Depois de apresentar cinco reforços ao longo da semana, o Botafogo pôde contar com três deles contra o Juventude. E foi muito graças aos estreantes, que o alvinegro empatou em 2 a 2, ontem, em Caxias do Sul. Titular no ataque, Junior Santos foi participativo e marcou o primeiro gol da equipe — por outro lado, o centroavante também desperdiçou duas chances claras. Já Gabriel Pires, que marcou o segundo, e Danilo Barbosa entraram na segunda etapa e equilibraram o meio-campo. Em forma, a dupla será bem útil ao técnico Luís Castro no setor que tem sofrido na temporada.
— Sabíamos que ia ser difícil porque eles precisavam do ponto, como nós. Buscamos a vitória e vamos assim até o fim do campeonato. O gol foi positivo, mas o sabor não é o mesmo com o empate. Temos que trabalhar e focar para buscar os pontos necessários — falou o consciente Gabriel Pires, já que, com 27 pontos, o Botafogo não conseguiu se distanciar da zona de rebaixamento.
Mas além da posição incômoda na tabela, o Botafogo tem alguns problemas crônicos que tem minado a equipe e precisam ser solucionados. O primeiro e já conhecido é o das lesões. Em 23 rodadas, Luís Castro não conseguiu escalar o mesmo time em dois jogos seguidos, o que prejudica o entrosamento em treinos e jogos. O segundo é o do setor defensivo. No Brasileirão, a defesa só não foi vazada em cinco partidas.
Irregular nos 90 minutos
Contra o Juventude, os dois problemas pareceram estar interligados, o que o segundo gol deixou evidente. Depois de romper o ligamento do tornozelo e ficar 208 dias fora, Rafael voltou a jogar na lateral-direita. Num dos primeiros lances em campo, o camisa 7 errou ao tentar dar o bote em Pitta ainda no campo de defesa. Instantes depois, o mesmo Pitta apareceu nas costas de Adryelson, que foi mal no primeiro jogo como titular, para deixar os gaúchos na frente do placar.
— São coisas que vêm com o tempo (entrosamento). A única coisa que sei é falar de jogo e treino, não sei falar de mais nada. É ajustarmos algumas coisas que se ajustam naturalmente quando se tem uma pré-temporada. Não temos isso, e vai continuar sendo difícil — analisou Luís Castro.
No geral, por mais que tenha controlado o jogo — foram 65% de posse de bola, 557 passes contra 286 e 19 chutes, sendo nove no gol —, o Botafogo foi, mais uma vez, um time irregular. Quando não tinha a bola, sofreu com os contra-ataques do Juventude. Contratado para impor um estilo de jogo ofensivo e que pressione o adversário, Luís Castro ainda não conseguiu achar uma solução de “marcar atacando”. Além disso, com a posse, a equipe ainda peca nas finalizações, o que prejudica ainda mais a escolha por um futebol ofensivo e expõe o técnico português.
Menos mal que, Jeffinho, uma das melhores notícias do clube na temporada e que tem participação direta da nova gestão, que lutou para ter um time B, fez mais uma boa partida. Habilidoso, o atacante infernizou a defesa do Juventude pelo lado esquerdo e deu duas assistências.
— Está num processo evolutivo, chegou num patamar diferente daquilo que é exigido hoje. Temos que achar em conjunto ferramentas para ele sobreviver no jogo e se destacar. É um jogador com muito talento, está aprendendo a jogar em equipe — avaliou o treinador português. — Não podemos esperar que em um mês ele esteja pronto para atacar e defender, transitar com a intensidade que se exige. Mas é um menino que vai evoluir cada vez mais. Um grande profissional, um menino sério, honesto e dedicado.
Internamente, a avaliação da diretoria é de que o Botafogo fez uma boa janela de transferências e, com algumas deficiências do elenco solucionadas, não tem time para brigar para não ser rebaixado. Mesmo assim, resta ao técnico Luís Castro e aos jogadores conseguirem colocar a qualidade no papel em prática com o campeonato em andamento. No domingo, o alvinegro tem pela frente um clássico contra o Flamengo.