O jornal “Estadão” procurou os 20 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro para saber o posicionamento sobre a implementação do fair play financeiro no país, e 16 clubes se mostraram a favor da medida.
São eles: Atlético-MG, Ceará, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Fortaleza, Grêmio, Internacional, Juventude, Mirassol, Palmeiras, Red Bull Bragantino, Santos, Sport e Vitória.
“Ao serem perguntados de que maneira a regra deveria aplicada, as respostas foram diversas: […] limitar gastos de maneira proporcional à receita, veto à inscrição e contratação de atletas como punição a pendências financeiras, além de estudo para a implementação de um regulamento condizente com o mercado brasileiro“, diz a reportagem.
Bahia, São Paulo e Vasco foram os únicos clubes que não responderam ao jornal, que atualizou a matéria com o posicionamento do Botafogo: “O Botafogo já manifestou seu posicionamento sobre o tema através de declarações e entrevistas coletivas do acionista majoritário John Textor“. Os investimentos do Glorioso, que conquistou os títulos do Brasileirão e da Libertadores em 2024, reascenderam o debate no país, com pleitos públicos de dirigentes de Palmeiras e Flamengo, por exemplo.
– Sobre o Brasil. Quero lembrar a todos que eu vim para cá por causa do conhecimento dos legisladores, que criaram a Lei da SAF. A Lei da SAF convidou os investidores estrangeiros, o dinheiro viria de fora para dentro do Brasil. Isso é bom não só para o futebol, mas como para a economia brasileira. Eu assinei um contrato que exigia eu investir no clube, não apenas operar, mas investir fortemente no clube, nas estruturas, nos jogadores… A Lei da SAF exigiu que eu investisse, e eu estou investindo – disse John Textor ao responder às reclamações de rivais sobre o tema, em setembro de 2024.
O economista Cesar Grafietti, que já fez um estudo sobre fair play financeiro para ser aplicado no futebol brasileiro – o que nunca aconteceu -, mostrou preocupação com o que chamou de “bolha estourando” e disse que o Botafogo, gerido por uma holding internacional cujo dono é John Textor, é um dos que acabaram inflacionando o mercado.
– Quando eu vejo Corinthians, São Paulo, mesmo o Cruzeiro, que é SAF, e o próprio Atlético-MG, fazendo esses movimentos, eu não consigo ver lógica financeira. Eles fazem um movimento de reação para competir com os mais organizados que estão um passo à frente. O Botafogo mesmo não tinha condição de contratar jogadores como fez e foi campeão. Então ele é mais um incentivador do crescimento da bolha pelo lado ruim – disse Grafietti, defendendo o aporte inicial feito por Textor:
– Quem entra em uma neste negócio de SAF, geralmente está comprando um ativo desvalorizado, que precisa de investimento. Não me parece fazer sentido neste primeiro momento limitar os gastos de Botafogo e Cruzeiro, por exemplo, em relação a suas receitas porque até para elas crescerem, o clube não consegue ter uma mudança necessária. É necessário ter flexibilidade para aceitar que algum dinheiro extra entre para garantir que as contas estejam em dia.
*Atualizado às 19h04