Chay está com uma lesão parcial nos ligamentos do tornozelo direito. Mas isso não apaga o grande ano que vive, com destaque na Portuguesa-RJ e brilho no Botafogo. Antes de se machucar, o meia deu entrevista ao quadro “Além da Bola”, da “ESPN Brasil”, que divulgado na última terça-feira.
O jogador repassou sua trajetória ‘doída’ na vida e no futebol, contou causos, exaltou o Botafogo e se disse orgulhoso de si próprio.
Leia abaixo alguns dos trechos:
Fazer tatuagem de 2021?
– Está sendo um ano maravilhoso para mim e para a minha carreira. Feliz demais. A ideia não é ruim não, se terminar como a gente quer, de repente a tatuagem sai.
Origem do nome Chayene
– É bem diferente, marca, não dá para esquecer, tanto para o bom quanto para o ruim. Minha mãe assistia muito filme de faroeste, gostou da história do Chayene, uma tribo americana, e se apaixonou pela história do rapaz. Homenageou ele e resolveu me presentear. O nome da tribo significa povo belo. Sabia que eu era bonito, ninguém acreditava (risos).
Ida para a Tailândia
– Foi uma surpresa para mim também. País que eu nunca tinha ouvido falar como era o futebol lá, tinha um preparador físico meu no Bonsucesso, que foi para Mianmar, através do gerente de futebol do clube, que queria um jovem brasileiro. Ele lembrou de mim. Nunca tinha andado de avião, não falava inglês, cheguei na França e me prenderam porque fiquei deitado no banco e não sabia para onde ia. Fui fazer escala em Paris, deitei no banquinho e dormi. A polícia lá me cutucou, falou inglês e francês, eu não entendi, até que chegou alguém falando em espanhol. Perguntaram para onde eu ia, me interrogaram, falei que estava indo jogar futebol na Tailândia, aí já falaram Pelé, Ronaldo, esses caras me salvaram.
– Antes da alimentação, eu tinha problema com a pimenta. Ia no restaurante e falava que não queria, eles botavam um pouquinho. Queria sem mesmo, zero, passava umas duas horas no restaurante para comer.
Perrengues na carreira
– A do Rio Branco, do Acre, para mim, é a melhor. No Mogi Mirim fui guerreiro, foram três meses. Por isso que quando falam mal de mim dou uma estressada. Para chegar aqui foi doído o negócio. No Mogi eu morava debaixo da arquibancada, eram quatro pessoas no quarto, duas beliches, uma TV de tubo de 14 polegadas, internet não funcionava. Tem um McDonald’s na esquina, a gente ia lá, comprava uma casquinha, casquinha derretia, baixava as séries para ver no telefone. Pegava a internet de lá. Foi doído.
– No Rio Branco foi a coisa mais bisonha. Já foi doído o trajeto, 20 horas de aeroporto e avião. Cheguei uma hora da manhã, me deixaram no alojamento, um prédio do lado do estádio, dois quartos, quatro jogadores por apartamento. Começou a chover, às 4h deu vontade de ir no banheiro, quando boto o pé no chão estava cheio d’água. Perguntei “meu irmão, que que estou fazendo aqui?” Falaram que não foi a chuva, estourou um cano. Dia depois começou a chover, eu olhava para o Rafael, não vamos dormir não.
Carioca ou alagoano?
– Eu nasci em Maceió, Alagoas, sou alagoano. Como vim muito novo para cá, as pessoas não conseguem entender direito. Vim com três anos. Fui voltar em Alagoas agora nos jogos contra CRB e CSA, até então nunca tinha voltado. Fui rever minhas tias e irmãos lá agora. Me considero carioca alagoano.
Fut7
– Não foi só sofrência, teve momentos bons também. Fui para brincar, não sabia jogar a modalidade. Joguei três dias, estava bem fisicamente. Quem vai do campo para o Fut7 tem vantagem na força, porque geralmente são salonistas lá, jogadores de futebol de salão. Era uma das vantagens que eu tinha, jogava no último terço, balançava a bola e falavam vai para dentro. Eu adorava, pegava e ia para o mano. Foi dando certo.
“Jogador caro”
– Recebi umas camisas aí, quando vi “jogador caro”, falei “vou me valorizar agora”. Vestiu bem, cheguei ao estádio, quem encontro? Rafael Moura. Já tinha tirado a camisa, ele pediu para colocar de novo porque ele ia gravar. Faz isso não. Estou valendo uma mariola, estou caro onde (risos).
Rafael
– Não chama o homem de lateral mais não, agora ele é extremo. A apresentação dele foi mixuruca, falei para ele está chegando com Cristiano Ronaldo, de malinha e mochila, chegou no Manchester United. Falei “vira a chave, aqui é Fogão, Rio de Janeiro, geral de mochila e chinelo, esquece terno”. Chamo ele de Rafael do euro.
DJ Rafael Moura
– Rafael Moura é o DJ. Começou bem, veio com um lado retrô, funk, mas ultimamente ele está quebrando. Largou de ser o Alok, está virando sei lá quem. Está deixando cair. Ele vem preparado, tem a playlist dele, mas está deixando a desejar. Precisa dar uma atualizada.
Dancinhas nos gols
– Futebol é resenha né. Dançar a gente não sabe, mas a gente tenta. O Navarro é o parceiro da dança. Acompanhamos muito o TikTok, tentamos, mas é complicado. Agora temos um coreógrafo que é o Gordin do TikTok.
Realização
– Hoje me sinto um cara extremamente realizado. Tenho muito coisa pela frente, se Deus quiser. Extremamente orgulhoso, porque foi difícil o caminho. Hoje posso estar contando histórias, momentos tristes que se tornam engraçados. Sou um cara extremamente orgulhoso de mim. Sou esse cara aí, resenha, divertido, estou feliz demais de estar nesse momento de reconstrução da história do Botafogo e de poder participar disso.