Em uma longa discussão no programa “Sportscenter”, da ESPN, o comentarista de arbitragem Leonardo Gaciba explicou a anulação do gol da LDU sobre o Botafogo, na Libertadores, por impedimento. Ele explicou como funciona a regra, na qual o gol não deveria ser validado, mas no fim defendeu que a interpretação de campo deveria ter sido seguida.
Gaciba, no entanto, lembrou ainda que houve falta em Luiz Henrique no início da jogada.
Leia como foi o diálogo de Leonardo Gaciba com o apresentador Abel Neto:
Gaciba: – Todo ano trocam os conceitos, por isso as pessoas não entendem. Vamos por partes. Em primeiro lugar, há a a posição de impedimento do jogador após a cabeçada na trave. Ele estava à frente da linha da bola, em posição de impedimento. Tem a cabeçada na trave, a bola volta e esse jogador participa da jogada. Teve trave, três jogadores do Botafogo sem domínio, e ele pega. Nenhum dos jogadores do Botafogo tem controle dos movimentos.
Abel: – Eu discordo. O último jogador, 22, Damián Suárez, tenta chutar a bola, tem um erro técnico e influencia na jogada. Na minha humilde opinião. Posso estar errado. Há um abismo entre a bola desviar e você tentar participar e errar. Para mim, é um erro técnico. Estou errado? Se estou, não falo mais nada e peço desculpas.
Gaciba: – Você não está errado, mas vão trocando todo ano sem trocar o que está escrito na regra. Ela nunca mudou, sempre falou em bola desviada ou jogar deliberadamente. O que mudam é a explicação do que é jogar deliberadamente. Hoje, o que vale para os árbitros é ter domínio total dos movimentos. Ano passado, se o jogador optasse por jogar, fosse em direção, chutasse a bola, seria nova origem. Esse ano tem que ter total domínio dos movimentos. Como a bola vem em velocidade, ele tenta jogar, mas não tem domínio total, a orientação é considerar desvio. Três desvios na jogada, o que torna o lance mais maluco ainda.
Abel: – Entendi que o gol foi corretamente anulado, mas a comissão de arbitragem mundial e a Fifa estão dizendo que quando o cara não consegue dominar a bola ele não participou. Dizem que não teve total domínio, tentou dominar e não conseguiu. É isso? Se foi, corretamente anulado. Mas para mim é um absurdo.
Gaciba: Eu acho completamente absurdo. Vou lembrar Palmeiras x Vasco no ano passado, jogador sozinho na área, dá um bico para fora da área porque quis, a Comissão de Arbitragem diz que não tinha total controle dos movimentos. Lá tinha. Errou. Aqui consideramos que o jogador está jogando de forma instintiva, não teve domínio dos movimentos. Aconteceu jogada semelhante em Santos x Guarani segunda-feira. O jogador do Guarani, mesmo a bola vindo em velocidade mediana, tenta abrir a perna, a bola bate na sua perna. Ele não chega a chutar, bota o pé para bloquear. É uma jogada muito semelhante. Isso é ganhar vantagem da posição de impedimento após o desvio. Não é só um passe, é bola passada ou tocada por atacante, não pode estar em posição de impedimento e participar do jogo.
Abel: – Dizer que jogador do Guarani não teve controle do movimento é absurdo. Estica a perna, influencia, mas pela regra nova não teve domínio do movimento.
Gaciba: – Concordo com vocês. A torcida do Botafogo não vai gostar disso, mas nesse gol é para ser validada a decisão do campo de qualquer jeito. Se o árbitro precisa chamar assistente para interpretar, o que tem de claro e óbvio nisso? Se precisamos de comentarista de arbitragem para explicar se é desvio ou nova origem, o que tem de claro e óbvio? Se vai impactar dez minutos, é máxima interferência e mínimo benefício. A torcida do Botafogo acha maravilhoso o gol ser invalidado, mas vamos esquecer a cor da camiseta, estou falando da jogada. Não é concebível ficar dez minutos no VAR. Por que não observou e chamou para possível falta (em Luiz Henrique) na origem da jogada? Matava em dez segundos. Para mim, dá uma ancada, realmente intercepta.