A final da Libertadores vencida pelo Botafogo por 3 a 1 sobre o Atlético-MG, no dia 30 de novembro de 2024, é o “jogo da vida” de Artur Jorge. É assim que o treinador define a decisão em entrevista ao site “Mais Futebol”.
O português relembrou como foi a campanha e escolheu qual seu título preferido, entre Libertadores e Campeonato Brasileiro.
– Libertadores, por aquilo que é a dimensão internacional. O Brasileirão exige muita consistência da jornada 1 à 38. Passa-se por muitos altos e baixos. Felizmente, tivemos consistência e uma capacidade mental forte. Estivemos mais de metade do campeonato em primeiro lugar. Por outro lado, a Libertadores era uma competição quase inatingível há um ano para nós, equipa técnica, e para o clube. Foi o primeiro título continental do Botafogo – disse Artur Jorge, ao “Mais Futebol”.
– Tivemos dificuldades na fase de grupos, deram-nos quase como afastados. Depois, nas eliminatórias, passámos três históricos: Palmeiras, São Paulo e Peñarol. Fomos capazes de nos superar e terminamos com aquela final épica frente ao Atlético Mineiro, onde desde o minuto 1 jogámos com menos um jogador e muitos pensaram que tínhamos deitado tudo a perder – acrescentou.
O treinador valorizou a força do time e contou qual foi a estratégia utilizada.
– É o melhor exemplo da essência dessa equipe. É um jogo que vai ficar na história do futebol. O que é ser uma equipe: está ali tudo! A jogar com menos um, vencemos por 3 a 1. Não foi fazer um gol num remate à baliza. Os meus netos vão ouvir falar nesse jogo daqui por uns anos – orgulha-se.
– O primeiro pensamento é: “Tanto trabalho e agora tudo parece mais distante”. Conseguimos controlar as emoções, o impulso para ajustar a equipe no imediato. Era uma final, tínhamos de ganhar. Não podia sujeitar a minha equipe a levar pancada próximo da sua grande área durante 90 ou 120 minutos. Pensamos no que tínhamos de fazer para ganhar a final. Para isso, não podíamos abdicar dos nossos quatro jogadores da frente: o Savarino, o Thiago Almada, o Luiz Henrique e o Igor Jesus fazem a diferença e podiam decidir o jogo a qualquer momento. Se lhes pudéssemos pôr algum comprometimento defensivo, teríamos a equipa equilibrada. E isso funcionou. Naquele momento não pensámos: “Vamos defender e ver o que isto dá para o fim”. Pensamos em ganhar – contou.
A participação da torcida foi fundamental, de acordo com Artur Jorge, que definiu o momento da expulsão como “um silêncio de morte” e destacou que “o vulcão despertou” quando a torcida voltou a acreditar.
– Sem dúvida! Lembro-me dos nossos 50 mil torcedores na Argentina, muitos deles fizeram um sacrifício enorme para lá estar. Também por brio, por uma questão de ego, porque não era suposto levarmos tanta gente. Diziam que a final não ia ter tanta energia em termos de torcida, mas nós fizemos a nossa parte. Já falei isto com a minha família, que estava lá: naqueles minutos após a expulsão, fez-se quase um silêncio de morte no nosso setor. A grande euforia antes do início do jogo, para nós, durou um minuto. É como eles dizem: “Há coisas que só acontecem ao Botafogo” – frisou.
– Durante alguns minutos, eu e os meus auxiliares discutimos ali o que fazer e dissemos: “Nós vamos lutar para ganhar isto. Vamos manter a equipe como está, para chegarmos à baliza adversária e não ficarmos só a defender a nossa”. A equipe conseguiu estabilizar-se em 10, 15 minutos e dar sinais de segurança. É a partir daí que do lado de fora vem aquilo que nós precisávamos: toda aquela energia, a crença… O vulcão despertou outra vez e não mais parou até ao fim – enalteceu.
– É o jogo da minha vida, sem dúvida nenhuma. Eles (meus netos) vão ver este jogo que me deixou muitas marcas, que fica na memória daqueles que são apaixonados pelo futebol – um jogo para constar dos livros de história. Então, eles vão perceber como o avô foi reconhecido como cidadão honorário do Rio de Janeiro – concluiu.