Gottardo diz que ‘Botafogo perdeu’ com sua saída e elogia SAF: ‘Hoje se faz fila para jogar no clube’

Wilson Gottardo, ex-jogador e ex-dirigente do Botafogo
Reprodução/Resenha com TF

Diretor-técnico do Botafogo em 2014, Wilson Gottardo viveu um período turbulento no clube. No fim da gestão Mauricio Assumpção, houve problemas dentro e fora de campo, que culminaram com um rebaixamento. O ex-jogador, campeão diversas vezes no Glorioso, acredita que poderia ter permanecido no ano seguinte.

Tinham quatro chapas, tive três reuniões. Me perguntavam o que estava acontecendo, eu tinha um raio-x de tudo e sabia o caminho a seguir. O Botafogo perdeu muito mais com a minha saída, regrediu. Tinha condições de fazer o Botafogo saltar mais uns dois anos. Talvez teria condições de hoje estar melhor, sem contar a SAF. Faria um organograma diferente, trocaria vários profissionais, a folha era muito alta, muita gente trabalhando, não vou falar se era competente ou não, mas era demais. Tínhamos fuga de bons atletas para outros jogadores, eram dispensados, diziam que era ato de indisciplina. Iria qualificar o trabalho da base até lá em cima – garantiu Gottardo, em entrevista ao canal “Resenha com TF”.

Hoje treinador de futebol, Gottardo acredita que o Botafogo está se estruturando com a SAF e John Textor.

Não o conheço pessoalmente. Acho um cara experiente, está aprendendo, vendo como o Brasil funciona. Tem empresa que trouxe ele para cá. São gestores, ninguém quer trabalhar no vermelho, quer estar sempre no azul. O Botafogo é um clube em que os atletas hoje querem jogar. Ninguém quer mais receber salário atrasado ou demorar anos para receber. Hoje se faz fila para jogar no Botafogo, de jogadores bons. Você vê respeito, estrutura, fala-se em construir CT além do Lonier, parece que vai ser no Recreio, na divisa, tem espaço bom ali. Tudo isso torna o Botafogo grande e fortalecido. para ter mais torcida e mais fãs precisa conquistar títulos e fazer ídolos. O torcedor só permanece a partir do momento que tem ídolos, que caminham junto com título. Assim vai – acrescentou.

Wilson Gottardo ainda deu detalhes sobre as polêmicas de 2014, como as demissões de Edilson, Bolívar, Julio Cesar e Emerson Sheik.

O presidente nunca me disse isso, não posso falar que foi pedido do treinador, mas também não duvido. Após esse episódio, o Mauricio teve problema com o pai dele, que faleceu em seguida, se afastou um pouco. Me ligou, acho que era 22h, 23h, eu falei “não faça isso, deixa comigo que vou resolver. Até entendo o que você está pensando, mas não é o momento”. Tinha uma ideia para conversar com um deles, o Bolívar, sabia da liderança dele. Eu, como ex-zagueiro, já estava bem à vontade, sabia das narrativas e das leituras. Foi uma loucura, porque tinha que falar com os jogadores e os empresários. Falei “deixa o Sheik, recebe do Corinthians, joga bem, é aguerrido, os adversários sabem que ele é perigoso, para que afastar? Não faz sentido”. Insisti. No dia seguinte, apresentação deles, Sheik não foi, os outros foram, foi constrangedor. Falei “pô, é um pedido do presidente, eu não concordo, mas é o presidente”. O Vagner Mancini ficou na dele, não tomou decisão, ficou calado. Não falou nada para mim, não sei para os atletas depois – contou.

Os atletas estavam boa parte… Se analisar um por um era um grande time, mas resolveram ficar quietos, se recolher e cuidar da vida deles. Reuni o grupo dos gringos, Ferreyra, Bolatti, Zeballos, falei “o que vocês querem, são inteligentes, jogam bem, o que está acontecendo?” Um olhava para o outro. Diziam estar desanimados, que viam incoerência e falta de respeito – relembrou Gottardo, que crê também que Mancini poderia ter saído.

Tudo tem um limite. Quando não se consegue resolver, começa a regredir, tem que partir do treinador. Em momento algum conversei com o presidente sobre a demissão do Mancini, mas achava que ele tinha que entregar o cargo, fez tudo que podia e não conseguia resolver. Não teve essa decisão, o presidente não enxergou. Alguém da diretoria pediu a cabeça do Mancini, mas eu não cheguei a ter essa conversa. A situação ficou incontornável, ambiente muito pesado e tenso, só um milagre salvaria do rebaixamento – completou.

Fonte: Redação FogãoNET e Resenha com TF

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