O comentário curto e irônico de John Textor sobre o interesse do Palmeiras em contratar Júnior Santos, do Botafogo, noticiado pela ESPN, provocou diversos debates na imprensa nesta terça-feira (23/1). No programa “Seleção SporTV”, o comentarista Paulo Cesar Vasconcellos interpretou a atitude do empresário norte-americano como um recado ao torcedor alvinegro.
– Entendo que a declaração do Textor, tanto essa quanto da do Manafá de que o clube não seria desrespeitado, seja para o torcedor, não para o jornalista que olha de maneira mais sóbria. Para o torcedor, ele está querendo dizer que não é mais assim, ninguém chega e contrata. Já foi assim uma época. Hoje o Botafogo paga uma conta de anos e anos de péssimas administrações, que transformaram o clube em motivo de chacota, seguidamente humilhado. Diziam: “Ah, vou lá e tiro o jogador, os caras não tem nem sede, nem campo para treinar“ – disse PC.
– O que o Textor está querendo, de uma maneira bem brasileira, é dizer que nesse clube não é assim, você chega e leva o jogador. Aí é cenário de futebol brasileiro, bang-bang de futebol brasileiro, algo muito comum independente de modelo. Ele está comunicando com seu público. É assim que a coisa no futebol brasileiro funciona. Só ainda não encontrou o tom. Aqui Ele me parece que está conseguindo entender onde ele está e como são as coisas aqui, mas precisa descobrir o tom – completou.
Outro comentarista na mesa do programa, Conrado Santana disse apreciar o estilo Textor de se comunicar, mas não aprovou a atitude do norte-americano nesse episódio.
– Gosto dessa irreverência, mas não gostei dessa específica da questão do 11 contra 11. Ele basicamente fala que o Palmeiras ganhou roubado, mas o botafoguense viu o que aconteceu no campeonato. Você pode até achar que naquele jogo o Adryelson poderia não ter sido expulso, mas o torcedor viu todos os outros jogos depois daquilo e o que aconteceu. Não adianta ele ir no Twitter querer falar isso, é uma vergonha alheia, ele passou um recibão. Mas ele falar que não vão tirar jogador daqui assim, acho legal, porque você está mudando o Botafogo de patamar – disse.
Rodrigo Coutinho foi um pouco mais crítico.
– Eu acho importante esse discurso, mas a prática é ainda mais importante. Se fosse vender o Lucas Perri e o Adryelson para qualquer outro clube, os valores estariam abaixo do mercado. É claro que é importante para o dirigente se autoafirmar, se aproximar do torcedor, mas a prática do dia a dia muitas vezes fica em segundo plano – pontuou Coutinho.
