O Botafogo foi um dos primeiros grandes clubes a se transformar em SAF, ao lado do Cruzeiro, mas o clube ainda sofre com antigos problemas. Em live com a mídia independente alvinegra no “Canal do TF”, o empresário norte-americano listou diversos percalços que teve que lidar logo nas primeiras semanas, o que acaba atrasando o planejamento em relação ao futebol.
– O que tem sido mais desafiador é a SAF por si só. Não é sobre política, mas sobre legislação. Vou dizer algumas coisas que acho que os torcedores ainda não sabem, sobre os desafios de gerir a SAF. A SAF foi criada para a empresa gerir o clube de futebol, protegendo-se do passado, com novos investimentos para mover o clube para a frente, essa é a ideia da SAF. Muito do tempo que eu gostaria de passar falando sobre o futebol, estrutura, estádio, eu gasto às vezes com advogados… – iniciou Textor.
– A primeira coisa que aconteceu com a gente: uma empresa que patrocinava o Estádio Nilton Santos com o antigo clube foi à Justiça para que as marcas continuassem expostas antes mesmo do nosso primeiro jogo. O clube teve que resolver isso na Justiça já na primeira semana. O juiz olhou o contrato, não reconheceu a nova legislação, a SAF, e aí tivemos um problema, e isso foi logo na primeira semana.
John Textor relatou também que teve de pagar uma conta de luz que estava em atraso do Espaço Lonier e que ficou sem receber o dinheiro das cotas de TV, que foram antecipadas por antigas gestões, no meio da janela de transferências.
– Algumas semanas depois a companhia de energia foi ao Espaço Lonier e mostrou que tinha uma conta de quatro anos atrás que não havia sido paga, e se não pagássemos imediatamente naquela tarde a luz seria desligada naquele mesmo dia, no meio do treinamento. E piora… – seguiu Textor:
– Gastamos muito dinheiro em despesas, jogadores, e a grande receita que temos vem das cotas de TV. Há algumas semanas, no meio da janela, quando precisávamos do dinheiro para pagar as pessoas, fui notificado de que há alguns anos um dos ex-presidentes antecipou as receitas de TV para pagar despesas. Um promotor do Governo Federal foi à Justiça e tomou todo o dinheiro, a Globo não poderia nos pagar nada, e isso tudo no meio da janela de transferências.
Textor contou que representantes do Botafogo tiveram de ir à Brasília negociar com o Governo Federal e pediu ajuda da esfera política.
– O Governo Federal não deveria convidar investidores estrangeiros a participarem da SAF se o mesmo Governo Federal atacar o clube e suas receitas e não honrar realmente a SAF. Fico feliz de dizer que o pessoal do Governo Federal nos ajudou a lidar com isso. Temos constantes problemas com juízes, promotores, companhias de energia… É uma nova legislação, as pessoas não entendem. Preciso que os políticos nos ajudem, no sentido de proteger essa lei que foi tão boa para o Brasil. Não preciso ter que gastar tanto tempo em cortes judiciais, com advogados, apenas tentando tocar um clube de futebol – encerrou John.