Promessa de grande centroavante, Luís Henrique não confirmou a expectativa. Hoje com 26 anos, o jogador está no Livorno, da quarta divisão italiana, clube com o qual tem contrato até o fim de junho de 2024 e está em negociação para renovar. Um dos motivos para a carreira não ter decolado está no início no Botafogo.
Artilheiro no sub-17, Luís Henrique foi promovido em 2015, fez alguns gols, mas acabou não renovando e saindo de maneira conturbada. Ele acertou com o Athletico-PR, não se firmou e hoje roda por times alternativos pelo mundo.
– Quando subo para o profissional do Botafogo, em junho de 2015, subo em uma segunda e na sexta estou estreando. Foi uma diferença de realidade bizarra, de segunda estar no sub-17, jogava sempre, era titular absoluto. Saio do sub-17 que não tem pressão de torcida para treinar quatro dias com profissional e estrear com Engenhão lotado, fazer dois gols, mudando minha história no futebol, me apresentando. Mudou minha carreira da água para o vinho em quatro dias. É um baque para um moleque de 17 anos. Não renovamos o tempo de contrato, o clube agilizou para aumentar salário e multa rescisória, o contrato era até o meio de 2017. Acho que esse tenha sido o começo do erro. Se renovasse o tempo de contrato, não teria os problemas que tivemos. Aumentou salário e multa, fiquei o resto da temporada, ficamos no impasse da renovação. O clube não tinha o projeto que eu achava que seria ideal para mim, acabamos optando por ir para o projeto do Athletico-PR, que na minha cabeça era muito melhor. Tudo bem que se botar na balança que o Botafogo de hoje não é o daquela época internamente é outro ponto. Foi um erro meio a meio, meu por não ter maturidade e paciência de entender que já estava no Botafogo, clube grande, com torcida, que me daria tudo o que eu precisava. Camisa forte, clube que me criou. Não tive essa calma e paciência de analisar tranquilo essa parte – admitiu Luís Henrique, ao canal “Resenha com TF“.
O jogador contou a saída não foi por questões financeiras.
– Se eu falar que fui para ganhar menos você vai acreditar? Menos do que o Botafogo estava me proporcionando. Foi o que aconteceu. Fui com contrato menor. O Botafogo me ofereceu contrato de três anos na época, aumentando todo ano. O Athletico me ofereceu contrato de dois com mesmo salário. Nem esse quesito bate. Quem dera fosse para ganhar quatro, cinco vezes mais que no Botafogo, eu estaria cagando para quem estivesse falando. Mas não, fui pelo projeto, achei que seria o ideal naquele momento para mim – explicou.
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Críticas do então presidente Carlos Eduardo Pereira
– Eu tinha um bom relacionamento com o presidente e o vice da época, que não era dos mais entendedores de futebol, mas eu tinha uma boa relação de parceria. Sempre conversamos de forma honesta. Quando acontece isso tudo, acabo saindo de graça, ele (CEP) solta nota infeliz, que estou saindo por dinheiro, que minha mãe criou situação. Nada disso aconteceu. Uma nota infeliz de um cara que se sentiu ofendido por aquela situação, justamente por termos relação boa e tudo ter acontecido como aconteceu. Ele se sentiu no dever de fazer minha caveira para a torcida, para jogar a torcida contra. Acabou que as pessoas pegam no pé. Durante dois ou três anos foi bastante, na rede social, de falarem que tomei decisão errada, que a minha mãe tomou decisão por mim etc. O pessoal achava que minha mãe tomava as decisões por mim, quando não era, ela me blindava, fazia as coisas extracampo e eu tomava as decisões. Apesar de ser novo, eu já tinha cabeça bem formada para a minha idade, tomava todas as minhas decisões.
Conselhos que daria a si próprio com a cabeça de hoje
– Eu trocaria uma ideia no sentido de tranquilidade. Logo que saio de jogo, já estava 4 ou 5 a 0, René Simões me chama no canto e fala “garoto, a vida é uma roda gigante. Hoje em dia você está aqui em cima, mas ela gira. É um processo”. Minha carreira sempre foi assim. A vida de todo mundo é uma roda gigante. Nem tudo é bom para sempre, mas nem tudo é ruim para sempre. Eu acreditaria mais nisso. Com 17 anos você pensa que é papo de treinador ou de coach. Mas é a realidade. Eu teria mais tranquilidade, mais paciência. Analisaria melhor, com mais calma de chegar e falar estou bem, estou tranquilo, no Rio, adaptado à cidade e ao clube, então ficaria. Preferiria do que ter que fazer toda uma mudança e conquistar confiança de novo.
Volta ao Botafogo no futuro?
– Ainda digo que em algum momento, de alguma forma, ainda volto a me relacionar com o Botafogo. Seja em campo ou fora. Sempre tive um aporte com o clube muito bom. Foi o clube que mudou minha história. Depois que atleta vira profissional não torce mais para time, mas o Botafogo mudou minha história profissional. Se não estreio fazendo o que fiz, minha carreira seria outra, estaria jogando na várzea hoje em dia. O Botafogo me lançou e mudou minha história, tenho carinho gigante. Mas futebol é profissional, temos que saber separar o lado emocional.