Fotógrafo do Botafogo desde 2013, Vítor Silva concedeu boa entrevista ao site “GE”, na qual recordou histórias da carreira e, sobretudo, a final da Libertadores. Com fotos que produziu ao fundo, nos corredores do Estádio Nilton Santos, ele revelou pressentimento no dia da decisão vencida pelo Glorioso sobre o Atlético-MG em Buenos Aires (ARG).
– Estou com 24 anos de carreira, 12 de Botafogo, nunca contabilizei quantos jogos eu fiz, mas esse foi o único que mexeu e até profissionalmente na cobertura me balançou um pouco, me atrapalhou, porque eu fiz o segundo tempo inteiro chorando. É engraçado que a gente estava tomando uma certa pressão, né, com um a menos, e eu escutei muito tempo os torcedores depois falando que “nossa, aquele jogo não acabava nunca”. Esse foi um jogo, para mim, dos mais rápidos da minha carreira. E durante esse segundo tempo inteiro eu trabalhei editando, fotografando, mas chorando muito, sabe? E chorando com um choro de agradecimento. Porque enquanto estava todo mundo agoniado, eu não sei por que, algo batia no meu peito, que eu só agradecia, porque eu sabia que era nossa. Quando o Botafogo ganhou o seu maior título no futebol, eu tive a honra de poder ser o responsável por registrar isso na história, como fotógrafo oficial do clube. Isso não tem preço. É viver um sonho mesmo, assim. Acho que eu costumo dizer que aquela viagem foi a viagem da vida para todo mundo – afirmou Vítor Silva.
O fotógrafo se orgulha de seu trabalho hoje ser parte da decoração do Estádio Nilton Santos.
– Fiquei muito emocionado, né? Essas são fotos que a gente, com o passar do tempo, vai mudando. É itinerante, outros atletas vão chegando, outras conquistas virão, mas, assim, eu não tenho nem palavras para dizer o que eu senti quando eu olhei isso. Eu fiquei meio atônito mesmo, assim, olhando assim, igual uma criança, durante muito tempo. E um dia eu trouxe a minha filhinha aqui e ela estava olhando, disse “que legal essa aqui”. Eu falei assim “é o papai que tira todas essas fotos”. Ela congelou durante um momento, sabe? Acho que ali deu o start, né, da importância da fotografia. Eu sempre falei para ela, papai, tem que ir trabalhar, porque é importante os jogadores terem fotos. Aí, quando ela se deparou, ela viu a importância e a importância que os torcedores, quando vêm aqui também, fazem suas selfies nas fotos históricas, né? A fotografia tem essa magia de congelar um momento para sempre – explicou.

Em uma das fotos, Vítor Silva até aparece, o que é raro, em registro do capitão Marlon Freitas com a taça.
– Eu gosto muito também do Marlon Freitas, nosso capitão, a história dele por si só casa com a do Botafogo, superação, né? E acho que esse beijo na taça é uma sensação de dever cumprido maravilhosa. Curiosamente, o fotógrafo nunca aparece nas fotos, e aqui eu apareci, porque eu estou refletindo aqui na taça. Esse foi o dia mais feliz da minha vida aqui no Botafogo, sem sombra de dúvidas – contou.
– Mas eu me lembro de muitas fotos bacanas de outros títulos. Eu costumo falar para o pessoal aqui, que diz “você se emocionou muito, né? A gente viu que você estava muito emocionado no jogo da Libertadores você trabalhava, mas você estava chorando também”. E eu falei com um amigo meu “eu também estava assim na Série B, quando o Botafogo subiu, quando a gente estava naquela crise financeira, sem saber o futuro do Botafogo direito”. E esse grupo aí está marcado na história, marcado pelas fotos do Vítor Silva. É muito especial – finalizou.