Túlio Maravilha, Maurício, Jefferson e Sérgio Manoel, ídolos históricos do Botafogo, comemoraram a vitória gigante do Glorioso em cima do PSG por 1 a 0 na última quinta-feira, pela Copa do Mundo de Clubes, em entrevista ao site da Fifa. O resultado foi destacado em todo o planeta, menos de três semana depois do PSG conquistar a Champions League com uma goleada de 5 a 0 na final sobre a Inter de Milão.
– Sem dúvida alguma, a vitória foi histórica por todo o contexto do jogo. O Botafogo tem de ser respeitado. O Botafogo merece ser respeitado. O Botafogo é o clube que mais cedeu jogadores para a Seleção Brasileira pentacampeã. Então, o Botafogo tem participação direta em todos esses títulos, cedendo jogadores importantes, protagonistas e craques. O respeito pelo Botafogo foi mais uma vez resgatado em campo – disse Sérgio Manoel.
– Parecia uma final de Copa do Mundo. Quando você tem um objetivo em mente e todo o grupo compra esse propósito seguindo 100% as determinações do treinador, com certeza o resultado viria. E foi o que aconteceu. O Botafogo marcou muito bem, principalmente em seu campo. O PSG teve o domínio total do jogo, mas o Botafogo, quando roubava a bola, saía rápido no contra-ataque. Foi assim que fez o primeiro gol. Esse jogo ficou para a história e mostrou, não só para o torcedor do Botafogo, mas para todos os brasileiros e para o mundo, que o futebol brasileiro está voltando aos bons níveis nas décadas de 80, 90 até 2000. E [o Botafogo] tem tudo para se classificar e, quem sabe, sonhar – comentou Túlio.
– Hoje é um Botafogo muito mais preparado para jogos difíceis, principalmente com essa trajetória que vem adquirindo no Brasileirão, na Libertadores, no Mundial. Hoje o Botafogo está resgatando o respeito das equipes, e mostrando fora do Brasil a sua história. O Botafogo sempre foi um time que cedeu muitos jogadores para a Seleção Brasileira, e hoje o Botafogo vem conquistando grandes títulos. Eu fico feliz em ver o Botafogo nessa crescente, e hoje com certeza os adversários estão olhando o Botafogo com outros olhos – afirmou Jefferson.
Confira outras declarações dos ídolos alvinegros ao site da Fifa:
TÚLIO
“A história do Botafogo se confunde com o futebol brasileiro. Na época do Nilton Santos, Jairzinho, Garrincha, Zagallo e das Copas do Mundo de 58 e 62, praticamente era o Botafogo de Garrincha e o Santos de Pelé que dominavam o futebol brasileiro e mundial. Veio um período de seca até os anos 90. A torcida estava carente de títulos, de ídolos, até que veio em 95, onde eu fui o protagonista, campeão e artilheiro do Campeonato Brasileiro daquele ano. Aquela geração de 95, comigo e outros ídolos, trouxe o orgulho de ser botafoguense. Só que aí, a partir de 95 até o ano passado, foram quase 30 anos novamente sem títulos, sem estrutura, vários rebaixamentos. O clube sofreu uma decadência. Veio o John Textor [proprietário do clube], que resgatou a estrutura do clube, colocando as dívidas em dia e, aos poucos, reestruturando o elenco profissional. E não deu outra. Em menos de três anos, ele conseguiu: Libertadores e Brasileiro. E agora, o Mundial, quem sabe, é logo ali.”
MAURÍCIO
“Eu fiquei muito feliz de ver o Botafogo jogar com um time grande, estratégico. Se manteve ali, usando as armas que tem. Na chance que houve, conseguiu passar pela barreira, pelo obstáculo e conseguiu fazer aquele gol. E realmente era um golzinho mesmo [que precisava]. Era o único modelo que achou diante de uma grande equipe que é conceituada a melhor do mundo. Para ultrapassar essa barreira seria necessário uma jogada individual com força física e a habilidade do brasileiro. Nós demonstramos que o Brasil não está morto. Eu sou Botafogo, mas a gente tem que torcer para que todos os clubes do Brasil tenham uma boa imagem.”
“O Botafogo ontem foi um campeão mesmo. Mostrou a todos que não existe jogo ganho na véspera, seja qual for o time, Paris Saint-Germain, Milan, qualquer desses. A imprensa toda estava falando que o Botafogo já tinha perdido. Então, o que aconteceu foi exatamente o que aconteceu em 89. Todos falavam que o Flamengo ia bater no Botafogo, ia destruir e a gente conseguiu reverter, ganhando dentro do Maracanã com 130 mil pessoas. No futebol, você não prevê qualquer coisa. O Botafogo demonstrou que foi campeão brasileiro e da Libertadores, e não foi à toa. Tem potencial, grupo forte, empresa muito forte, todos com o mesmo pensamento. Quando ocorre isso é muito difícil…”
JEFFERSON
“O que eu vi foi um Botafogo muito bem taticamente. O Botafogo tinha condição de vencer o PSG, mas precisava fazer um jogo com uma obediência tática perfeita e foi o que aconteceu. Foi um Botafogo que não ficou se defendendo o tempo todo, mas jogou com inteligência, soube se defender. O John fez ali umas duas boas defesas, mas também não foi tão exigido como as pessoas esperavam. As pessoas esperavam que o PSG iria ganhar de três, quatro, fácil, mas você viu o Botafogo muito bem postado. O Botafogo nos momentos mais difíceis aparece.”
SÉRGIO MANOEL
“Eu estava lendo o jogo taticamente, diferentemente de um torcedor comum. Eu vejo a entrega e a alma com que o time entrou para jogar como se fosse uma decisão. Por todo o contexto do jogo, por toda a história e grandeza do adversário… Muitos dizem que o Botafogo só se defendeu; não, o Botafogo foi o único que conseguiu se defender diante de um time que fez cinco gols na Internazionale de Milão e quatro no Atlético de Madrid. Nós nos defendemos, que era a nossa proposta, e demos ao adversário a posse de bola, mas uma posse de bola que não agride, que não machuca, que não consegue o gol. Foi isso que eu vi, e como ex-jogador posso falar agora: taticamente, foi o jogo perfeito. O Botafogo jogou o que tinha de jogar, respeitou o adversário como precisava e mostrou sua grandeza. Quando você reconhece que, naquele momento, o seu adversário é superior, e você tem uma chance de ganhar o jogo com um erro ou em uma bola criada como aconteceu com a gente, nos pés do Savarino e do nosso goleador; o Igor não perdoou. É incontestável o resultado. O Botafogo sai merecedor desse jogo e ainda maior do que já é. Eu sou botafoguense de coração. Sou imparcial na minha análise, mas sou justo com meu time quando ele merece elogios. O Botafogo foi gigante. Diante dos meus olhos, o Botafogo fez história. É um jogo que vai ficar na minha memória para o resto da vida.”