Como funciona o processo de preparação e de poupar jogadores de acordo com cada partida? Em participação na última semana no podcast “GE Botafogo“, o preparador físico Luiz Felipe Sinforoso, que deixou o clube no último mês para se dedicar a projetos pessoais, explicou a questão.
– Existe um controle de tudo, diário. Todos os atletas, quando chegam no clube, eles respondem um questionário de bem-estar. Muitas vezes, depois dos jogos, eles passam por uma série de avaliações e todo dia toda a equipe técnica se reúne. Os preparadores físicos, fisiologistas, nutricionistas, psicólogo, médicos, coordenador de performance, toda a equipe técnica se reúne e vai discutir os dados do dia, para a gente poder fazer essa avaliação. Tanto o que vai ser feito no treino, para eles, tanto se existe alguma restrição para um possível jogo que tenha à frente. Nessa reunião, sempre participa o 01, que a gente chama, que é o preparador físico que vem com o treinador – disse Luiz Felipe.
Em 2025, porém, o Botafogo teve treinadores diferentes, como Carlos Leiria, Cláudio Caçapa, Renato Paiva e Davide Ancelotti. A mudança de comissão técnica influencia, na visão dele.
– Em outros clubes que eu trabalhei, aconteceu isso também. Não é o que a gente quer como torcedor, que a gente quer como profissional. Porque quando muda um treinador e um preparador físico, geralmente se muda tudo. Toda a rotina, toda a carga, toda a adaptação e todo esse ajuste. É diferente. Cada treinador tem uma ideia e uma carga, uma dose. E o nosso trabalho da comissão permanente é justamente ajustar o nosso trabalho à nova realidade. À nova filosofia. E orientar, no caso quem está chegando, ao que já é feito, que funciona – afirmou.
– Eu acho que foi muito importante no Botafogo que a gente conseguiu encontrar um modelo de sucesso. Eu acho que os clubes buscam muito isso, que é a dose. Qual é a dose certa? Quanto se treina na véspera de jogo? Quanto se treina pós-jogo? Quanto se treina e quanto se recupera? O que se faz? Encontrar essa dose eu acho que é um grande desafio de todos os clubes. E a gente conseguiu, ano passado, encontrar essa dose. Então, eu acho que o nosso papel, já tendo encontrado essa dose, é orientar toda a comissão que chega que a gente tem um modelo que funciona. E se ela se aproximar daquele modelo ali, provavelmente a gente vai ter sucesso. Porque é algo que a gente já testou e a gente vê que funciona. Mas isso é muito particular. Cada treinador tem uma dose, um jeito. A gente vai orientando dentro das métricas que a gente tem, mas vai se ajustando e adaptando à rotina que o treinador faz. Então, o treinador vai ter orientação em relação aos atletas que estão aptos ou estão com algum tipo de restrição do jogo, essa decisão vai ser sempre do treinador. Davide é um treinador que respeita as comissões técnicas. Então, ele escuta a opinião, respeita a opinião, quando a gente fala, se é possível – explicou.
E a opinião dos jogadores, o quanto interfere?
– De uma forma geral, o jogador sempre quer jogar. É difícil o jogador não querer jogar. É muito difícil isso acontecer. O jogador, geralmente, sempre quer jogar. Existem todas as avaliações, as métricas que a gente tem. E o estado clínico, principalmente do atleta, como ele se apresenta. A gente passa essas informações para a comissão técnica e ela decide. Ela decide. A decisão final é do treinador. A não ser que exista realmente uma restrição médica do Dr. Gustavo Dutra, que é o chefe do departamento – detalhou Luiz Felipe, que contou que as decisões são tomadas a cada jogo.
– Isso aí é o dia a dia do futebol. É muito difícil você pegar um atleta de alto rendimento que não tem algo a se fazer. Ou algo a acusar. E aí, essa avaliação vai muito para o jogo. É uma semifinal de Libertadores? É o início do Carioca? Essa avaliação é feita nesse sentido. Qual é a condição do atleta? Um representante da comissão técnica, geralmente o preparador, faz parte da nossa reunião, é o porta-voz. Isso é decidido, fechado com a comissão técnica. A gente não participa dessa decisão. A gente tem um membro que participa da nossa reunião. Participa das opiniões. Porque muitas vezes eu tenho uma opinião, o fisioterapeuta pode ter outra. E esse porta-voz leva isso pra comissão. E a comissão faz uma outra discussão, que leva em consideração outros aspectos. Porque eu estou olhando pela parte física, o outro está olhando pela parte médica, ele está olhando pela parte do campeonato, do jogo, da disputa daquele dia. Então, cada um tem um olhar para aquela situação. E eles vão e decidem – finalizou.