De acordo com o que acredita o acionista John Textor, o Botafogo tem apostado na política de repatriar jogadores que construiram carreira na Europa, como Lucas Piazon, Philipe Sampaio e Victor Sá. No caso de Patrick de Paula, também pode-se dizer que o volante também está voltando para casa.
Antes de se destacar ao ponto de poder se transformar na compra mais cara da história do Botafogo — o alvinegro ofereceu 6 milhões de euros por 50% dos direitos do jogador, e pode chegar a pagar R$ 50 milhões por 70% caso metas sejam alcançadas —, Patrick teve, no Rio de Janeiro, a trajetória parecida com de muitos jovens brasileiros que sonham em virar jogadores.
Criado no bairro de Santa Margarida, um dos mais pobres e perigosos da Zona Oeste do Rio, o volante era apenas mais um a dar seus chutes em campos de várzea. Mas em 2017, sua vida mudou. Na época, jogava pelo Cara Virada Futebol Arte, um projeto social que usa o esporte como arma contra a violência. Foi com a camisa laranja, como o terrão que se divertia, que ele chamou a atenção de olheiros.
Naquele ano, quando membros da equipe de análise e desempenho do Palmeiras viajaram para o Rio para acompanhar a edição da Taça das Favelas e buscar jovens talentos, Patrick chamou a atenção pelo seu “potencial enorme” e “excelente desempenho físico”. Mesmo sem o título da competição, o volante ganhou a chance de fazer um teste no clube paulista.
A aprovação foi unânime. Com a mesma qualidade que o levou ao Alviverde, mas em posição diferente, Patrick se destacou nas categorias de base. Antes, era um meia-atacante que chegava bastante na área — característica que carrega até hoje —, mas foi recuado para volante. Mesmo assim, marcou 17 gols em 95 jogos antes de chegar ao profissional. Além do DNA ofensivo, a sua liderança — o volante era capitão no sub-20 — e aptidão por jogos grandes chamaram a atenção da comissão técnica principal. Até Vanderlei Luxemburgo, na época técnico do Palmeiras, o elogiou.
— O Patrick veio de campeonato de favela. Imagine de onde ele saiu. Ele via gente dando tiro para tudo quanto é lado, então ele só está preocupado em jogar futebol. Hoje, esses moleques não se assustam com mais nada — disse.
A ascensão do volante foi meteórica, com direito à gol do título do Campeonato Paulista depois de 12 anos de jejum. Após sondagens de clubes europeus, o Alviverde renovou o contrato de Patrick até dezembro de 2024 por uma multa milionária. Mas aos poucos, a situação desandou.
Depois de duas temporadas beirando os 50 jogos — foram 48 em 2020 e 49 em 2021, com cinco e três gols, respectivamente — Patrick perdeu espaço. Já no meio da última temporada, o volante havia sido afastado por indisciplina, após ser flagrado em balada clandestina.
Ao que tudo indica, o fim do casamento se deu em fevereiro, quando o volante não foi nem relacionado para disputar o Mundial de Clubes. Em 2022, Patrick de Paula participou de apenas quatro dos 14 jogos do Palmeiras.
A transferência do atleta ao Botafogo é vista com bons olhos por todos os envolvidos. O Palmeiras, além de conseguir uma boa quantia pela venda, ainda mantém uma porcentagem considerável para futura venda. O Bota, reforça o elenco com um jogador pronto para assumir o protagonismo e, se tudo der certo, conseguirá vendê-lo por um valor que traga lucro. Já Patrick, respirará os ares de um novo clube, poderá ser importante dentro de campo novamente, e, poderá voltar ao Rio, sua casa.