Rei da América, craque da final da Libertadores e um dos melhores jogadores do futebol brasileiro em 2024, Luiz Henrique teve que enfrentar obstáculos fora de campo para fazer uma grande temporada. Presa em flagrante em Duque de Caxias na última semana por tentativa de extorsão ao atacante do Botafogo, Raíssa Cândida da Rocha age pelo menos desde setembro. É o que revelam as investigações do caso, que apontam ainda que um dos objetivos era atrapalhar o desempenho esportivo.
Em entrevista à TV Record, o delegado Carlos Eduardo Rangel, responsável pelo caso, contou que desde antes do jogo com o São Paulo, pela Libertadores, Luiz Henrique é alvo de um grupo, com ameaças. O Botafogo foi quem acionou a polícia. Prima de Ana Carolina Andrade, ex-mulher do jogador, Raíssa Cândida da Rocha enviava mensagens ameaçando divulgar fotos e vídeos íntimos caso não recebesse R$ 20 mil.
– O clube procurou a Delegacia Anti-Sequestro, porque nós temos um protocolo operacional, tanto para crimes de extorsão mediante sequestro ou extorsão qualificada. Começamos essa investigação no final do mês de setembro, onde o atleta do Botafogo, Luiz Henrique, nas vésperas do jogo das quartas de final da Taça Libertadores contra o São Paulo, recebeu, em seu telefone particular, ameaças de divulgação de vídeos íntimos, fotografias de conteúdo íntimo e outros conteúdos que, supostamente, o envolveriam em esquemas de apostas esportivas ilegais. Em troca dessa não divulgação, exigiam uma certa quantidade de valor em espécie. Então, nós iniciamos essa investigação no final de setembro, onde constatamos o envolvimento de pessoas do círculo de afinidade até do círculo familiar do Luiz Henrique – explicou o delegado.
– Então, em função do atleta estar em competições importantes, começamos a dar seguimento nessa investigação com muito cuidado, sob total sigilo, mas na sexta-feira, na véspera do jogo do Botafogo, na final da Taça Libertadores, ele volta a receber ameaças, sempre quando estava na concentração do jogo, com o mesmo teor, repetindo as ameaças, repetindo as extorsões. A gente procura ir a campo e localizar os criminosos que estavam fazendo isso com ele. Conseguimos identificar e prender em flagrante a Raíssa, que vem a ser, inclusive, prima da ex-mulher do Luiz Henrique e também comadre do Luiz Henrique. Então, ela foi presa em flagrante por extorsão. Para montar a extorsão, ela utilizou de uma história cobertura, pediu emprestado os dados bancários e os dados pessoais de um amigo, que é o Sr. Sebastião, sob a suposta alegação de que a irmã dela, que, na verdade, ela trata como irmã, mas é a prima ex-companheira do Luiz Henrique, estaria precisando receber valores do atleta, mas a atual companheira estaria implicando com essas transferências. A própria Raíssa também não poderia estar recebendo esses valores, porque teria o mesmo sobrenome e pediu emprestado essa conta bancária. Através dessa conta bancária, os valores posteriormente seriam repassados a ela. Mas também ficou constatado que a Raíssa, com os dados do Sebastião, comprou um chip telefônico, instalou esse chip telefônico no terminal telefônico da sua filha de 4 anos e era com esse número que ela fazia as extorsões ao atleta. Então, ela foi presa em flagrante e, a partir daí, a gente pôde identificar da melhor forma que esse grupo criminoso, esses dois episódios, eles têm correlação, eles foram planejados, eles têm um grupo responsável pela execução, um grupo, obviamente, muito próximo à família que tem acesso a essas imagens do jogador e um grupo responsável por ceder as contas bancárias para receber esses valores. Hoje, a principal linha de investigação depõe a favor desse cenário, ou seja, de que o crime, além de ser um crime que afeta o patrimônio do atleta, também tinha a finalidade de promover uma desestabilização emocional que pudesse prejudicar a performance do jogador do Botafogo – acrescentou Carlos Eduardo Rangel.
A polícia segue em cima do caso e investiga, inclusive, a ex-esposa de Luiz Henrique, Ana Carolina Andrade, que nega ter ter envolvimento. Está descartada a participação de Sebastião, amigo de Raíssa.
– Todo o cenário probatório confirma essa história que foi prestada, ele (Sebastião) já prestou o depoimento aqui, então, o que a gente tem de cenário probatório hoje confirma que o Sebastião realmente foi ludibriado pela própria Raíssa através da sua relação pessoal de confiança e não tem nada a ver com o crime em si. Ela (a ex-companheira de Luiz Henrique) já esteve aqui, assim como o ex-empresário do jogador também, os dois estiveram aqui, prestaram o depoimento, negaram todo tipo de envolvimento. Até então era uma das linhas de investigação, isso é muito comum dentro do nosso trabalho policial, a gente tinha várias linhas de investigação, mas hoje, com o conteúdo probatório que temos, a linha de investigação principal aponta pelo envolvimento da ex-companheira do jogador Luiz Henrique nesse fato. Hoje, com o conteúdo que a gente tem após a prisão da Raíssa, com todas as provas que reunimos, ela é investigada por esse fato – completou o delegado.