O Botafogo alimenta suas esperanças na transformação em SAF, com venda dos ativos para o empresário americano John Textor. Porém, ainda deve tratar a situação com cautela. É o que acredita o ex-zagueiro Wilson Gottardo, campeão brasileiro em 1995 no clube.
– Não é uma situação confortável, tem muita coisa ainda para acontecer. Eu conheço um pouco da pessoa do presidente do Botafogo (Durcesio Mello), um cara muito bacana, muito sério. Ele tem ótima intenção e humildade ao saber delegar. Tem lá o CEO, que é o Jorge Braga, tem o diretor de futebol (Eduardo Freeland) e tem mais os vice-presidentes. É um trabalho feito a muitas mãos. Porém, você precisa do óleo para lubrificar essa engrenagem e isso se chama dinheiro. Para fazer a captação disso aí, você tem que estar sempre bem colocado, disputando títulos e produzindo talentos na base, e saber vender bem – declarou Gottardo, em entrevista ao “UOL”.
Ele evitou comparar o caminho do Botafogo ao de Palmeiras, Atlético-MG e Flamengo.
– Aí você começa novamente a encher o seu cofre, gastando ainda muito pouco e com muita qualidade. É preciso ter sustentação, tem que ter muito mais do que só organização estrutural, você tem que ter um elenco extenso, forte, que uma peça quando for substituída não perca muito de rendimento. O Botafogo tem que estar muito atento. Achar que já está bom será o maior inimigo – explicou.
Para Gottardo, o Botafogo precisará ter pés no chão e ser transparente com a torcida acerca dos objetivos para a temporada.
– São decisões que tem que acontecer sem influência externa. Posso citar como exemplo o ex-presidente do Flamengo, o (Eduardo) Bandeira (de Mello). Ele falou: ‘ó, vamos ficar anos sem conquistar nada’. Por sorte, nessa caminhada conquistou uma Copa do Brasil. Era só você observar os comentários dos torcedores. Os caras detestavam o Bandeira por causa disso, eles não querem saber de dívidas, eles querem saber de títulos, e não é certo isso. O Botafogo está no caminho certo e a torcida tem que entender que não é tão simples assim. O discurso tem que ser mantido: ‘olha, não vai ser fácil, o ano vai ser assim, as rédeas estão puxadas, estão curtas, vamos tentar investir, vamos tentar promover mais a garotada da base, lapidar mais esses garotos que eles não estão prontos ainda” – opinou.
– É tentar ir mais longe possível na Copa do Brasil porque paga bem. O Botafogo vai entrar na terceira fase da Copa do Brasil, quase faturando R$ 2 milhões. Agora, o torcedor racional pensar assim eu acho difícil, mas o discurso tem que ser dito, tem que falar e tem que ser duro no falar. Você quer o Botafogo acabe daqui a cinco, seis, dez anos ou você quer o Botafogo maior daqui nesse tempo exatamente? O Botafogo é muito querido lá fora, tem a imagem do Garrincha, Nilton Santos, muita coisa ainda atrai ao Botafogo, chama atenção – completou.