Diretor da base desde abril de 2024, Léo Coelho deu entrevista para o podcast da Botafogo TV, divulgada na última sexta-feira. Ele contou a mudança de perfil do clube, os próximos passos das categorias de formação e as estratégias utilizadas.
Ex-Athletico-PR, Léo Coelho explicou por que aceitou o desafio de assumir o cargo no Botafogo.
– Eu estou hoje basicamente realizando um sonho, realizando um objetivo meu. Era um objetivo de trabalhar num grande clube, principalmente com essa nova lei da SAF, essas possibilidades de ter um grupo de clubes. Eu acho que é basicamente o futuro do futebol, é basicamente o que torna o Botafogo e os outros clubes tão competitivos no mercado. E eu gostaria muito de fazer parte de um grupo de clubes como esse. Então esse foi um dos motivos, um dos principais motivos, um dos principais desafios que me fez aceitar. E principalmente pela reformulação que o Botafogo pretendia. O Botafogo conseguiu se reformular na equipe principal, na questão corporativa do clube, ou seja, conseguiu mudar de patamar. E agora os olhos do Botafogo e da Eagle se voltaram para a base. Eles me fizeram um convite nesse sentido e foi aí que o desafio foi aceito pela minha parte de trabalhar numa reformulação quase que de um projeto que está se reiniciando – destacou.
A base do Botafogo passa por transformação, visando se tornar mais forte que nos últimos anos.
– Já tiveram muitas mudanças. Na verdade, a primeira mudança que a gente está implementando é cultural. É entender o que a Eagle quer, o que o Botafogo quer, o que a gestão nossa quer como clube. A gente quer se tornar um clube vanguardista, inovador, competitivo, vencedor, vitorioso. E é essa mudança de cultura que a gente vem tentando implementar. É a cultura que a gente vê incutida nos atletas da primeira equipe, a gente brigando por todas as principais competições disponíveis. E é o que a gente quer fazer também com a base dos jogadores – garante.
Um dos passos será começar a formar jogadores cada vez mais cedo.
– Há muito por vir. E futuro breve na base é difícil a gente falar. Porque a base, no final das contas, é prazo, longo prazo. A gente trabalha na formação de um atleta desde as idades que eles entram no clube. E a porta de entrada hoje nossa é no sub-11. E a ideia nossa é, obviamente, descer um pouco as idades. A gente está tendo a oportunidade de trabalhar com atletas com idades cada vez mais jovens, menores. O mercado do Rio pede isso. O mercado do Rio, hoje, já acontece uma competição muito grande nas equipes de sub-5, sub-6, sub-7 no futsal. Então, assim, é um mercado que movimenta muitos pais, muitos atletas. Mexe com muitos sonhos. E a gente pretende fazer uma mudança muito longa. De curto prazo, foi uma mudança, basicamente, de ressignificação de trabalho. De identificar o que o Botafogo quer e como ele quer. Eu acho que a prioridade do Botafogo, pra base, é de lançar os atletas. Ou seja, de ter um atleta muito bem formado no Botafogo. Que a gente tenha cada vez mais atletas na nossa primeira equipe. Isso é um desejo do John Textor, um desejo do Thairo Arruda. E é muito bem abraçado por quem está no profissional – explicou.
– Ou seja, quem está na equipe profissional, pelo menos com a minha chegada, eu senti que eles têm uma sede muito grande de absorver esses meninos. E não é pensando, talvez seria até pela falta de estrutura que a gente tinha, os gestores tiveram anteriormente, dificultava muito o processo. O Botafogo era quase que descentralizado, tinha cinco locais de treinamento, a logística também não facilitava, a infraestrutura não facilitava. Então, no final das contas, isso acaba dificultando o trabalho da gestão da base para que a gente coloque os atletas na melhor qualidade possível e para estar à disposição do profissional. Então, a primeira mudança, de novo, é a ressignificação de um trabalho – acrescentou.
O Botafogo planeja outra mudança na forma de revelar atletas. Não mais uma ideia de times da base que joguem de forma parecida com o profissional, mas com prioridade no estilo do jogador.
