Gregore está de saída do Botafogo, a caminho do Al-Rayyan, do Catar. A torcida alvinegra, claro, lamenta a saída do volante, peça chave da equipe campeã brasileira e da Libertadores. No entanto, durante debate no programa “Seleção SporTV”, o comentarista Henrique Fernandes enxergou um outro lado, ressaltando mudanças na filosofia de jogo com o novo técnico Davide Ancelotti.
– Gregore é uma ausência do mesmo nível de Almada e Luiz Henrique em termos de importância para o time. É um pilar que o Botafogo perde. Não é um tipo de jogador simples de você fazer a reposição no curto prazo. Mas pode ser uma oportunidade. Acho que o Botafogo está construindo um time de mais posse de bola e, por mais que muita gente faça referência ao Gregore de ser um ladrão que rapidamente passa a bola adiante, não vejo tanto passe propositivo dele. Acho que pode ter um volante com uma característica diferente para agregar ao Marlon [Freitas] ali, e o Botafogo conseguir encontrar no mercado, porque não tem no elenco, um cara para melhorar o time. O Botafogo está trocando de treinador, com outras ideias, e pode procurar outro perfil de volante para tentar encaixar – analisou Henrique.
O comentarista ressaltou que as cifras, tanto para Gregore quanto para o próprio Botafogo, são muito altas. O Al-Rayyan está pagando o valor da multa rescisória, de US$ 7 milhões (R$ 39 milhões), num jogador de 31 anos.
– Eu teria vendido? Não. Teoricamente, o mais seguro para o Botafogo era manter essa peça, que está lá, adequada ao time, mas tem que entender o contexto. Era praticamente impossível essa negociação não sair. Primeiro, a multa foi paga. Depois, a oferta salarial é muito boa. Já está muito claro, para quem acompanha o Botafogo de perto, que Textor não embarreira sonho de jogador. Isso talvez seja um trunfo futuro para ele [Textor], para atrair jogadores. Sete milhões de dólares à vista para um volante de 31 anos é excelente. É difícil achar essa proposta, e o Botafogo só achou porque o Artur Jorge é o treinador e fez questão de levá-lo. Eu peguei até as transferências recentes do Catar, raramente eles pagam isso para um jogador de defesa. As compras mais caras deles eram Róger Guedes, Nilmar, James Rodríguez… Jogadores diferentes, tudo na casa de € 10 milhões. O cara quase chegou nisso! É uma vendaça, como foi a do Júnior Santos – lembrou Henrique Fernandes.
Papel de liderança
Outro comentarista na mesa, Rodrigo Coutinho ressaltou o papel de liderança que Gregore tinha no elenco do Botafogo, algo destacado pelas pessoas que trabalham no clube.
– Tive a oportunidade de conversar com algumas pessoas do Botafogo, e várias me relataram a questão do comportamento dele para o time. De como ele era um cara muito de cobrar os companheiros, cobrar a melhoria dele e dos companheiros, e a relação com diretoria, comissões técnicas… Como era um líder nesse sentido. Isso foi algo buscado pelo Botafogo no mercado, de 2023 para 2024, porque o diagnóstico interno da perda do título de 2023 era de que faltava esse jogador com autocrítica. Esse cara que na hora em que a vaca estava indo para o brejo ia dar um grito, ia chegar, cobrar, apontar os erros, fazer com que os jogadores mudassem a atitude dentro de um jogo ou de um jogo paro o outro – afirmou Coutinho.