A entrevista de John Textor ao “GE” neste domingo foi o tema que dominou o debate do programa “Redação SporTV” desta segunda-feira, e dois pontos de vista chamaram a atenção. A jornalista e apresentadora Bárbara Coelho considerou o discurso do investidor do Botafogo muito amplo, enquanto o repórter Rodrigo Capelo, especialista em negócios do esporte, defendeu a empolgação do torcedor alvinegro.
Na opinião de Bárbara Coelho, John Textor terá um choque de realidade com o modus operandi do futebol brasileiro, encontrará dificuldades e terá de lidar com as expectativas do torcedor.
– Acho muito interessante o que ele coloca, mas por enquanto achei tudo muito amplo. Quando chega aqui, ele vai enxergar a realidade. O futebol brasileiro é muito sensível por causa da pressão da torcida. Quando chega um cara como esse existe um símbolo de salvação, e isso me preocupa. Sem querer jogar um balde de água fria, acho que o Textor vai ter mais trabalho do que imagina, porque vai começar e se acostumar com a realidade a partir de agora. O torcedor já enxerga que ele vai colocar o Botafogo num patamar diferente, e isso me preocupa. Espero que ele tenha paciência, porque adoro esse movimento, é um movimento muito interessante no nosso futebol – frisou Bárbara, que completou:
– Ele está falando de uma coisa grande, para frente, e não sei até que ponto o futebol brasileiro comporta isso. É meu sonho que dê certo, que seja o primeiro de muitos, mas acho que daqui para frente tem que existir um discurso aliado à realidade dentro de campo, se não pode ter dificuldade de se relacionar com o torcedor.
Especialista em negócios e já imerso no tema há algum tempo, Capelo fez o papel mais romântico e disse que o torcedor alvinegro tem todos os motivos para se animar, visto o cenário caótico no qual o clube se encontrava até o começo do ano passado, com o time rebaixado, sem perspectivas e mergulhado em dívidas.
– O Botafogo foi rebaixado em 2020 num estado de absoluto amadorismo, com um mecenas, o Montenegro, dizendo que fazia um grande favor porque comprova bolas para os jogadores treinarem e queria entrar para ele mesmo ser o técnico, porque entendia de futebol. Vimos o Botafogo entrar numa bancarrota que parecia ser irreversível. Nesse comecinho de 2022, o torcedor do Botafogo tem todo o motivo para ficar esperançoso, porque não estamos mais ouvindo Montenegro, Carlos Eduardo Pereira, Mufarrej… Estamos ouvindo o John Textor que chega com R$ 350 milhões para a SAF e mais R$ 50 milhões para a associação resolver as dívidas. Por enquanto, comemore, torcedor! – disse Capelo.
– O Textor não vai comprar o Botafogo para ser um mero satélite, o clube colocou algumas travas. O Bragantino gastou R$ 100 milhões em contratações no primeiro ano e vimos que funcionou. O Botafogo não é um clube que vai subir para competir já com Flamengo, Palmeiras, Atlético-MG e seus mecenas… O negócio não tem esse porte ainda, pode ser que aconteça daqui a cinco, dez anos. Mas certamente será uma situação melhor do que a que o Botafogo estava até então, por isso o torcedor tem que ficar feliz e esperançoso – concluiu o jornalista.