– A gente tem que pensar em modelo de jogador. Muita gente fala em modelo de jogo, eu não gosto do modelo de jogo. No final das contas, a base é formação. Então, eu tenho que formar o atleta para diversos modelos e formatos. Quando a gente coloca um modelo de jogo, a gente basicamente trava o atleta numa posição específica. Talvez a gente especialize ele muito antes do que ele realmente necessite dessa especialização. Então, a gente pode ver até o último momento, a gente vê até jogador no profissional fazendo uma dupla função. Cada vez mais comum. Então, o que a gente tem que trazer para eles é dar todo o conteúdo possível das mais variadas valências e posições. Obviamente, respeitando a especificidade do atleta, ou seja, as condições do atleta. E aí, para isso que eu sempre gosto de falar, que a gente tem que entender como Botafogo um passo antes do modelo de jogo, que é o modelo de jogador. Qual o tipo de jogador que a gente quer ter? Porque às vezes a gente quer ter um tipo de jogador para um modelo de jogo que não vai dar o feat. E aí a gente vai ter que ter uma coerência mínima. E não existe um modelo de jogador específico que a gente gostaria. A gente tem alguns padrões, algumas qualidades que a gente gostaria de ter em um jogador do Botafogo. O jogador tem que ser protagonista, ele tem que ser vertical, ele tem que ser intenso, ele tem que ser objetivo, ele tem que ser técnico. E todas essas valências englobam o jogador e cada um para a sua posição específica.
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Integração
– E para isso, também, a gente precisa de uma outra etapa, né? Que é o modelo de trabalho. Qual o trabalho que a gente vai fazer? Se a gente faz um trabalho desconectado, ou seja, um trabalho desconectado entre categorias, a gente perde a evolução do atleta. A gente deixa a comissão técnica sendo o norteador do processo. E o processo é um só, né? O processo é a primeira equipe ao ano jogando, ou seja, a equipe profissional ao ano jogando de uma certa forma. E a gente, minimamente, tem que ter atletas que jogam dessa mesma forma.
– Até para que a primeira equipe absorva esses atletas. Hoje, a gente tem a possibilidade de estar num grupo de clubes que também permite a gente formar atletas para o mercado. Então, por isso que a gente não pode ser tão engessado. A gente está formando, primeiramente, o Botafogo, óbvio, esse é o nosso objetivo. Mas a gente sabe que o funil é cada vez mais curto. A gente tem que formar atletas também para o mercado em geral e, principalmente, para as equipes do grupo.
Responsabilidade
– Com certeza, é um peso gigante. E é uma oportunidade gigante, igualmente. Foi um dos principais motivos pelo qual eu aceitei esse desafio. Que é um desafio gigantesco com uma oportunidade tremenda. Não só pessoal como profissional, como para colocar o Botafogo, na verdade, num patamar de ser um clube top formador no Brasil e quiçá da América do Sul e mundo. Então, assim, a gente tem toda a condição de fazer isso. A gente tem uma equipe super qualificada. Equipe de todas as áreas que trabalham realmente em conjunto, que trabalham realmente no único foco, no único objetivo de tornar esse clube cada vez mais profissional, cada vez mais vencedor. E isso é o que brilhou meus olhos.
– Vieram duas pessoas comigo que eu trouxe. E algumas outras foram também adicionadas ao processo. E todas as pessoas aqui, a gente primeiro fez um diagnóstico de como que estava, passando basicamente dois meses. Com isso, o Campeonato Brasileiro Sub-20 já tinha iniciado. Então, já tinha uma equipe formada. Os atletas do sub-20, a grande maioria deles já tem um contato profissional. Então, tem vínculo com o clube. Eu tinha que fazer uma análise do que estava sendo feito antes de fazer qualquer mudança. O sub-17, ele se iniciou há pouco tempo. Então, houve tempo da gente fazer um diagnóstico e já propor as correções. O sub-20 já estava um trabalho em andamento.
– E até com os atletas que a gente tinha já contratados e que a gente identificava à época que eram os atletas ideais. A gente acabou fazendo para o sub-20 uma campanha de recuperação. A gente teve uma mudança de trabalho, uma mudança também no perfil de atletas. Muitos desses atletas não conseguiram ser inscritos para o Brasileiro, porque a inscrição já havia acabado. Esses atletas estão disputando hoje o Estadual e a OPG, em que fazem um bom campeonato. Já estão classificados ali. E a gente segue numa boa crescente. E o sub-20, eu acredito que o trabalho vai ser feito principalmente para um ciclo de final de ano.
