Caminho do Botafogo, ideias de John Textor e estilo preferido: Luís Castro abre o jogo em programa

Luís Castro, técnico do Botafogo, no "Bem, Amigos", do SporTV, em maio de 2022
Reprodução/SporTV

Convidado especial do “Bem, Amigos!“, do “SporTV“, nesta segunda-feira (2/5), Luís Castro falou com propriedade sobre diversos assuntos e mostrou alto nível nas respostas. O técnico do Botafogo explicou como foi a conversa inicial com John Textor, coproprietário da SAF do Glorioso, seu estilo de jogo preferido e comentou outros temas abordados no programa.

Leia abaixo os principais pontos:

O novo Botafogo

Claramente quem tem que definir o caminho é o Botafogo. Nós treinadores temos que nos associar ao caminho. O Botafogo vai crescer com Luís Castro, sem, com Renato ou com Cuca, qualquer um deles, vai ser o caminho que o clube decidir. É um projeto claro para caminhar. Por isso falo na obrigatoriedade de ter organização forte no clube. Ao não ter organização, os jogadores não sentem o peso, podem fazer o que querem, assim como treinadores. Tem que fazer parte do dia a dia. Por isso falo muito do conceito família, porque geralmente as boas famílias estão sintonizadas em função da sua identidade. A do Botafogo faz parte da sua história. Quem quer caminhar sem olhar sua história o passo não é bem dado.

Melhorias

– Há um conjunto de ações que estão a ser tomadas no clube que vão ser muito benéficas no futuro. Compartimentar juntamente com os departamentos. O departamento técnico é servido da melhor forma pelos outros departamentos. Não estamos nas condições ideais, estamos a construir a casa, não temos o melhor centro de treinamentos. Talvez sejamos uma equipe diferente na próxima janela. Há um conjunto de coisas crescendo enquanto vamos caminhando. Mas pensar que vamos passar do 8 para 80 em três meses, vender coisas fantásticas, ser campeão do mundo ou do universo, não estamos vendendo ilusões. Sou muito consciente do dia a dia. Não somos uma equipe estável, somos uma equipe em construção, o que está sempre a perigo de algo que aconteça. O que me transmite confiança é a atitude dos jogadores e da torcida, estão a dar tudo para dar certo. Quando isso acontece, normalmente as coisas saem bem. Tenho confiança que sairão bem.

Ideias de John Textor

– Ele quer claramente ter uma equipe vitoriosa, de sucesso, que seja, o modelo de negócios no futebol é muito claro, fazer jogador na sua academia, tirar o máximo e rentabilizar. Outra forma é contratar bem, fazer render e depois negociar. Parecido com uma fábrica. Está associado à dinâmica do futebol. O mais difícil é fazer isso ganhando título para os clubes, é o que fazem os melhores do mundo. Isso faz parte claramente do John Textor, do futuro a médio e longo prazo.

Futebol no Brasil

– Sinto um jogo bem competitivo, com bons jogadores e treinadores. Acho as equipes tão competentes, que temos incerteza dos resultados. É difícil apontar candidatos, porque são jogos muito apertados. É nesse cenário que John Textor vai ter que fazer crescer o clube, em contexto de muito aperto. Vai ter que se munir de planteis bons e estrutura.

Estilo que gosta

A cara que quero dar é a forma que penso de jogo ofensivo, defensivo e transições. Gosto de jogo apoiado, para ganhar espaços, atrás da linha adversária, chegar junto à frente, com jogo triangulado, com muitos homens chegando, ter reação fora da bola, não ganhando, ter bloco médio alto para recuperar. O ato de defender é mais difícil do que atacar. Quando estamos à mercê do outro, temos que ter mais imaginação. Quando temos a bola, em dois toques podemos chegar ao gol, sem a bola precisamos ter harmonia para defender. Claramente minhas batidas do coração são mais fortes quando não tenho a bola do que quando tenho, os adversários querem entrar na nossa equipe. No momento ofensivo basta um ou dois jogadores para fazer gol, na defesa precisamos dos 11. Quero um jogo estético, para ser agradável ao público e podermos vender o futebol. E que todos participem.

