Rafael foi o convidado da vez no podcast da “Botafogo TV”. Entre histórias da carreira, o lateral-direito reforçou o amor que tem pelo Glorioso e confirmou que vai se aposentar no fim de 2024.
– Não vou mudar de ideia. Posso ser campeão, jogando muito, ser o melhor lateral do Brasileiro, que paro – explicou Rafael.
Leia os principais pontos sobre ser botafoguense:
Amor pelo Botafogo “atrapalhou” primeiras atuações?
– No começo, quando cheguei, me machuquei, quando voltei atrapalhou um pouquinho. Hoje não. Botei na cabeça que não jogo sozinho, já dei entrevista falando sobre isso. No começo pensava que tinha que fazer tudo. Jogo sempre assim, tentava fazer mais ainda, ficava ansioso, queria fazer tudo de uma vez. Agora não atrapalha mais não.
Paixão pelo Botafogo
– Fiz minha carreira toda lá fora, 15 anos. Foi uma emoção até maior, talvez por isso tenha atrapalhado no início. Nunca tinha jogado no Brasil, assistia aos jogos, via o Botafogo desde que estava lá fora. Pode perguntar ao Marçal, ele falava “está ficando maluco, porque está vendo esse jogo aí?” Depois veio jogar comigo aqui. Até jogos de madrugada eu via. Depois ia me virando.
– Sempre fui muito Botafogo. Edgar Pereira que foi meu treinador e me levou para a Seleção sabe de várias histórias. Tinha jogo do Bot, eu era do Fluminense, tinha que respeitar, mas ficava vendo.
Recado de Marçal
– Fala, Rafinha. Passando aqui não para fazer perguntas nem para fazer gracinhas, mas para dizer que sou seu fã, admiro você para caramba, a força de vontade, o prazer em competir, a pessoa em si nem vou falar. Nos últimos sete anos, desde o Lyon, tudo que você passou, lesões, a força que passa por elas e volta competindo é algo extraordinário, não se vê hoje em dia. Quero dizer para parar com essa ideia de que é último ano, voce tem muito para dar, temos o maior prazer de te ver jogar. Tamo junto, te amo, tudo de bom para você.
– Eu amo esse cara. Jogamos quatro anos juntos lá, é meu irmão. É meu compadre. Eles (diretoria do Botafogo) queriam contratar o Marçal e eu conhecia, me perguntaram, não tem como eu falar mal. Porque como pessoa e como jogador é sensacional. Falei com aquele que aqui é bom. Defensivamente é um dos melhores laterais-esquerdos que vi defendendo, ele é muito bom. O que às vezes as pessoas esquecem é que Marçal jogou um ano que estávamos muito mal antes dele, chegaram ele e outros, ajudaram muito. Falo com ele que salvou a gente aqui, nos salvou do rebaixamento junto com os outros. Marçal é um jogador fora de série.
Lesão contra o Vasco
– Nem sei, cara. Nesse momento passa muita coisa. Eu só queria parar de jogar, só pensava em parar de jogar. Bate um desânimo. Porque nós vínhamos bem, eu estava jogando muito bem contra o Vasco. No meu melhor momento, me machuco de novo, lesão séria, falei para a família que queria parar. Ninguém quer sofrer o tempo todo, você quer mudar, fazer alguma coisa. Ali naquele momento só pensava em parar.
Carinho do elenco
– Foi importante demais. A gente vê o amor de todos ali, era meu aniversário (em Grêmio 0 x 2 Botafogo). Foi bom demais, importante demais para mim. Agradeço a todo mundo que estava ali, Di Placido era um cara sensacional, um ser humano que vi poucos. É um cara especial. O Gatito também é fora de série, um cara que quero levar para a minha vida. Fica maior ainda o meu amor por ele, porque já era um ídolo para mim, depois que comecei a trabalhar vi que cara, que pessoa. É difícil ficar dano características, ele é ele na melhor forma do ser humano. É um ser humano que eu queria ver em muitos seres humanos nessa vida. É especial e fora de série. Ele me ajudou muito. Entrei 19 minutos no primeiro jogo que voltei, ele falou “toma, essa camisa é para você”. Eu estava emocionado, ele sabe o que eu passei, a dor e o sofrimento. Gatito é um cara espetacular.
– Se tem dois caras nesse clube que amam mais o Botafogo que eu são Carli e Gatito. Vão fazer tudo pelo Botafogo, são fissurados. Carli já está fazendo muito fora de campo, Gatito também em campo. Os dois são muito apaixonados pelo Botafogo.
Seu estilo
– Sou assim. Muita gente falou “calma, é seu primeiro jogo”. Mas quando você está em campo, é assim, todo mundo fala que sou hiperativo, nem percebo, entro e quero dar o meu máximo. Ainda mais jogando no Botafogo. O Paulo (Ribeiro) psicólogo veio falar, pedir calma, vai devagar, primeiro jogo. Ele foi muito importante para mim, baita profissional, me ajudou muito. Tive crise de ansiedade em uma época, ele me ajudou, foi fera, me deu trabalho de respiração, de muita coisa. Muitas pessoas não sabem o quanto o psicólogo é importante, ele foi. Estava ali para me ajudar, na hora, falando coisas que eu queria ouvir ou que precisava ouvir. Foi um cara sensacional.
Vai parar no fim de 2024 mesmo?
– Não vou mudar de ideia. Posso ser campeão, jogando muito, ser o melhor lateral do Brasileiro, que paro.
Influência das lesões
– Foi muito o motivo. Às vezes, quando você se lesiona, eu tive crise de ansiedade, em casa começa a ser de jeito que não é. Não parei no fim do ano, estava até perto de parar, porque não quero parar desse jeito. Quero terminar bem fisicamente e mentalmente. É muito difícil, as lesões vão te minando. É importante todo mundo saber, aprendi muito nas lesões, você acha que está bem. Só que está te afetando, o jeito que você vive, que faz no dia a dia, o seu jeito de ser. Você bota na cabeça que não vai te afetar, mas te afeta. Tem coisas que você nem repara. É o desgaste mental. Decidi que vou parar no fim do ano, vou continuar trabalhando no futebol, de repente vou estar com vocês comentando. Já fiz cursos de gestão esportiva, já pensei em ser técnico. Mas vou deixar a vida me levar, não vou planejar. Vou ver o que vai ser, até porque saí com carinho de todos os times que passei.