– Então, assim, a gente já conseguiu ter um ressignificado desse trabalho de sub-20 e o sub-17 a gente já conseguiu fazer as mudanças de forma antecipada ao início do campeonato. Eu acho que por isso a gente está conseguindo, até de forma inédita, uma classificação. A gente termina a fase de grupos, que foram dois grupos de dez, a gente termina basicamente em primeiro lugar. Ficamos em segundo por conta do último critério, saldo de gols. Então, assim, nós ficamos basicamente na primeira posição do grupo e, ou seja, considerando a colocação geral, a gente fica ali em segundo para terceiro na colocação de 20 clubes, que é bem interessante para um trabalho recente de Botafogo. Ou seja, os atletas têm demonstrado, a comissão técnica tem conseguido retirar o máximo desses atletas e agora é encarar a próxima fase. A gente faz um jogo de quartas de final contra o Cuiabá, a equipe já está definida, e vai tentar ainda fazer um pouco mais de história com essa equipe de sub-17.
Resultados na base
– Obviamente entendendo que o resultado é muito importante, mas o que mais importa para a gente é a formação do atleta. A grande questão do resultado na base é que o resultado é uma consequência do trabalho de formação. E quando você tem um resultado, ele justifica melhor a subida de um atleta. Em todo clube, a gente pega o retrospecto, principalmente da Copa São Paulo. A Copa São Paulo é uma competição diferente da usual. A gente trabalha o ano inteiro para jogar 15, 20 dias. No retrato, que é o trabalho do atleta no ano, às vezes o atleta pode estar em um momento ruim. Às vezes a gente pode estar passando um contexto externo ruim. É muito pouco tempo para você julgar toda uma situação. E um lastro competitivo imenso para um curto espaço de tempo. Então, é jogo dia sim, dia não. Às vezes é dia sim, dia sim. Os atletas perdem comissão e nós. Perdemos Natal, Réveillon. Estamos no início de janeiro para ter jogo todos os dias. E de repente, são os três primeiros jogos que podem acabar com a Copa São Paulo, que é a fase de grupos já. Então, é tudo muito rápido. Você tem que estar muito concentrado, muito preparado.
– A gente depende de diversos fatores. Tem qualidade de campo, tem que saber qual vai ser a sede, quem são os adversários. Então, obviamente, as equipes que chegam lá nas fases finais, elas demonstram o resultado e aumenta a visibilidade da mídia. Com isso, o trabalho tende a aparecer de forma mais visível. Mas não quer dizer que não tenha tido um trabalho anterior o ano inteiro. E até mesmo as equipes que tendem a sair de forma antecipada, que não tem um bom trabalho. O trabalho é individual de cada atleta. A gente consegue fazer uma transição do atleta, independentemente de competição específica.
– Na verdade, o Botafogo Academy nasceu até antes mesmo da minha chegada, mas aí, com a minha chegada, eles pediram para que eu entendesse, para que eu desse um pouco de pitaco ali sobre como deveria ser. Eu participei, tanto no América-MG, que eu trabalhei há alguns anos, e tanto no Athletico-PR, das escolas de cada um desses clubes. Só que era um modelo muito diferente. Na verdade, o que a gente vem concebendo aqui é um modelo que é bem inovador, que eu acho que é a cara do Botafogo, a cara da Eagle. É um modelo que está realmente próximo das categorias de base. Normalmente, os clubes fazem as academias, ou as escolas, ou as franquias, muito com cunho financeiro, de receita, e eles não participam, eles não se sentem um braço, uma extensão do clube.
– Até pelas minhas experiências, o próprio Athletico-PR é um dos clubes que tem a maior quantidade de escolas na América do Sul, a nível do Brasil, dos clubes do Brasil, e o que eu sentia deles, as dores deles, eram que eles não se sentiam parte do projeto. E o que eu trouxe foi basicamente essa visão, nós temos que trazê-los, a gente vai trabalhar na forma de licença, de licenciados, a gente tem um parceiro que veio apresentando o projeto, o produto, como que eles vão fazer para montar, e da minha parte, houve a solicitação de que fosse muito bem alinhado com o que a gente faz aqui dentro, para que cada um desses licenciados, eles se sintam realmente parte do Botafogo, parte da família do Botafogo. O John sempre fala que a gente é uma família e a gente quer realmente estender esse braço até o público em geral.
