E o caso Bruno Henrique? Você não lê mais nada na imprensa, principalmente em determinados veículos, mas há desdobramento na suspeita de manipulação do atacante do Flamengo. Em relatório, a CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas criticou o STJD por arquivar o caso.
Na ocasião, Bruno Henrique, alvo da operação Sport-fixing, da Polícia Federal, começou a ser investigado por receber cartão amarelo em Flamengo 1 x 2 Santos, supostamente de forma intencional, em jogo que familiares dele (irmão, cunhada e prima) teriam ganho apostas nesse mercado.
O STJD, não se sabe por qual motivo, arquivou rapidamente o caso, o que foi criticado pela CPI.
“O STJD optou por arquivar o procedimento tomando por base informação primeira da Sportradar, a qual havia se comprometido a realizar nova análise”, diz trecho do relatório que cita Bruno Henrique 38 vezes. Outra parte diz que houve “um volume desproporcional (98%) de apostas relacionadas a cartões no jogo Santos X Flamengo (31ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2023) direcionadas ao atleta Bruno Henrique realizadas por meio de contas de novos clientes localizados em Belo Horizonte”.
A Sportradar inicialmente não reportou suspeita na partida, no dia 3 de agosto de 2024, mas nove dias depois a CBF recebeu nota da Conmebol com “alerta de duas páginas elaborado pela Sportradar que indica possível ocorrência de manipulação na partida suspeita objeto da investigação”.
A CPI diz que “o arquivamento do processo (pela Procuradoria do STJD) se mostrou claramente precipitado” e reforçou que é uma mostra da ineficácia do futebol brasileiro em apurar e punir eventuais crimes de manipulação. “Ainda que se possa argumentar que naquele primeiro momento não havia elementos para uma conclusão de mérito, o STJD poderia ter solicitado informações às autoridades públicas ou, para dizer o mínimo, aguardado o desfecho das investigações”, afirma a CPI.
O Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado, o Gaeco, considera que “nos moldes em que tudo se sucedeu, só poderia ter decorrido do prévio acertamento com o jogador do Flamengo investigado e da sua concordância, aceitação ou idealização quanto ao ato de provocação intencional do cartão” e diz ainda que apostadores “foram municiados com a informação antecipada de que Bruno Henrique seria punido com um cartão durante a partida contra o Santos, o que só o fato de as apostas suspeitas provirem de um consórcio de pessoas que integram a mesma família ou que são amigas parece sustentar”.
“O Globo” procurou o STJD e a defesa de Bruno Henrique, que não se manifestaram.