Um dos maiores zagueiros da história do Botafogo, Gonçalves é um entusiasta da transformação do clube de General Severiano em uma SAF (Sociedade Anônima do Futebol). Embora este novo modelo de transformação do futebol em empresa ainda seja algo novo no país, ele acredita que o Alvinegro irá se beneficiar com a passagem do controle do esporte para o americano John Textor.
O ídolo alvinegro lembra que o grande endividamento impede o investimento no futebol, algo que não atrapalha apenas o Botafogo, como grande parte dos clubes brasileiros. Por isso, para ele, muitas equipes brasileiras também irão aderir à SAF.
– Grande parte dos clubes brasileiros irá aderir à SAF, já que eles não conseguem mais pagar as suas dívidas e ficam sem capacidade de investimento. O futebol precisa de profissionalismo e essa nova lei irá ajudar bastante. No caso do Botafogo será muito bom. Vai ajudar o clube a retomar o seu protagonismo, com um trabalho forte e sério.
Gonçalves vê John Textor investindo fortemente na estrutura do Botafogo, para dar as melhores condições aos profissionais e categorias de base. Para o ex-jogador, o Alvinegro irá receber bons reforços também, mas, para voltar ao topo da tabela, será preciso ter paciência.
– O Textor vai investir na questão do centro de treinamentos, no estádio Nilton Santos, nas categorias de base, vai fazer de tudo para que todos os funcionários do clube tenham as melhores condições de trabalho. Reforços vão chegar e o time fará uma campanha mais tranquila no Campeonato Brasileiro, sem sustos. Mas, para voltar a brigar por títulos, ainda é preciso ter um pouco de paciência e dar tempo para que ele possa dar sequência ao seu trabalho.
John Textor comprou 90% das ações da SAF do Botafogo e também tem participação no Crystal Palace, da Inglaterra, e no Molenbeek, da Bélgica. O americano também tem o interesse de investir em outras equipes do futebol mundial.
Para Gonçalves, a presença do americano em outras equipes não fará com que o Botafogo seja uma ponte para levar jogadores ao futebol europeu. A ida de atletas para o futebol internacional sempre aconteceu e continuará acontecendo, pela grande diferença econômica.
– Não acredito que o Botafogo será uma ponte para outros clubes. As equipes brasileiras sempre venderam para o exterior e continuarão fazendo isso, por uma questão econômica. É importante dizer que a cultura do futebol brasileiro não permite que os clubes brasileiros sejam usados apenas para revelar jogadores. O Botafogo e qualquer clube que aderir à SAF, assim que se estruturar, irá brigar por títulos. E o caminho será facilitado por ser administrado de forma profissional.
Campeão Brasileiro em 1995 pelo Botafogo, Gonçalves se aposentou em 1999 e, desde 2017, vive na cidade de Orlando. Na América do Norte, ele tem diversos negócios relacionados ao futebol, no Brasil e Estados Unidos.
