Mais do que simplesmente usar reservas, a mudança no estilo de jogar do Botafogo preocupa o comentarista Carlos Eduardo Éboli, do “Redação SporTV”. O jornalista analisou o empate em 1 a 1 do Glorioso com o Defensa y Justicia (ARG), nesta quarta-feira, pela Copa Sul-Americana.
– Bruno Lage mexeu demais na equipe, começou com apenas três titulares. A discussão já começa a respeito do que pensa o Bruno Lage para essa equipe. Titulares ou reservas, o que ele pensa é diferente do Luís Castro. Ele tem todo o direito, por ser o técnico, querer colocar a assinatura dele e trabalhar no que acredita, mas já percebo que a melhor maneira para ele é só um jogador de velocidade aberto, um homem de referência e um meia fazendo o meio/lado do campo, flutuando. Ontem foi o Tchê Tchê pela direita. Me parece que a disposição tática de preferência do Bruno Lage é essa. Aí mexe diretamente com a característica que fez o Botafogo líder do campeonato com folga de pontos sobre o segundo, um time de muita velocidade, transição eficiente, atacando os dois corredores, com um jogador de frente com mobilidade incrível, um centroavante armador como o Tiquinho. Ontem ele entrou com Matheus Nascimento no primeiro tempo, não foi ruim. De modo geral não gostei do Botafogo, o time demorou a se encontrar, o Defensa não mostrou capacidade de agredir e levar perigo durante boa parte do jogo, encontrou o empate em uma falha do Gatito – apontou Éboli, que prosseguiu.
– A opção no segundo tempo pelo Diego Costa para mim foi infeliz. Porque está longe da forma ideal, em outra rotação. O time está indo, ele está voltando. Não sei se vai atingir o ritmo que se encaixa ou se o Bruno Lage vai promover mudança para encaixá-lo. Vejo isso com preocupação, quebrar o ritmo de algo que está dando certo. Todo time tem que ter suas variantes, mas ontem não funcionou. Para mim, essa história de mexer demais é colocar em um segundo plano exagerado. A Sul-Americana é importante sim, não mais que o Brasileiro, mas tem peso nesse reposicionamento continental do Botafogo – acrescentou.
Carlos Eduardo Éboli discorda da importância que o Botafogo tem dado à Copa Sul-Americana, mas acredita que o time se mantém forte para ser campeão brasileiro.
– Essa mudança de comando, de trabalho, de filosofia, coloca um ponto de interrogação que até então não se fazia presentes no meu pensamento, de o Botafogo ser campeão brasileiro. Mesmo com essa quebra, que vai exigir adaptação, a gordura é tão grande que não vejo ninguém capaz de assumir o ritmo que o Botafogo teve no primeiro turno. Pode perder o fôlego, porque não tem nenhum Manchester City aqui. É a tranquilidade que o Corinthians teve em 2017, teve rendimento de rebaixamento, mas ninguém alcançou. Mas o Botafogo está passando por momento de adaptação, por novo técnico, que encara o jogo de forma diferente. E não gosto dessa ideia de olho virado para a Sul-Americana, é ruim. O futebol brasileiro se acostumou a brigar por vagas, mas e o título? Quem coleciona vaga é estacionamento. A Sul-Americana tem muita importância para a história do Botafogo – encerrou.