Elogiado sobretudo em 2024, ano em que foi campeão brasileiro e da Libertadores, pela contratação de reforços, o Botafogo tem seus segredos na hora de buscar jogadores. Em entrevista ao “UOL”, John Textor contou alguns deles, como o scout e a colaboração entre clubes da Eagle Football Holdings.
– Alguém como Alessandro Brito olha para um jogador e vê um bom primeiro toque. Ele vê que seu corpo está bem posicionado. Ele vê que ele tem boa técnica na virada, levanta a cabeça, enxerga seus alvos, com nariz empinado em campo. É assim que um olheiro analisa um jogador, porque o Brito tem um olhar incrível, um conhecimento profundo de futebol. Enquanto eu encaro isso como uma questão de tempo. Não me importa se ele é o jogador mais inteligente ou o mais talentoso fisicamente. Eu me importo que ele receba, gire, distribua em menos tempo do que qualquer outro, com grande certeza estatística sobre a conclusão do passe e o resultado da jogada. Então, talvez ele olhe com os olhos dele e eu olhe com a matemática, e esses dois mundos se unem. O mestre do tempo costuma ser o melhor meio-campista. É isso que buscamos no Botafogo, e vemos isso com nossos próprios olhos, e vemos isso nos números. E esses mundos se unem e tomamos boas decisões com base nisso – explicou Textor.
– Mas o que também fazemos é confiar uns nos outros em nossos diferentes clubes, porque um par de olhos pode ser enganado. Outro par de olhos que olha para o mesmo jogador de uma perspectiva diferente. “Bem, sim, ele pode ser bom no Brasil, mas seria bom na França? Ele pode ser bom no Brasil, mas seria bom na Inglaterra?” Bem, se o cara no Brasil o ama, o cara na França o ama, o cara na Inglaterra o ama e o cara na Bélgica o ama, não tem como os quatro estarem errados. Isso não é possível, certo? Agora, se eles se reunirem e analisarem o jogador juntos com base no mesmo conjunto de variáveis, bem, todos os quatro podem estar errados, mas é muito baixa a probabilidade de que quatro perspectivas diferentes, com maneiras muito diferentes de olhar para um jogador em diferentes ambientes e diferentes necessidades, acreditem que este jogador é sólido e é muito improvável que todos estejam errados – ponderou.
Outro ponto importante para John Textor é o lado humano, do qual muitas vezes trata pessoalmente.
– Às vezes, tenho que recrutar o jogador. Às vezes, não escolho o jogador, mas importa quando o dono do clube ligará para a família, ou importa que eu tenha voado para a Espanha e ficado sentado na cozinha com o Luiz Henrique, como os fãs relataram, importa que eu conheça a noiva do Thiago Almada. Sabe, essas coisas são importantes e as pessoas esquecem disso no futebol. Muitos donos se esqueceram disso – concluiu.