A decisão do Botafogo de não levar muito a sério os primeiros meses da temporada 2025 foi apontada pelos comentaristas da “ESPN” como um dos causadores do momento ruim que vive o time, tanto na Libertadores quanto no Campeonato Brasileiro. O comentarista Gian Oddi classificou as atitudes de John Textor de deixar em segundo plano Supercopa do Brasil, Recopa Sul-Americana e Campeonato Carioca como “prepotentes” e “arrogantes“.
– A maneira prepotente como o próprio John Textor encarou tudo o que estava acontecendo acho que não foi positiva. Aquele desprezo pelas duas taças que o Botafogo disputou no começo da temporada… No fim das contas, o que foi tudo aquilo? Parecia que o Botafogo estava de braço cruzado, esperando começar o Campeonato Brasileiro, a fase de grupos da Libertadores, como quem diz: “Ano passado foi assim, a gente foi terrível na primeira fase e não mudou nada. Pode deixar que isso vai se repetir.” E não é sempre assim. É óbvio que não é sempre assim – disse Oddi no “Linha de Passe“.
– O Botafogo perde dois dos seus três melhores jogadores, isso obviamente faz diferença. Também perdeu reservas que eram importantes, ou que poderiam de repente ser úteis. Mas tudo bem, vamos até minimizar isso tudo. O problema acho que é a postura que o Botafogo teve. E aí verbalizado pelo John Textor, como quem diz: “Está tudo tranquilo. Porque já já a gente vai repetir aquilo que aconteceu no ano passado.” Até pode ser que aconteça, mas não é o mais provável, até pelo que a gente está vendo do futebol, que o Botafogo não consegue jogar. Aquela postura em relação ao início da temporada foi realmente bastante equivocada. Foi uma postura meio arrogante, meio prepotente, que não ajudou em nada o início desse temporada. O próprio elenco acaba sendo contaminado por essa postura – completou.
Gian Oddi lembrou também que o Botafogo só foi ter um treinador efetivo (Renato Paiva) antes de começar o Campeonato Brasileiro, ressaltando que Textor tentou contratar outros treinadores e recebeu diversas negativas, como por André Jardine, Roberto Mancini e a negociação frustrada com Vasco Matos.
– Não é que o Botafogo só anunciou o Renato Paiva tarde porque ele ficou de braço cruzado. Teve várias negativas. O Botafogo trabalhou para tentar trazer um, dois, três técnicos antes de definir pelo Renato Paiva. Mas se a resposta fosse mais na linha de estar trabalhando para tentar ganhar inclusive o Campeonato Estadual, a Supercopa, e não fosse “nada do que acontecer até abril interessa”, talvez o Botafogo estivesse em um outro estágio. Talvez o trabalho naquele período pré-Brasileiro, pré-início de Libertadores tivesse sido de um outro jeito, com uma outra perspectiva. Porque eu acho que aquilo ali que a gente ouviu foi quase que um “Pessoal, descansem, porque nada está valendo.”
Paulo Calçade, outro debatedor na mesa do programa, também criticou o fato do Botafogo ter ignorado os primeiros três meses de 2025, após a temporada histórica no ano anterior.
– Sabe o que eu acho que agrava essa situação? É que em 2024 era um grupo em formação, com dúvidas, vindo de um 2023 chocante, começando mal a fase de grupos… Aí o grupo conseguiu se consolidar de tal forma ao longo do ano que ganha Libertadores e Campeonato Brasileiro. Então você carrega esse grupo maduro, campeão, para 2025. A maneira como esse grupo passa a interagir com ele mesmo, com as competições, com a instituição Botafogo, com o torcedor é totalmente diferente, porque ele já é um grupo campeão. Aí você pega esse grupo campeão, continua com ambição, querendo ganhar títulos… E esses três meses são eliminados, como se não existissem. Se quem consegue trabalhar a partir de janeiro já vai sofrer, imagina quem começa em março? – questionou Calçade.