O Botafogo investiu cerca de R$ 390 milhões em contratações de jogadores em 2024. Na visão do economista Cesar Grafietti, que analisa finanças de clubes brasileiros, faz sentido o movimento do clube neste momento.
– Ponderando tudo, não dá para dizer que a estratégia está errada. Há duas formas de se ganhar dinheiro com clubes de futebol: comprando na baixa e vendendo na alta, e negociando atletas. A primeira parte já está sendo feita, à medida em que John Textor comprou o Botafogo em dificuldades e já o transformou num clube mais competitivo. Sobre a segunda, veja, há exemplos de clubes que vivem e se especializaram nessa estratégia. Os casos mais conhecidos são Atalanta, Udinese, Lille, Monaco, e os grandes portugueses. Contrata-se jogador desconhecido e com potencial, ele joga, se destaca e é vendido por valores cinco ou seis vezes maiores do que foi pago – explicou César Grafietti, ao “UOL”.
– Outro risco é a calibragem entre contratações e vendas. A contratação é uma dívida, líquida e certa e gera sanções caso não seja paga. A venda é uma possibilidade, que depende de diversos fatores. É preciso evitar o erro que o Chelsea comete, contratando muito e sobrecarregando a folha, para ter que negociar atletas a qualquer preço posteriormente – ponderou.
Com reforços, o Botafogo planeja ter melhor desempenho esportivo e impulsionar outras receitas, podendo chegar na casa de R$ 650 milhões. Além disso, tem como trunfo fazer para da Eagle Football, de John Textor.
– Do ponto de vista de negócio, ter uma estrutura multiclubes realmente permite potencializar esse tipo de operação. Leva-se de um lugar para outro, conforme a conveniência financeira, mas a cereja no bolo é ter um clube relevante numa liga de ponta, que permita justamente a valorização que significará o maior ganho. No caso da Eagle, Botafogo e Lyon tendem a ser clubes de passagem, e é por isso que Textor quer tanto um clube exclusivamente dele na Premier League. Brasil e França são pontos de origem. O jogadores chegam por ali e são destinados a pontos onde podem ser negociados por valores bem maiores. É a lógica do negócio, ou não faz sentido ter que gerir tantos clubes – conclui Grafietti.