Fabio Matias conta segredo do sucesso de Botafogo com John Textor: ‘Ele sempre quer escolher os melhores para trabalhar lá’

Fabio Matias, técnico do Juventude
YouTube/Canal do Duda Garbi

Ex-auxiliar e técnico interino do Botafogo, Fabio Matias relembrou os tempos de clube. Em entrevista ao canal do Duda Garbi, o técnico do Juventude relembrou sua passagem e contou o segredo do sucesso do Glorioso com John Textor.

Para Fabio Matias, o grande diferencial é o nível de contratações do Botafogo não apenas nos jogadores, mas também nos funcionários que compõem o clube.

– Olha, quando eu cheguei no Botafogo, assim, tem o centro de treinamento, que é o Lonier, que é próximo ali, Vasco, Fluminense, Flamengo. É uma mesma região, teoricamente, vamos dizer que é uma região próxima. E a estrutura do centro de treinamento, quando eu chego no Botafogo, eu vejo a estrutura inicial, me assusta, porque, praticamente, não tinha uma estrutura, tinha os três campos, mais um hotel, meio que reformado, para poder servir como parte de treinamento. Acho que a principal situação que o Botafogo investiu foi em pessoas, contrataram bons profissionais. Caras top do mercado. Muitos caras bons da parte de preparação física, fisiologia, fisioterapia. Para pegar os caras que estão trabalhando hoje, os caras são tudo referência, né? Eu falo muito do Alessandro Brito, porque o Brito é um amigo pessoal que eu tenho. Hoje, teoricamente, ele montou um escopo de análise de scout, que para mim é um dos melhores do mundo de análise de jogador, que ele consegue mapear. Tem o método, a estrutura, os profissionais que estão envolvidos dentro da equipe – destacou Fabio Matias.

– O Botafogo, no Brasil, John Textor vai escolher as pessoas, ele fala isso “Eu quero escolher os melhores para trabalhar aqui. Eu quero os melhores”. E aí, os melhores são mais caros. E, às vezes, o cara que trabalha muito com gestão, eu vejo muito em clubes, os caras, “ah, vou contratar um jogador por, sei lá, R$ 300 mil, mas vou contratar o funcionário por R$ 1 mil”. Só que esse funcionário não é o melhor. Entendeu? Tem outros caras melhores. Então, acho que uma das coisas sacadas do Textor foi essa, foi trazer caras bons ali, bons profissionais, para poder realmente sustentar e estruturar o processo. E isso está dando resultado. “Ah, mas tem dinheiro? Foi rápido, né?” Tem, cara. Mas se você pegar muitas contratações que o Botafogo fez foram jogadores livres. E na outra janela, na primeira também. E aí, vai ter o investimento? Vai. Mas vai ter jogadores que foram livres. Então, para mim, é um modelo, hoje, de referência para mim, de scout – acrescentou.

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SAFs no Brasil

– Todo mundo espera que a SAF seja igual ao Textor. Que chegue em dois anos e ganhe a Libertadores, ganhe o Brasileirão. E não vai acontecer isso com todos os clubes. São modelos, são ideias, são estruturas diferentes. E, de novo, o que o nosso amigo Textor fez foi escolher caras top para trabalhar dentro do processo. Acho que isso, para mim, foi fundamental. Porque quando eu chego na SAF, lá tinha dois anos de SAF. Agora está indo para o terceiro, para o quarto, vai entrar acho que no quinto ano. Então se falava muito isso, da escolha dos profissionais. E acho que isso foi a grande sacada. E ele é um cara que dá autonomia para quem está à frente do processo escolher os outros profissionais.

Início no Botafogo

– Eu chego como auxiliar técnico do clube, faço minha saída do Red Bull Bragantino, estava na segunda equipe do Red Bull profissional, e aí faço essa transição como auxiliar do Botafogo, da equipe principal, por 40, 45 dias. O Tiago (Nunes) acaba saindo e a gente daí fica quase dois meses praticamente ali, tocando todo o início daquele período do Botafogo. É um Botafogo de SAF, Botafogo de Textor, Botafogo de contratações, principalmente do ano anterior. Não é a mesma equipe que a partir do meio do ano chega, porque chegam acho que sete, oito jogadores contratados, então é uma nova equipe praticamente, que joga posteriormente. Mas é uma equipe de SAF, uma equipe organizada que teve o ano retrasado que poderia ter sido campeã brasileira, acabou não sendo, né?

Sem fantasmas do passado

– Eu chego dia 7 de janeiro de 2024, e a gente começa a pré-temporada. O pessoal estava chateado, o que é normal, mas eu não vivenciei aquilo lá. Então para mim foi bom não ter vivenciado, porque, para quem estava internamente, qualquer clube de futebol sabe que é pesado, você fica a maior parte da competição liderando ela, e depois na reta final perde energia, né? Eu chamo muito de perder energia. Mas assim, cara, desde o momento que a gente chega no clube, eu, pelo menos, não toco no assunto, não falo. Quando eu assumo também, fui bombardeado com as perguntas do ano de 2023. Sempre falei que, da minha parte, isso não tinha, não tinha nenhuma mudança de chave. Era apenas o foco em relação àqueles jogos que nós tínhamos ali naquele período. Nós fizemos dez jogos naquele período ali de Botafogo, oito vitórias, um empate e uma derrota. Duas fases classificatórias de Libertadores também. Então a gente conseguiu o objetivo que o clube tinha. A gente ganha a Taça Rio, né? Que praticamente assim, para clubes que nem o Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco, não vale tanto, mas a Taça Rio naquele período é o que a gente tinha, que já não tinha mais chance de chegar na final, praticamente, do Carioca. A gente conquista também a vaga na Copa do Brasil direta, né? Então Copa do Brasil e mais a vaga da Libertadores na fase de grupo.

Pressão

– O principal eu acho que é o externo. O externo é muito maior. É muita conversa, é muita pergunta, é muita gente falando a respeito. E se cria tudo isso, né? Internamente, entre nós ali, nós não víamos esse tamanho todo em relação a isso. É óbvio que tem alguns caras que naquele momento também não estavam vivendo um bom momento. Isso faz parte do futebol, o cara oscilar. Então o jogador top de alto nível oscila. Mas, cara, sinceramente, eu não senti toda essa energia do ano anterior. Acho que ficou muito claro para nós que estávamos ali. A gente ficou com uma comissão interina naquele momento. Era o segundo preparador físico, era o auxiliar que está comigo hoje trabalhando diretamente, que estava na base do Botafogo. Eu subi ele, eu já conhecia ele de outros clubes, aí eu subi ele para trabalhar comigo. O treinador de goleira era o mesmo que está hoje. Na época ainda tinha o Mazzuco, que está no Inter, mais o Alessandro Brito, que ainda está lá, que é o head scout, que hoje é referência hoje de scout no Brasil, que trabalhou comigo no Inter também.

Fonte: Redação FogãoNET e canal do Duda Garbi

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