O Conselho Fiscal do Botafogo emitiu carta esta semana em que citou o vice-presidente geral e financeiro Vinicius Assumpção e praticamente o culpou pela origem de toda a discussão política da semana, que teve rejeição de balanço do clube social, vazamento de informações e duras críticas de John Textor e Thairo Arruda, da SAF, ao órgão. O dirigente se defendeu e deu sua versão neste domingo, em entrevista à Rádio Tupi.
Vinicius Assumpção opinou que a carta foi política (o Conselho Fiscal diz que foi “técnica e responsável”), negou ter participação de outras gestões e pediu união no Botafogo.
– Agradeço pela oportunidade de esclarecer essa carta política do Conselho Fiscal. Queria estar aqui falando da liderança, do momento positivo que estamos vivendo em diversas áreas do clube, mas infelizmente preciso dar alguns esclarecimentos sobre essa carta da maioria do Conselho Fiscal, que na minha avaliação foi muito mais política do que técnica. Me coloca na sua essência como se eu fosse o responsável por toda essa crise colocada, quando na verdade fiz um texto em grupo de WhatsApp fechado, infelizmente manifestei minha indignação e sou vice-presidente geral e financeiro. Pegamos eu e Durcesio Mello o clube com mais de R$ 1 bilhão de dívida, com penhoras, sedes destroçadas, só de pagamento de juros eram mais de R$ 40 milhões por ano. Conseguimos em dois anos e meio fazer tudo isso que todo mundo está vendo, SAF, evolução no futebol, clube social mudando radicalmente. Houve mistura nos debates das contas com a SAF, houve vazamento de documentos confidenciais, partiu de uma indignação minha de contas, que botei em um grupo fechado. O Conselho Fiscal ignora inclusive uma segunda nota minha, onde coloco esclarecimento, que não houve essa intenção e chamo a unidade do clube, porque temos que buscar a unidade dos poderes – explicou.
– Vivemos momento positivo, temos que formar junto com a SAF. A carta diz que participei de diversas gestões do clube. Mas nunca participei. Apenas de chapas do Conselho Deliberativo, que é um órgão independente da gestão. Ajudei na administração do Bebeto de Freitas, mas sem ter cargo. Essa atual é a primeira vez que participo de gestão, ao lado do Durcesio Mello. Queríamos separar o futebol, buscar investidor, temos conseguido nesse sentido. A carta dá as mesmas ressalvas pelas quais o presidente do Conselho Fiscal aprova as contas. Fala do Estádio Nilton Santos, esportes olímpicos, pagamentos de profissionais. Na verdade, quero ocupar esse espaço para chamar todos para dialogar, sou o cara que busca o tempo todo o diálogo interno. Assim que fizemos a gestão inteira. Tem falhas, uma gestão não iria deixar de ter falhas diante de um caos que encontramos no Botafogo. Mas tivemos capacidade de gerir o clube e implementar processo profissional que tem mudado a história do clube. Quero dialogar com todos os conselheiros, não tem lado de bonzinho e mau. O clube social tem 10%, tem que dialogar com a SAF. Quero usar o espaço para chamar todos para o diálogo. A grande maioria quer a rejeição por essas três ressalvas, que não vejo embasamento técnico. Não tem razão para as contas, que estão superavitárias depois de mais décadas, serem rejeitadas. Dia 26 tem reunião do Conselho Deliberativo, espero que ocorra na maior tranquilidade possível e que possamos aprovar essas contas e seguir na transformação, com ambiente mais tranquilo e saudável. Tenho confiança na maturidade do Conselho Deliberativo, que já a teve ao discutir a SAF e acordo de acionistas. Não tenho dúvida que vamos fazer boa reunião e aprovar as contas – opinou Vinicius Assumpção.
Leia outras respostas:
– Criamos a SAF, claro que foi com o coração doído para todo mundo, mas era a única opção para profissionalizar o futebol. O Botafogo estava enterrado em dívidas, na Segunda Divisão, sem poder de investimento. A SAF vem cumprindo seu papel, há coisas a serem ajustadas através de diálogo, mas ela vem fazendo o que todos esperávamos. Fazer investimento nesse momento não é só contratar, o Botafogo estava todo destroçado, tem que fazer reformas no Nilton Santos, a prova é o gramado sintético, CT, vestiários, toda a estrutura que precisa ser investida. A SAF vem fazendo com muita qualidade. Tenho certeza que muitas coisas boas ainda virão. O que temos que buscar é parceria entre clube social, esporte olímpico e achando melhores soluções para o futuro. Estou muito animado e otimista. Temos o investidor certo, a direção da SAF, com Thairo Arruda, tem feito belo trabalho, é construir cada vez mais essa relação madura que vai fazer tão bem para o Botafogo.
– Temos uma cláusula no acordo de acionistas que fala sobre o nível de endividamento. Mas o caminho que está sendo feito e os investimentos mostram o contrário, investimento em estrutura e financeiro em diversas áreas. Esse endividamento inicial é natural, o investimento precisou ser forte para ter resultados mais rápidos. Precisamos dialogar, procurar ver o que tem de zona cinzenta, o que falta a ser completado no acordo. Temos que ter maturidade para dar mais rapidez a essa evolução do futebol. Era natural e esperado o endividamento inicial, a SAF tem um ano e meio, é neném, muito nova. Mas acredito que em 2023 o nível de endividamento seja menor, apesar de todos os investimentos que precisam ser feitos.
– Faço um chamamento a todos os poderes do clube, que possamos dialogar, todos querem o bem do Botafogo. Que não deixemos a política interna sobressair sobre os interesses maiores do Botafogo, que possamos construir unidade interna nossa, façamos uma reunião tranquila dia 26, com muita serenidade, debatendo, com o Conselho Diretor esclarecendo dúvidas. E que possamos aprovar as contas para seguir no rumo de um Botafogo cada vez mais forte.