– E esses padrões foram criados por nós, toda a metodologia de treinamento, ou seja, toda a metodologia de jogo, de capacitação, de formação de atletas, e até de capacitação de profissionais, ela tem sido feita por nós mesmos, então nós vamos ter um alinhamento de todo o trabalho que é feito dentro e fora do Botafogo, diretamente alinhado com o que a gente preconiza, com o que a gente entende de melhor qualidade, de melhor capacitação, ter a possibilidade também desses licenciados estarem aqui dentro, dar uma porta de entrada para eles, porque não adianta também eles estarem lá em Palmas, em Tocantins, ou no Rio Grande do Sul, e nunca visitaram aqui. Então, a gente abre porta para que os licenciados venham aqui, para que as equipes de competição, para as equipes de escolas deles, que venham aqui, que disputem com alguma equipe que a gente tenha também, que participem de festivais conosco, que participem de amistosos, que participem de rotinas de conhecimento, topos treinadores, para que a gente capacite os treinadores e professores que eles têm lá, com a mesma metodologia nossa, disponibilizar para que eles venham e fazer cursos de imersão conosco, passar uma semana com a gente, conhecendo o que a gente faz, e eles querem ser parte do Botafogo, não ser parte de uma escola que veste a camisa do Botafogo, essa é a diferença.
Experiência no Lyon
– O coirmão, na verdade a época ainda não era, eu fazia meu MBA na Inglaterra, em Liverpool, e eu tive a oportunidade na conclusão do meu MBA, de prestar uma consultoria para o Lyon, à época o Cláudio Caçapa estava como treinador, eu o conhecia, ele é mineiro também, ele era treinador lá em Minas à época, eu já o conhecia pela Federação Mineira, e ele me abriu as portas, para que eu pudesse prestar algum tipo de consultoria para eles. Ele me indicou o presidente à época, e falou “olha Léo, eu não entendo muito bem o que você quer fazer aqui, mas estava contando às pessoas aqui, se eu conseguisse falar com eles, e eles acharam super interessante”. E o que eu fiz para eles foi basicamente uma consultoria de internacionalização de clubes, eles estavam buscando algum país para ter um clube satélite, para ter uma academia formada, e eu fiz um estudo para eles do futebol no Brasil, localidades, eu não participei da escolha do clube, eles escolheram o Resende aqui no Rio, só que eu fiz todo o planejamento geral ali, para que como eles viessem para o Brasil, eles se consolidassem, e já entendessem o mercado da melhor forma possível, para saber o que esperar quando eles chegassem.
Transição entre base e profissional
– Tem a ambientação, adaptação, acho que é essencial para que o atleta consiga performar da melhor forma possível aqui, profissional. Ou seja, o processo de transição não é um processo simples. E eu costumo dizer que o processo de transição do atleta profissional, ocorre desde quando ele tem dez anos de idade, que ele entrou no clube, a gente tem que cuidar dessa transição de categoria, até que ele chegue numa transição no profissional, de uma forma mais confortável. A gente tem que fazer de forma muito adaptada, e de forma integrada. Então a gente faz um trabalho de integração muito grande, principalmente com o Joel Carli, com o Augusto Oliveira, com o Alessandro Brito, hoje com o Pedro Martins também chegando ao clube. A gente faz um alinhamento, primeiro, de que a gente quer, de que a gente busca, o que a gente tem de carências, o que a gente entende de projeção de cada atleta, como que a gente vai fazer para deixar as categorias mais próximas, o profissional e a categoria sub-20.
– A gente tem uma frequência muito grande de treinos junto à equipe profissional, a gente tem um período de adaptação, os atletas vão, ficam um tempo, voltam. O próprio Yarlen é um caso de que ele está no profissional, mas quando ele precisa de minutagem para jogar o jogo, ele desce para o sub-20. Na verdade, nós temos vários atletas ali com bastante projeção e com bastante destaque. A gente tem que entender de novo, a individualidade de cada um, o momento de cada um, e entender o que é a carência do profissional ou não.
