Presidente da CBF, Samir Xaud falou sobre os avanços no tema fair play financeiro no futebol brasileiro, com reuniões com os clubes, em longa entrevista ao videocast “Toca e Passa“, do jornal “O Globo”. O dirigente quer que investimentos sejam feitos de acordo com a receita e ressalta que o projeto é de médio a longo prazo, citando que na Europa demorou dez anos para ser implementado.
– Na verdade, o fair play financeiro se faz necessário, é um dos pilares dos nossos objetivos aqui à frente da instituição. O que nós queremos é achar um meio de autossustentabilidade do futebol brasileiro, dos clubes, e não é um mecanismo de punir os clubes e nem de limitar recebimento de investimento, que isso fique bem claro. Mas, resumindo, é aquele ponto, você só pode gastar o que você recebe, nada mais do que isso. A gente deu o kick-off na semana passada, do fair play financeiro, fizemos questão de fazer isso em conjunto com clubes, federações, todos os envolvidos, tivemos uma adesão muito grande, os 20 clubes da Série A, mais 14 clubes da Série B, e mais 14 federações. Tivemos adesão muito grande a respeito deles. Trouxemos players do mercado importantíssimos nessa discussão, então a gente precisava tirar isso do papel. A gente viu outros momentos que isso não aconteceu e a gente falou, cara, é um processo que precisa de um tempo, nós precisamos achar o modelo ideal para o futebol brasileiro, e começamos essas discussões para um projeto a médio e longo prazo, a gente dar tempo para os clubes se adaptarem. Dentro dessa primeira reunião, nós predeterminamos aí 90 dias para que dentro dessas conversas, dessas reuniões que fossem feitas em cima do debate, trouxéssemos o melhor modelo, para que a partir daí definido o melhor modelo para o futebol brasileiro, a gente começasse um período de transição e de adequação para os clubes – explicou.
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Saldo da reunião
– Saldo muito positivo, nós saímos muito satisfeitos da reunião, até pelos debates que tiveram. Foi o início de debate, os clubes saíram satisfeitos por essa iniciativa que a CBF teve, então a gente acredita que tem tudo para caminhar num caminho muito bom para que logo logo a gente esteja implantando e implementando o fair play financeiro para o futebol brasileiro.
Já há algum modelo ideal?
– Não, ainda não, foi o primeiro debate mais abrangente, nós tivemos aí o palestrante da UEFA, que mostrou para a gente o modelo já realizado fora e o que nós vamos ver é vários tipos de modelo de fair play financeiro. Nós vamos tentar achar o melhor, o mais adequado para a nossa realidade aqui do futebol brasileiro. Escutar todos, nós colocarmos na mesa todos os modelos que já são implementados mundo afora, e a partir desses modelos a gente moldar um modelo próprio para o futebol brasileiro. Essa semana nós teremos a segunda reunião também do fair play e a gente acredita que a gente vai achar o melhor meio para se implantar no futebol brasileiro.
Prazo
– Na verdade, os 90 dias são para apresentar uma proposta mais adequada para o futebol, certo? E dentro dessa discussão a gente colocar uma data para ser implementado. Foi implementado o fair play financeiro, a partir dali a gente tem um cronograma todo a ser seguido, que aí vai a questão de adaptação dos clubes etc. Na Europa, quando se implantou, se implantou com mais de 10 anos, então é lógico. A gente tem que ir adequando, saber o que vai ter de barreira ou não, de penalidade ou não, então isso vai ser discutido em grupo, em conjunto, até a gente achar a melhor forma para estar implementando. Então é um processo, a gente primeiro molda o que nós queremos, qual é o melhor plano para o futebol brasileiro e a partir dali a gente vai fazer um processo de transição e implementação do fair play financeiro.