com (lesão) grau 2 na coxa. Teve um jogo que nós estávamos na Colômbia jogando Libertadores, ganhamos o Nacional, o Jair mandou o time titular para Barcelona, no Guaiaquil, que a gente jogava contra o Barcelona em Guaiaquil, o time titular foi, eu falei, “Jair, eu não quero ir para o Equador, eu quero voltar para o Brasil”, porque a gente tinha um jogo de final de Taça Rio contra o Vasco. Eu voltei para o Brasil, joguei o jogo e depois fui para o Equador para jogar o jogo da Libertadores. Joguei, nós empatamos. Muita gente não sabe disso. E ali me cobraram e eu não desrespeitei. Se fosse “eu tô indo embora”, isso não é um desrespeito, já que eu não estou servindo, eu estou indo embora, mas não foi isso. Eu falei, “já que vocês querem que eu vá embora, eu vou embora”. Mas é um clube que eu tenho um carinho, eu torço, eu acompanho o jogo. Esses dias eu postei até na rede social, eu vendo o jogo deles contra o Peñarol. Eu não posto, ninguém sabe disso, mas eu torço. Estou torcendo para o Botafogo ser campeão, no passado eu fiquei P da vida, porque perderam o título, xinguei. Esse ano, se Deus quiser, vai ser campeão. Então, cara, eu só tenho a agradecer ao Botafogo – declarou Bruno Silva.
O volante evita falar em “arrependimento”, mas admite que poderia ter tomado outra decisão em vez de ir para o Cruzeiro.
– Eu tenho orgulho da minha carreira de jogar, eu queria jogar, eu joguei onde eu queria jogar, em estádios que eu queria jogar, enfrentei grandes jogadores, tomei uma decisão ou outra que errada, tomei. Em 2017, quando eu fiz um Campeonato Brasileiro acima da média, em que eu fui eleito o melhor volante, aí eu vou para o Cruzeiro e não tenho a sequência. Eu cheguei no Cruzeiro como o melhor volante do Campeonato Brasileiro, voando, fazendo gol. E chego no Cruzeiro, não jogo, viro reserva, fico na reserva lá. Isso aí me atrapalhou, de ir para um clube que eu não tive a sequência. Talvez se eu ficasse no Botafogo e tivesse a sequência, eu poderia tomar outro rumo. Essa saída para o Cruzeiro foi boa, foi uma experiência boa, gostei de ter vestido a camisa, mas chegou lá e eu não tive o que eu esperava que eu ia jogar, que eu ia poder render o que eu estava rendendo. Algumas coisas que se pudesse ali, não é arrependimento, mas eu mudaria um pouco o meu rumo, mas, no mais, eu sou grato a tudo – explicou.
Bruno Silva ainda lembrou como foram os reencontros com a torcida do Botafogo após sua saída.
– Olha, eu enfrentei o Botafogo, se eu não me engano, duas, três vezes depois que eu saí de lá. Duas vezes lá no Engenhão. Pô, fui vaiado, pegava na bola, a torcida, estava casa cheia, devia ter uns 35 mil pessoas nos jogos, a torcida me vaiava, toda vez que eu pegava na bola. Eu pegava na bola, a torcida me vaiava, parecia que eu era um vilão, mas eu sei que eu não sou. Minha consciência está tranquila, sei que ajudei o Botafogo, sei que me dediquei, sei que eu corri, joguei lesionado, fiz de tudo para ajudar, ajudei, infelizmente não ganhamos um título. Só me sinto um pouco culpado, porque a gente tinha chance, nós chegamos numa semifinal de Copa do Brasil e numas quartas de Libertadores, então a gente ficou próximo de ganhar um título. Fico frustrado por isso, mas sei que não fui o vilão, sei que ajudei, sei que corri, sei que eu briguei, consegui dar meu melhor ali pra ajudar o Botafogo – analisou Bruno Silva, que compreende o sentimento da torcida alvinegro.
– Eu torço, entendo o lado deles. Eles não queriam que eu saísse, eu era um dos destaques do clube. Eu nunca falei que era botafoguense, poderia ter na rede social hoje, que é uma força, uma potência rede social, fazer juras de amor, mas nunca fui disso, sempre torço calado, uma hora ou outra eu posto ali, postei vendo o jogo do Peñarol ali. Meu filho está virando botafoguense, ele não era botafoguense, mostro a ele gol meu, jogando pelo Botafogo, hoje ele fala que é botafoguense, sabe cantar música do Botafogo. Sou bem agradecido pelo Botafogo, não tenho raiva do torcedor, entendo a frustração, porque não queria que eu saísse, mas eu entendo muito bem – completou.