Ex-empresário de Luiz Henrique conta detalhes do acerto com Botafogo, visita surpresa de Textor e como conselho de Jeffinho ajudou

Ex-empresário de Luiz Henrique conta detalhes do acerto com Botafogo, visita surpresa de Textor e como conselho de Jeffinho ajudou
Vítor Silva/Botafogo

Ex-empresário de Luiz Henrique, Amaury Nunes contou bastidores do acerto do atacante com o Botafogo no início de 2024, quando topou trocar o Real Betis pelo projeto alvinegro. O hoje Rei da América, campeão da Libertadores e do Campeonato Brasileiro inicialmente estava relutante, mas acabou se convencendo.

Luiz Henrique na época tinha como representantes o próprio Amaury Nunes, Johnny Max e um agente europeu. Ele era cobiçado por clubes brasileiros e foi convencido a retornar após uma visita surpresa de John Textor.

Na vinda dele para o Botafogo, a gente tinha uma procuração com ele, que terminava em março de 2024. Em dezembro, ele não estava jogando, estava super infeliz no Betis. Tinha um moleque mais novo que ele jogando. Jogava para caramba também. Ele acabou perdendo um pouco de espaço e eu falei “cara, eu vou sondar o mercado”. Disseram “não, não, o Luiz tem que ficar na Europa, o Luiz é jogador de Europa”. Falei “cara, vamos tentar no Brasil”. Existem casos que o cara pode vir para o Brasil e tentar recuperar a carreira, se aproximar da Seleção Brasileira. Aí o europeu tentando na Europa. O Johnny não tem muito relacionamento com os clubes, mas cuidava mais da parte pessoal do Luiz. Inicialmente, eu liguei para o Fluminense. Falei, “Mario (Bittencourt, presidente), tem interesse?” “Bom, tenho, tenho, posso pagar X”. Falei “cara, esse X já não é mais o Luiz Henrique da base. É o Luiz Henrique hoje que é da Europa, que tem um potencial enorme e tal”. Ele falou “não, mais do que isso eu não posso pagar”. Eu falei “então não vai dar certo, Mario”. Por empréstimo eu até conseguiria naquele momento, porque ele estava em saída, em divergência no Betis, não estava jogando – relembrou Amaury Nunes, em entrevista ao podcast “Storicast“.

E aí a coisa foi tomando uma proporção muito grande, porque saía na mídia, o Fluminense queria, o Flamengo veio atrás, sondou a situação, inclusive foi lá na Europa sondar, já ofereceu um salário muito maior, três vezes maior do que o Fluminense ofereceu. Então, assim, com maior potencial financeiro, só que era por empréstimo também o negócio do Flamengo. E aí começou a sair na mídia, veio o Corinthians, ofereceu um baita salário, já com um empréstimo com uma obrigação de compra. Veio o Palmeiras também, fez uma boa proposta, não evoluiu. E aí o meu sócio europeu lá, tentando a Europa, veio o Red Bull Leipzig da Alemanha, veio o Everton, vieram grandes times. E aí o maluco do John Textor, maluco entre aspas, o cara bateu na porta do Luiz Henrique – contou.

Ele foi para a Europa, viu todo esse movimento de mercado, obviamente deve ter sido direcionado pelo Alessandro (Brito), por alguém ali do Botafogo. Ele foi para a Europa, foi para a Sevilla, bateu na porta do Luiz Henrique. O Luiz Henrique ligou para a gente e falou assim “o John Textor está na porta da minha casa. Caraca!” Falei “o que é isso, cara? Esse cara é maluco, não sei o que, não falou com a gente, não falou nada”. Aí eu falei “deixa ele entrar e escuta o que ele vai falar”. Aí ele falou que queria ele de qualquer jeito, ele ia levar e falou “se eu me acertar com o Betis, você vem?” Ele falou, “se você se acertar, vou. Eu sei que não vai acertar”. Porque quando o nome dele começou a ser muito movimentado, o Betis viu o interesse de outros clubes e subiu. Ele falou não empresto mais, tem que ser empréstimo com opção de compra, depois tem que ser empréstimo com obrigação, depois tem que ser só venda. Porque ele viu que tinha muita gente querendo. E aí botaram o valor lá em cima, botaram o valor, era de 20 milhões de euros – acrescentou.