– Porque às vezes a gente também tem um atleta de muita projeção aqui, mas a gente tem o primeiro, segundo, terceiro do profissional em um altíssimo nível, que não que esse atleta não vá atingir, ele vai atingir esse altíssimo nível, mas tem três na frente aqui que estão à frente dele, então a gente tem que ter um período de maturação, de entendimento, e uma coisa muito interessante do Botafogo é que a gente possui outras equipes, que a gente consiga minimamente fazer um processo de transição de uma forma mais tranquila, que a gente não precise de perder um atleta, porque a gente não tem espaço no clube, a gente tem espaço em outros clubes.
– É muita conversa, é um contexto, primeiro a gente tem que alinhar entre tanto a diretoria de base quanto a diretoria do profissional, a gente tem conversas muito amplas e diárias sobre isso, como é que vai ser a subida do jogador, qual vai ser o discurso, tem que estar muito bem alinhado, as intenções, o atleta normalmente quando ele sobe, a gente já tem um plano para ele, olha, você vai subir para ficar X tempo, ou então por um tempo indeterminado, mas é que a lógica é que você retorne para cumprir seu ciclo de jogos no 20, então assim, a gente consegue fazer isso de forma muito tranquila. Transparente, com diálogo. Os atletas não sentem muito. Normalmente o atleta tem muita dificuldade quando ele não é informado, ou seja, quando a comunicação não é direta e eficaz, o atleta sobe de forma desproporcional ou de forma equivocada, e ele desce de uma forma pior ainda.
– A expectativa vai ser gerada, mesmo que a gente fale para o atleta que olha, você está subindo para passar uma temporada de amadurecimento, mas ele já tem a pretensão de ficar aqui. Já está sonhando, já está sonhando. A expectativa já está ali, a gente já vai ter que gerenciar isso. Como a gente vai tratar, ou seja, de forma com a comunicação mais clara e estando alinhado entre equipe profissional e base, eu acho que é a forma mais tranquila e é a que mais funciona. Na verdade, a gente trabalha de uma forma muito integrada. Tem muitos clubes que não trabalham de forma integrada e têm essa dificuldade. A gente faz a transição de atletas e esse atleta acaba se perdendo nesse momento de transição, muito por falta de alinhamento entre a primeira equipe e a equipe sub-20 e os profissionais que estão participando do processo, que não são poucos.
Melhor formação
– Até dando um spoiler para vocês, a gente está pensando muito em um programa multidisciplinar. Exatamente, abraçar todas as áreas, ou seja, todos os intervenientes ali no entorno do atleta. Ou seja, a gente está pensando em um programa técnico-tático, físico, mental. A gente separa o físico ali do mental, para que a gente trabalhe muito com a psicologia de performance. Então, ou seja, com aquela parte de coaching esportivo mesmo, não com… Às vezes, as pessoas pegam coach ali, deterioram o sentido da palavra, e todo mundo já é coach. Mas não, cara, realmente é um trabalho para que a gente fortaleça a mente do atleta, para que ele consiga expandir um pouco a mente dele, para que ele consiga performar numa pressão, num alto nível de pressão que hoje o futebol exige. E na parte socioeducacional também, a gente vai ter um programa também que envolve todos os intermediários, as famílias, o entorno social do atleta, a questão de línguas, educação financeira. Então, a gente vai ter um programa muito completo, para que a gente consiga ter um atleta mais bem formado para entregar à nossa primeira equipe. E a gente tem que pensar lá embaixo, né? Não adianta eu querer formar um atleta quando ele está no sub-20. Ele vai ter um monte de deficiência. Ele tem que estar pronto.
Formar e contratar
– São duas pontas, né? Eu acho que a gente tem que trabalhar nas duas pontas. Hoje o Botafogo, grande como ele é, a gente tem que trabalhar na ponta de ver oportunidades de mercado, ou seja, que estão aqui no sub-20, ou seja, grandes promessas, jovens promessas, principalmente do mercado sul-americano e brasileiro. E a gente está de olho nessas oportunidades e trabalhar na formação com a maior qualidade, que aí a gente vai integrar aqui. E a lacuna que a gente tiver, e obviamente que vai ter uma ou outra lacuna aí porque a gente não consegue garantir a projeção de todos os atletas, a gente trabalha com a oportunidade de mercado. E aí a gente tem êxito no projeto.