A defesa de John Textor conseguiu que o processo em que ele seria julgado fosse adiado, mas nem por isso o dono da SAF do Botafogo deixou de ser citado na sessão desta quarta-feira (10/7) do Pleno do STJD, a última com a atual composição.
Um dos casos julgados foi o do zagueiro Felipe Melo, do Fluminense, que teria dito, com base em leitura labial, a frase “John Textor tem razão”, no meio do jogo contra o Atlético-MG, no dia 4 de maio, pelo Campeonato Brasileiro.
Após notícia de infração da Abfrafut (Associação de Árbitros de Futebol do Brasil), Felipe Melo foi julgado e absolvido em primeira instância. Nesta quarta-feira, foi a vez do recurso ser julgado, e o procurador-geral do STJD, Ronaldo Piacente, pediu punição, fazendo críticas a Textor.
– Felipe Melo diz que John Textor tem razão. E aí precisa analisar o que ele quer dizer. No que o Textor tem razão? Que tem manipulação, que os árbitros recebem dinheiro, que os atletas recebem? Faz várias denúncias sem provas aqui e no Senado, na CPI. Quando ele (Felipe Melo) diz isso, acho que há um grande desrespeito ao campeonato, à arbitragem, aos atletas – explanou Piacente.
– Me parece bastante grave essa colocação, que vem crescendo. John Textor vem crescendo muito com essas questões e isso está gerando alguns efeitos e reflexos dentro do futebol. Por isso esse tribunal precisa analisar muito bem essas questões do John Textor, porque você vê onde está chegando. Quando ele quer dizer isso, quer dizer que está tudo manipulado, sem prova nenhuma – completou.
Apesar do recurso da procuradoria pedindo punição ao zagueiro do Fluminense, os auditores decidiram por unanimidade em manter a absolvição. O auditor Felipe Bevilacqua, em particular, criticou a Abrafut e a Procuradoria por entrar com um processo com base em leitura labial.
– Me pareceu uma falta de discernimento tanto da Abrafut quanto da própria Procuradoria, em não arquivar uma notícia de infração com tamanha falta de técnica, de fundamento jurídico desportivo, isso indo muito além do que temos de concreto e de prova – reclamou Bevilacqua.
STJD absolve diretor do Flamengo que criticou arbitragem
Na mesma sessão, o Pleno do STJD absolveu o diretor executivo de futebol do Flamengo, Bruno Spindel, pelas reclamações contra a arbitragem após empate com o Red Bull Bragantino. O dirigente havia sido punido em primeira instância com 20 dias de suspensão.
– O que está acontecendo é um acinte. Um presidente de um clube diz que tem roubo, tem fraude, tem manipulação, o outro diz que tem roubo, assalto, e jogo após jogo, com os árbitros acuados, eles vão prejudicando o Flamengo. O que é mais acintoso é a falta de critério, e sempre contra o Flamengo. Não consigo achar que isso é normal, que não tem alguma coisa por trás. É um acinte o que aconteceu – reclamou Bruno Spindel na ocasião.
– O Fabrício sofre falta no Maracanã, não anula o gol, o VAR não chama… Hoje o Nico num lance normal, o árbitro expulsa, acertou, o VAR chama. O Luiz Araújo sofre pênalti, nada. E todos os lances vão se acumulando contra o Flamengo, os árbitros acuados, um presidente diz que é ladrão, que tem fraude, que tem assalto. Como os árbitros vão trabalhar desse jeito? Só vão errar contra o Flamengo. E quem grita mais, quem fala que tem roubo, tem assalto, o caramba, é que vai ser beneficiado. A gente vai ter dizer que tem roubo também, manipulação, que tem ordem de cima para os árbitros errarem contra um ou outro? Vamos ter que falar isso também para começarem a respeitar o Flamengo? A CBF precisa esclarecer. Quem diz que tem assalto, roubo, não acontece nada! Quem não reclama, não diz que tem assalto, é prejudicado, como o Flamengo já foi em dois jogos. O que está acontecendo é um absurdo – continuiu.
– Já enviamos ofício à CBF em outros momentos e não adianta. O que adianta é chamar eles para a CPI, expor publicamente, dizer que é ladrão, que tem assalto. É só o que adianta para respeitarem o clube – finalizou Spindel após a partida em Bragança Paulista.
