Renato Paiva explicou em entrevista coletiva após a vitória do Botafogo por 3 a 2 sobre o Estudiantes, nesta quarta-feira, pela Libertadores, que membros de sua comissão técnica haviam sugerido a substituição de Artur, por conta de dados físicos. O técnico optou por manter o atacante, que fez o golaço da vitória alvinegra.
No programa “SporTV News”, os comentaristas elogiaram a atitude de Renato Paiva.
– Esse momento me parece significativo para o que a gente vive no futebol hoje. Um técnico que prioriza mais a necessidade de resultado, ele precisava ganhar o jogo. Eu não vou tirar o meu melhor jogador. Ah, mas ele pode estourar. Pode estourar. Não é garantido que se ele jogar mais dez minutos, mais 15 minutos, ele vai estourar. O que eu tenho, também não se tem certeza, mas que se tem a percepção, é que ele está muito bem no jogo e que ele pode resolver o problema porque ele é muito bom. Então, eu não vou tirar um jogador talentoso precisando ganhar o jogo porque, eventualmente, olha, tem uma conta aqui, tem um exame que mostra que mais 10 minutos pode ser que… E se acontecer e eu ganhar o jogo, dependendo do que aconteceu, depois eu soluciono. Porque se eu não ganhar o jogo, eu fico numa situação bastante difícil. Eu tenho que manter meus melhores jogadores em campo, mesmo eles com risco de lesão. Porque risco não é garantia de lesão. Olha, se ele jogar mais 10 minutos, ele vai se machucar e vai ficar três meses fora. Opa, sai! Não, pode ser que jogando mais dez, 15 minutos, ele tenha uma lesão que a gente nem sabe qual grau vai ser e nem sabe quanto tempo de recuperação. Pode ser que seja uma semana de recuperação, pode ser que sejam cinco dias, pode ser que sejam dez dias e que você precisa ganhar o jogo. Então, o jogador fica. Eu não tiro. Eu tenho visto muitas substituições acontecerem, piorando os times, um time precisando de resultado, acho que esse jogador aqui já deu a minutagem – afirmou André Loffredo.
– Eu queria só reforçar que eu gostei muito dessa escolha, dessa decisão do Renato Paiva, de não tirar o cara que poderia decidir o jogo. Porque a gente está vivendo uma era no futebol de muita ciência, né? E eu sou super favorável à ciência. Se tem uma coisa que eu não sou é negacionista. Muito pelo contrário. E acho que o futebol evolui mesmo. Os números ajudam a gente a entender o jogo. A prevenir lesões. Agora, o feeling do jogo, isso não pode mudar – frisou Vinícius Bueno.
– E o objetivo também. O objetivo é vencer. O objetivo não é poupar o jogador. Ninguém quer que ninguém se machuque para ficar parado, né? Mas o objetivo, eu tenho um time com 30 jogadores, eu tenho que colocar o que eu tenho de melhor no campo. A hora que alguém desses melhores sentir alguma coisa, aí que eu tiro e coloco o que eu tenho de melhor. Eu não posso ficar poupando sem saber se aquilo vai acontecer de verdade. E poupando para algo que eu não sei o que vai acontecer no futuro. Porque pode poupar e não estar disputando mais nada – lembrou Loffredo.
– E o futebol é tão maluco que é difícil a gente explicar para quem não entende, para quem não gosta. Vamos usar aquele termo bem antigo, do cheiro da grama. O número ajuda a entender, explicar algumas coisas. O GPS fala ali alguma coisa. Mas se o treinador está com essa ideia na cabeça, esse feeling de que o cara vai resolver, acho que ele foi muito bem em manter. Poderia não ter dado certo. Poderia não ter saído gol. Mas que bom que saiu, porque, apesar desse avanço na tecnologia, o feeling para mim continua a existir – acrescentou Vinícius Bueno.
– E veja só como o treinador tem que pensar muito bem sobre essa situação. Se ele tira o Artur, poupa o Artur e empata o jogo, ele corria muito o risco de poupar o Artur para o próximo técnico – ironizou Loffredo.