O Botafogo chegou a acordo com o Betis. Faltava, então, convencer Luiz Henrique, o que não foi fácil.

O Textor foi e se acertou com o clube, ofereceu 16 milhões de euros, mais um percentual que poderia chegar, são projeções que poderiam chegar ali, que até chegaram inclusive, Seleção Brasileira e tal, que poderiam chegar a 20 milhões. E aí foi a questão do salário. Último dia da janela, o Luiz falou “eu não vou para o Botafogo”. E era muito interessante, porque ele estava muito focado em Europa e falou assim “se for o Brasil, eu só vou para o Fluminense, que é o time que eu tenho uma gratidão muito grande, foi o time que me revelou”. Eu achei isso muito interessante, porque nenhum jogador é dessa forma. Ainda mais quando veio o Flamengo, ele falou “eu não vou jogar no Flamengo. O Flamengo pode oferecer o que for, não vou jogar no Flamengo” – revelou Amaury Nunes.

E aí, quando veio o Botafogo, se acertou com o Betis, só faltava o Luiz Henrique aceitar a questão salarial. A gente fez uma call com ele, eu falei “Luiz, é assim, tem a questão de você ficar na Europa, ficar alguns meses no Brasil e voltar para o Lyon, um grande time da França”. Ele respondeu “se for direto para o Lyon, eu vou. Mas eu não quero ir para o Botafogo nesse momento, porque eu não quero dar um passo atrás na minha carreira”. Último dia da janela, aí entrou o Thairo Arruda na call, entrou todo mundo na call, todo mundo tentando convencer o Luiz, e ele “não, não vou, não vou” – adicionou.

A janela ia fechar em algumas horas, por isso que saiu um monte de notícia na época, ele vai, não vai, vai, não vai, porque o Botafogo se acertou com o Betis, ponto final, mas faltava o sim do jogador. E aí, nas últimas horas, assim, eu falei “Luiz, vem para o Brasil e você vai para o Lyon, você vai ter a opção de ir para o Lyon se você quiser no meio do ano”. Isso era em março. Janela fechando, ele poderia voltar para o Lyon em junho, já julho. E aí, ele falou “não, beleza, se for nessas condições, eu volto”. Ele não sabia a projeção que seria essa vinda para o Botafogo. E aí, faltavam duas horas para fechar a janela, a gente conseguiu esticar um pouquinho o salário dele, subiu mais, chegou no valor que ele queria. Ele assinou esse contrato de cinco anos com a Eagle, que é esse grupo do Textor, mas inicialmente com o Botafogo, podendo ir para a Europa depois – disse o empresário.

Amaury Nunes deixou de representar Luiz Henrique pouco depois, mas manteve contato com o jogador. Ele contou que Jeffinho foi fundamental na permanência do atacante até o fim do ano no Botafogo.

Teve a questão pessoal dele, que acabou se separando da mulher. Mas a projeção de carreira dele foi um passo muito certo que deu na carreira. Ele voltou para o Botafogo, chegou na Seleção Brasileira, teve a visibilidade que ele queria, chegou num potencial de futebol que eu acredito que ele ainda não chegou no potencial máximo. Eu acho que pode dar muito mais. Ele chegou e ficou muito amigo do Jefifnho. O Jeffinho voltou do Lyon e falou assim “cara, não vai para lá de jeito nenhum. Aqui você é rei no Brasil, está com salário de Europa”. Ele está com o Brasil com 22 anos e salário de Europa. Enfim, foi o caso do Luiz Henrique. Foi um passo acertado que a gente deu – completou.

Valorizado, Luiz Henrique está na mira de clubes europeus e tem possibilidade de ida para o Lyon este mês.

Veja o vídeo abaixo:

Fonte: Redação FogãoNET e Storicast

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