Apesar de já autorizada por Ednaldo Rodrigues, o presidente eleito da CBF, a sonhada criação da Liga Independente dos Clubes patina. E por dois motivos: a inconveniência dos interesses de dois blocos e a pouca disposição de Flamengo e Corinthians em ver suas cotas reduzidas em nome da divisão equilibrada de receitas de transmissão dos jogos, sobretudo com relação ao dinheiro captado pelo Pay-Per-View (PPV).
Hoje, pode-se dizer que já há três grupos à mesa de negociação para a materialização da Liga: um, com os grandes de Rio, São Paulo, Minas e Rio Grande do Sul; o outro, denominado “Forte Futebol”, com Athletico e dez “emergentes” em ação na Série A; e o chamado subgrupo, só com Flamengo e Corinthians, que estão inseridos no primeiro, mas ainda não deram aval para a divisão de receitas proposta pela Codajas Sports Kapital.
A empresa, tendo à frente Flávio Zveiter e Ricardo Fortes, trabalha pela unificação dos clubes, com a promessa de uma Liga forte, bem estruturada e independente. Acena com investimentos que superam a de bilhão de reais, um calendário voltado aos interesses dos clubes e a geração de novas receitas. No modelo atual, a maior fatia vem das transmissões nas TVs Aberta, Fechada e PPV – fora direitos internacionais e placas de publicidade no campo.
O problema é que Athletico, América-MG, Atlético-GO, Avaí, Ceará, Coritiba, Cuiabá, Fortaleza, Juventude e Goiás não concordam com a atual forma de divisão das cotas de TV. E se juntaram para que a Liga não se deixe levar pelos interesses dos grandes. No mês passado, o “Forte Futebol” costurou apoio do Atlético-MG, que fará a interseção entre os blocos, na luta pela redução das diferenças no montante recebido.
No contrato que termina em 2024, a divisão do valor das transmissões nas TVs Aberta e Fechada distribui 40% igualitariamente, 30% com base na performance do clube e 30% com relação ao número de transmissões. No PPV, o dinheiro é dividido com base na audiência do “torcidômetro”. Na assinatura do contrato, em 2014, Flamengo e Corinthians exigiram um mínimo garantido, diferente dos demais. E este é o “X” da questão”.
Os emergentes alegam que há clubes recebendo, no todo, até R$ 160 milhões por ano, enquanto outros, como o Cuiabá, ganhando menos de R$ 2 milhões (cerca de 1,2%) e na mesma competição. O pedido é para que a diferença não seja quatro vezes maior entre o mais bem remunerado e o menos afortunado. Em princípio, o Flamengo é contra, ainda que a Liga ofereça compensações. O Corinthians fecha com os rubro-negros e o projeto trava no impasse.