Técnicos portugueses

– Minha opinião é que não faço diferenciação de treinadores portugueses, brasileiros, espanhóis, holandeses, todos têm qualidade, olham de forma competente, têm sua metodologia, não há certa ou errada, desde que coerente. É cedo para sabermos se no caos conseguimos resultados. Um jogo organizado permite mais a grandes talentos se expressarem do que no meio de caos. Liberta espaço para nós jogarmos, porque se não formos, os espaços se reduzem e não conseguimos jogar. Há um ponto de virada com José Mourinho e como consegue ser campeão europeu com Porto, depois campeão com Inter e ir bem na Espanha. As coisas acontecem pelo método, por como organiza a equipe, parte defensiva, ofensiva, com muito rigor. Temos que nos guiar pelas referências mais positivas, é o que acontece. Nasce um conjunto de treinadores que, com ideais diferentes, tem organização e forma exigente de estar em treinos e jogos. O jogo tem que ser espelho da organização da semana. (Mourinho) Foi uma fonte de inspiração, como outros, que são exemplos de treinadores e seres humanos. Técnico é espelho do elenco e um líder.

Pênaltis no Brasil por braço aberto

– Tem que se ter conhecimento muito profundo de biodinâmica, como corpo saltar sem abrir um pouco o braço. O futebol tem que adotar as regras e temos que seguir. Quando são iguais para todos, estou de acordo. Um dos grandes problemas é que há gente que se acha doutor porque vive do lado do hospital. E outros que acham que entendem de futebol porque estão ao lado do futebol. Que é agregador, mas tem que ser na verdadeira medida e peso que cada um tem. Muitas vezes são decisões não corretas. Deveriam ser mais ouvidos os agentes que estão há mais tempo no futebol. Uma das coisas que confundem é como vender futebol com gramados sem qualidade e sem organização. Se é vendido para milhões, tem que feito da melhor forma.

Importância do volante

– É uma luz. É a placa giratória, liga o corredor central a todos os outros. É o pirilampo da equipe. Olho o volante no momento ofensivo e defensivo. O jogo é global. Se tiver um só para defender, terei um a menos na parte ofensiva, o que é fatal. Se tem jogador só com uma função, é porque foi mal formado pelas academias.

‘Prazo de validade’ no Brasil

– Tenho consciência que a lei do futebol é a lei do resultado. Uma coisa me deixa espantado, o treinador trabalha e quando descobre as causas para não dar certo, às vezes de dentro dos clubes, normalmente sai. Aí vem outro, o processo volta e quando descobre sai. Quando quer resolver. Muitas vezes o problema não está no treinador. Eu felizmente, se for, vai ser a primeira vez despedido. Nunca fui na minha carreira. A dinâmica do futebol brasileiro é de pouca paciência com o treinador. Temos que entrar na dinâmica, se tiver que acontecer… Não é preciso ninguém me pressionar por resultados, eu mesmo me pressiono, sobre treinos, jogos e resultados.

Prioridades no Botafogo

– Fundamental uma academia (base), o espaço físico, associar mais treinadores com talento, um diretor-técnico, o treinador da equipe ter os olhos na formação através do diretor-técnico, uma comunicação limpa. Claramente minha prioridade tem sido no time, mas há várias coisas a serem feitas na área de formação.

Jogadores brasileiros

– São jogadores de grande qualidade. A forma como recebem, passam, entram nos espaços, fiquei muito surpreendido. As pessoas não imaginam a qualidade e a intensidade do futebol brasileiro. É um jogo muito emotivo, com lado emocional presente. Quando se sobrepõe muito, torna o jogo emotivo e não tem bem jogado. É a forma, são apaixonados pelo jogo. Ontem o jogo foi mais emocional. Devíamos ter tido mais tempo a bola no momento ofensivo, não escolhemos os melhores caminhos para a baliza, jogadores sabem que nos precipitamos, eles têm qualidade para fazer. O jogo é competitivo também pelo lado emocional, temos que dar racionalidade, é o nosso desafio.

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Fonte: Redação FogãoNET e SporTV

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