Ex-dirigente do Botafogo vê 2024 histórico como consequência de ano traumático: ‘Em 2023 clube não estava preparado para ser campeão’

Ex-dirigente do Botafogo vê 2024 histórico como consequência de ano traumático: ‘Em 2023 clube não estava preparado para ser campeão’
Reprodução/ESPN

O Botafogo viveu um 2024 mágico, com os títulos do Campeonato Brasileiro e da Libertadores, depois de um ano que ficou marcado negativamente, pela derrocada na Série A de 2023. Ex-executivo de futebol do clube, André Mazzuco contou detalhes daquele ano traumático e admitiu que o clube ainda não estava preparado para ser campeão.

– Foi um trabalho em que terminamos 2023 com a consciência de que 2024 viria um sucesso. Se pensarmos no todo, em 2023 não estávamos preparados para sermos campeões. Essa é a grande verdade. Tivemos capacidade de ser, mas ainda faltava estrutura, faltavam algumas coisinhas que, quando você é campeão, você fala: “Pô, deu tudo certo”. Não tínhamos ainda tudo perfeito e faltava mais um ano, tanto de elenco quanto de estrutura. Então, entramos em 2024 sabendo que o ano viria. Tínhamos muita consciência, estávamos muito tranquilos. Tanto que passa a pré-Libertadores, por mais que tinha uma tensão no ar, a gente falava: “Vamos entrar, não tem problema nenhum, a missão vai estar cumprida” – disse Mazzuco no programa “Bola da Vez”, da “ESPN”.

Mazzuco acabou deixando o Botafogo em março de 2024 por questões familiares e não escondeu a tristeza de ter que sair do clube.

– A missão, na verdade, era para quatro anos. Foi tudo uma loucura, porque a coisa veio antes, acertou, veio rápido. Então, 2024 foi um ano, para mim especificamente, especial. Foi um ano difícil, por eu ter deixado o Botafogo por uma questão familiar, tive que sair de um projeto que era nosso. Nossa vida de futebol não é fácil, com família, eu tenho um filho, e a gente sempre tinha um acordo que, se um dia alguma coisa acontecesse, eu priorizaria a família, e foi o que aconteceu – recordou.

– Você tem que ter, pelo menos, uma temporada para conhecer, uma temporada para botar a mão na massa naquilo que você pensa, e depois começar a colher resultado. Por isso que o conceito do Botafogo, na época, era um projeto de quatro anos. Era justamente pensando nisso, num primeiro ano de reconhecimento, segundo ano de intervenção, um terceiro ano de desenvolvimento e um quarto ano, realmente, de você disputar – completou.

Como agradecimento pelos serviços prestados, Mazzuco recebeu do Botafogo uma medalha de campeão da Libertadores, gesto que o deixou muito feliz.

– Eu tive o ano de 2024 de pertencimento, porque as pessoas que estavam lá… O que a gente faz no início, em 2022? Não demos um choque de gestão. Entendemos que o Botafogo estava numa estrutura tão complicada, que se fomentássemos os profissionais que lá estavam e déssemos melhor condição de trabalho, teríamos uma equipe pertencente e que ia nos ajudar, e foi o que fizemos. Então, os profissionais que estavam lá são os mesmos que sofreram antes de 2022, a maioria estava lá. Quando eu saio, por tudo que construímos juntos, o sentimento continuou, o contato diário, a torcida diária. Foi um ano que eu pude vivenciar de longe o Botafogo, e isso foi legal para mim – contou.

Onde sentiu título de 2023 escapar?

Mazzuco foi questionado no programa se em algum momento sentiu que o iminente título do Brasileirão de 2023 poderia escapar. E confessou que sentiu sim, na derrota por 4 a 3 para o Palmeiras no Estádio Nilton Santos.

– Depois do jogo com o Palmeiras tem uma cena que eu não esqueço. Eu e o Alessandro [Brito, atual diretor de gestão esportiva], meu fiel escudeiro. Termina o jogo do 4 a 3, estávamos encostados na parede do vestiário, olha um para o outro e fala: “Cara, acho que a coisa vai ter problema.” Sabe um sentimento? Assim, de que você faz um dos primeiros tempos mais bem jogados que eu vi dos clubes que eu trabalhei, foi maravilhoso, e aí acontece aquilo. Tivemos um sentimento ruim naquele momento – lembrou.

Fonte: Redação FogãoNET e ESPN

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