Fabio Matias muito provavelmente fará nesta quarta-feira, contra o Junior Barranquilla, seu último jogo como técnico interino do Botafogo, já que Artur Jorge está chegando. Em entrevista ao “GE”, o auxiliar da comissão permanente prometeu uma equipe agressiva na partida de logo mais, com casa cheia no Estádio Nilton Santos, valendo pela fase de grupos da Libertadores.
– Pode esperar uma equipe agressiva, mas com controle emocional muito alto. Uma equipe que vai se doar o jogo inteiro, mas vai competir. Tem uma frase muito legal aqui, e eu tenho usado muito ela, que é “Quando competimos, somos imbatíveis”. Quando a gente compete, ganha duelos, dificilmente alguém ganha de nós. É uma frase que usamos muito internamente porque o jogo de futebol é muito baseado em duelos. Quanto mais duelos eu ganhar dentro do jogo, terei vantagens. É isso que pode se esperar. Uma equipe que vai se doar do primeiro ao último minuto – afirmou Matias, que revelou ter referências na seleção da Holanda:
– Tive uma oportunidade, em um período da minha vida quando trabalhei no Desportivo Brasil, de viajar para fora do Brasil. Foi algo muito bom para a minha carreira. Eu conheci muito daquela escola holandesa. Cruyff, Ajax, Rinus Michels… É a base do jogo ofensivo, estruturação, 4-3-3 posicional usados em Barcelona de Guardiola. Eu suguei muito isso daquele período. Hoje é muito difícil trabalhar no cenário de base porque há uma visibilidade muito grande, a televisão transmite jogos de base. Imagine você, nos primeiros jogos de sub-17, toma duas goleadas de 4 a 0, você já corre o risco de ser demitido. Muitas vezes, o treinador, por causa disso, deixa de fazer coisas que ele acredita.
O treinador interino alvinegro exaltou o elenco do Botafogo, que o impressionou em virtude do comprometimento no dia a dia.
– Eu sou muito impressionado com esse grupo de jogadores pela questão de trabalho. Nós separamos o elenco em grupos e ficamos com grupos menores. Os caras treinam à vera, vão até o final, pedem mais. Acaba o treino e eles pedem mais coisas. Isso é comprometimento com o clube. “Ah, mas ganha salário, recebe bem…” Vamos lá, comprometimento não é só você estar aqui. Muita gente vem e só está presente. É estar lá dentro. Eu fico impressionado. Não estou falando nada a mais. Já peguei grupos de base que trabalham muito menos que esse aqui e os caras aqui são consagrados. Esse é um ponto favorável – disse Fabio Matias, que falou sobre a gestão de pessoas:
– Hoje, 50% do trabalho está relacionado com gestão, e não é moda. Gestão não é saber gerir, é saber lidar com pessoas. Os outros 50% é o conhecimento. Se o atleta olhar pra você e não confiar, esquece, não vai dar certo. O atleta tem que ver e falar “porra, é isso, isso é bom”. É para isso que serve o treino, para você insistir, falar que o cara é bom. Aí tem jogo, e o jogador faz a mesma coisa que fez no treino. É uma luta de convicção, para fazer o cara estar convicto que tudo vai dar certo. Se fala muito de coaching e gestão, eu sou um cara muito mais direto, gosto de falar sempre do que florear ou fazer grandes cenários. É 50/50. Quem tem muita gestão, alguns faltam conhecimento. Quem sabe muito, pode faltar gestão.
