Eduardo construiu sua carreira no exterior. A volta ao Brasil foi na temporada, para atuar no Botafogo. Em apenas um ano, o time se reestruturou, montou um elenco forte e começou a colher frutos, hoje estando na liderança do Campeonato Brasileiro. O meia já esperava um grande 2023.
– Quando cheguei, foi uma mudança radical do time e do elenco. Chegaram 12 ou 13 jogadores, para ter entrosamento rápido é muito difícil. Sofremos um pouquinho ano passado, classificamos para a Sul-Americana, passei por uma cirurgia, falei que esse ano ia ser diferente, porque os jogadores já se conheciam, havia o entrosamento. O elenco é muito bom, de pessoas querendo o bem do clube, trabalhar mesmo. Chegou o Estadual, estava fora por lesão, não fizemos um bom campeonato, muito por conta também de que não tínhamos nossa casa, o Nilton Santos. Quando conseguimos ter o nosso estádio, logo no início do Brasileiro, aí foi a mudança de chave do time. Com entrosamento, era só questão de tempo mesmo para voltar a vencer e jogar bem. Isso aconteceu. Quando começou, estávamos vencendo e convencendo. Esse foi o segredo. A manutenção dos jogadores e do treinador foi importante, e jogar com a nossa torcida – contou Eduardo, ao programa “Bola da Vez”, da ESPN.
O jogador comemora a oportunidade de voltar a atuar no futebol brasileiro.
– A gente não tem tanta certeza do futuro, mas por tudo que tinha feito lá fora, os anos na Europa, na Arábia, ficou esse gostinho de querer voltar, em outro nível, porque saí daqui com 18 para 19 anos, passei por muitas coisas, amadureci. Voltar mais experiente foi muito legal, tinha essa dívida comigo mesmo de jogar no Brasil, entender como está o futebol brasileiro. Foi uma decisão muito fácil, abri mão de mais um ano de contrato, de dinheiro, porque chegou o momento de voltar ao Brasil – explicou.
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Crescimento na Europa
– O que aprendi muito quando estive na Europa, no Estoril, foi realmente a parte tática. Aqui jogava e não entendia muito esse lado tático. Sofri muitos nos primeiros seis meses, não jogava. Quando entendi, aprendi a ter esse espaço da parte tática, tudo mudou, fui me tornando mais experiente, sabendo o que fazer. No Fluminense, com 18 anos, tinha cãibra com 60 minutos, porque queria correr o campo todo. Parreira chegou e falou “meu garoto, não precisa correr tanto, é só cumprir o seu papel”. Hoje me sinto muito melhor que com 23, 24 anos. Acabo o jogo não estou tão desgastado como ficava naquela época.
Futebol saudita
– Quando estive lá, no primeiro ano, eram só três estrangeiros, pressão muito forte, “tem que fazer gol, fazer diferença”. Depois de dois anos aumentou para sete, hoje são oito. O futebol lá é muito competitivo, as pessoas confundem com Emirados Árabes e Catar, lá são 70 mil pessoas nos estádios. Vejo essa mudança ainda um pouco lenta, porque se parar para pensar os quatro grandes têm jogadores de nível mundial, mas e os outros times? Ficou um desnível muito grande no campeonato. Acredito que em janeiro mudem isso aí, coloquem jogadores de nível nos times menores, para dar mais competitividade.
Rodagem
– Quando fui para a França, fui emprestado, tinha feito temporada boa no Porto, fiz excelente campeonato, jogando de volante. Teve um jogo que consegui fazer cinco gols e ainda dei uma assistência. Quando acabou a temporada, recebi proposta da Arábia, tinha Milan, Atlético (de Madri), Mônaco, mas aí, como era emprestado do Porto, eles falaram que eu tinha que aceitar a proposta da Arábia. Não tive muita escolha. Falei “então faz um contrato bom” e fui me aventurar. Nem sabia o que estava me esperando. Pensei que era Dubai, quando vi que não era deu um choque, mas foi legal, não me arrependo em nada de ter ido.
Melhor fase na Europa
– Tive meu momento no Porto, mas tive lesão no tornozelo, joguei quatro ou cinco meses infiltrado. O nível acabou caindo. Mas acredito que no Porto foi meu melhor momento na Europa.
Acerto com o Botafogo
– Quando recebi a oportunidade de voltar ao Brasil, tive a proposta do Botafogo, conversei com (André) Mazzuco (diretor executivo de futebol), me passou os planos do clube, o objetivo. Isso me tranquilizou bastante. Já ouvia falar das histórias difíceis do Botafogo, mas com a SAF é totalmente diferente. Quando me foi passado o projeto, falei “vou encarar, é um projeto muito bacana”. O Botafogo tem voltado a ser o de antigamente, fico feliz em participar da reformulação, dos jogadores, é importante para o clube e para o país. Nos anos anteriores o clube deixou a desejar, mas com John (Textor) as coisas estão correndo muito bem e muito rápido. A tendência é só melhorar.
– Juntou esse momento da SAF, clube em transição, Luís Castro que me ajudou muito no Porto, e estar voltando ao meu país. Minha esposa é do Rio de Janeiro, depois de 13 anos fora, voltar, estar em casa e jogar no Botafogo foi bem importante na decisão. Não foi fácil pedir a liberação dos árabes, não queriam liberar, mas chegou o momento de voltar ao Brasil e ter uma coisa diferente.
Jogos mais marcantes no Brasileirão
– Os três jogos grandes aí, Flamengo, Grêmio e Palmeiras, foram importantes, contra concorrentes diretos ao título. São os três jogos que conquistamos a vitória, no Maracanã, em Porto Alegre e no Allianz Parque.
Ser um dos melhores jogadores do Brasileiro
– Não sou muito ligado em prêmios individuais. Meu empresário me manda notícias às vezes, mas não sou muito ligado. Sou muito pelo coletivo. Quando o coletivo está bom, o individual acaba sobressaindo. Se eu estiver na frente do goleiro e o cara estiver livre do meu lado, vou tocar a bola. É óbvio que é legal quando ganhamos títulos individuais, mas hoje o título que não sai da minha cabeça é o campeonato mesmo.