O discurso de John Textor de que o ano começa a partir do Campeonato Brasileiro, quando se iniciam as principais competições, não é bem visto na imprensa. Após a eliminação no Campeonato Carioca, o comentarista Rodrigo Coutinho criticou o planejamento do clube para o início da temporada.
– Eu acho importante a gente falar, porque o torcedor do Botafogo tem muito carinho e gratidão ao John Textor, pelo investimento que foi feito no clube do Botafogo quando o Textor chegou. Era um clube que estava na Série B do Campeonato Brasileiro, voltando ali para a Série A, sem perspectiva de ser competitivo, de disputar título grande, como a torcida necessitava há tanto tempo. Através do investimento, esse título chegou, esses títulos chegaram, com muita autoridade, com muita marca. O Botafogo no ano passado jogou com mais bola do que todo mundo, atropelou todo mundo, foi campeão brasileiro e da Libertadores com todos os méritos, com a final épica, perdendo jogador no primeiro segundo de jogo, basicamente, e sendo melhor que o adversário – iniciou Rodrigo Coutinho, no “Redação SporTV”.
– Agora, não dá para a gente passar pano e fechar o olho para o que está acontecendo nessa temporada no Botafogo. E assim, não é igual ao ano passado, eu fico bobo quando eu vejo até uns torcedores repetindo esse mantra como se fosse uma realidade. Não é igual ao ano passado, o Botafogo no ano passado tenta se planejar mais previamente, ele tenta organizar a casa previamente. O que a gente está vendo agora, é óbvio, houve tentativa no mercado de busca de treinador, mais de uma, mas já se sabia da saída do Artur Jorge na viagem de volta do Catar, em 11 de dezembro. A gente está no dia 24 de fevereiro, são dois meses e treze dias para arredondar. Não dá para você tratar um planejamento para uma temporada desse jeito, até porque a gente já falou algumas vezes aqui sobre isso. O Botafogo não está fazendo pré-temporada, não tem treinador, o elenco está demorando a ser montado, jogadores que chegaram, que têm que chegar para completar esse elenco ou para serem titulares estão demorando mais do que o normal. Então não dá para achar isso normal. Acho até que boa parte da torcida do Botafogo já parou de repetir esse discurso. E uma outra coisa que me incomoda muito, tem que aparecer na hora ruim também, nesse momento, dirigente que gosta de falar, que gosta de exaltar os méritos na hora boa, tem que aparecer pra dar explicação – cobrou.
O comentarista analisou ainda a derrota do Botafogo por 1 a 0 para o Vasco, no clássico realizado domingo, em São Januário.
– A história do jogo é o início do Botafogo tentando controlar, parecia que o Botafogo dominaria o Vasco em São Januário. O Vasco mal conseguia trocar passes, se aproximar da área do Botafogo. E, de repente, o Vasco assume a regência do jogo. Começa a finalizar, já faz o gol logo na sequência, no pênalti. O Botafogo, para mim, ontem, marcou muito mal, espaçado, sem pressão na bola. Com a bola, também, na parte ofensiva, já tinha ficado com essa sensação. O jogo contra o Racing é um time nitidamente, sem confiança, sem saber exatamente o que fazer para entrar na defesa adversária, sem encontrar as conexões com os jogadores – explicou.
– O Botafogo deixou de ser um time, né? A gente olha essa questão das pontas soltas, o que é isso? São problemas em todas as fases do jogo. Na fase defensiva, o time não pressiona a bola sem compactação. Na fase ofensiva, não consegue ter aproximação. Os movimentos são aleatórios. Não tem coordenação, não tem combinação de jogadas. As transições são mal feitas. Defensivamente, então, o Botafogo demora muito a reagir, a proteger o espaço de novo. A bola parada tem apresentado problemas também – concluiu.