Igor Melo vai ao Botafogo Podcast, se emociona e recebe presente de Alex Telles: ‘Esse clube se vive na carne, no coração, na alma’

Igor Melo e Alex Telles no Botafogo Podcast
YouTube/Botafogo TV

Vítima de um tiro de um policial militar da reserva ao ser confundido com um assaltante, em um episódio lamentável e repugnante, Igor Melo se recuperou e está mais vivo que nunca para seguir seu sonho como jornalista esportivo. Contratado pelo “Rádio Craque Neto”, o botafoguense foi ao “Botafogo Podcast”, se emocionou e emocionou a todos com suas histórias.

Igor Melo contou que o maior sonho de sua vida era cobrir o Botafogo, o que já conseguiu.

– Quero abraçar você que está vendo esse podcast, que eu tenho certeza que a tua oração, a tua prece, ela foi fundamental para que eu estivesse vivo, permanecesse vivo e estivesse aqui para ser a continuação de um sonho. Meu nome é Igor Melo, 31 anos, antes de tudo, jornalista. Não sou o Igor Melo, vítima de uma fatalidade, aconteceu, mas eu sou o Igor Melo, 31 anos, esposo da Marina, pai do Jonas, jornalista e botafoguense apaixonado, fanático pelo meu Botafogo. Quem me conhece sabe que o que eu estou falando aqui não é mentira, que eu faço tudo pelo Botafogo, já fiz muitas loucuras, muitas coisas, mas é um prazer estar aqui, poder contar um pouco da minha história com o Botafogo, como ela aconteceu. Falar de Botafogo para mim é terapêutico, é muito bom, e eu digo que mais um momento, mais uma vez, em meio a toda essa tormenta que eu estou vivendo, esse momento de psicológico destruído, coração despedaçado, estar aqui hoje na Botafogo TV, estar aqui hoje no estúdio do meu clube do coração do Botafogo, e o que eu amo é o momento que eu estou me sentindo vivo novamente, sentindo que eu sobrevivi e vou continuar aqui para seguir aí um sonho que é não só cobrir o futebol, mas seguir cobrindo o Botafogo. Porque o Botafogo é minha grande inspiração para ser jornalista, para ser jornalista esportivo, sou jornalista esportivo por causa do Botafogo, eu quis seguir a profissão para cobrir o Botafogo. É claro que você chega no meio, aparecem algumas demandas e tudo mais, mas eu posso falar para você que eu sou um homem realizado, porque eu já cobri o Botafogo. Realizei, na verdade, o meu maior sonho, que é cobrir o Botafogo no meu clube do coração, e cara, sensacional estar aqui hoje, sensacional, muito obrigado pela oportunidade de vocês – agradeceu Igor Melo.

O jornalista, que também é garçom na casa de samba Batuq, recebeu de presente surpresa uma camisa oficial do Botafogo personalizada com seu nome. Quem entregou foi Alex Telles.

– Chegando aqui, visitando o Nilton Santos, agora o presente do Alex Telles. É realmente complicado, ganhando um presente desse. Essa camisa linda, maravilhosa, do Botafogo. Número 7, Igor Melo. Eu quero passar pro meu filho isso aqui. Quem ama isso aqui, isso aqui não se ama, se vive na carne, no coração, na alma. Muito obrigado pelo que vocês estão fazendo por mim, cara. Hoje é o melhor dia dessa minha segunda vida. Eu estou começando uma vida nova. Graças a Deus, com uma consciência de homem de 31 anos, eu tenho não só o direito, mas a obrigação de não errar mais como eu errei até aqui, entendeu? Errar que eu digo, assim, algumas coisas, né, que aconteceram, algumas atitudes, algumas palavras, talvez, mas eu estou começando uma nova vida. Acho que o melhor dia dessa minha segunda vida está sendo hoje. Estar aqui nesse podcast, conhecer esse cara que está se tornando um ídolo pra mim, ganhar um presente dele. O maior presente que ele me deu foi acertar aquele pênalti (na final da Libertadores), você pode ter certeza. Acho que essa camisa vai pro quadro, não sei nem se vou usar. Esse cara aí ajudou a realizar um sonho, aquele sonho daquele Igor moleque, aquele Igor de 99, que se apaixonou pelo Botafogo, no vice contra Juventude, que em 2000 foi ao seu primeiro jogo e sempre sonhou que ia ver o Botafogo ganhar alguma coisa. Eu sempre acreditei. Nos momentos mais difíceis, eu acreditei que o Botafogo ia ser campeão e esse cara ajudou a construir esse sonho, é surreal – destacou.

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Ida para a final da Libertadores

– Atravessa um pouco essa questão do garçom, porque chegou uma hora que foi, meu irmão, foi missão Libertadores. Eu pedi a caixinha, eu contava a minha história, eu falava tudo. Meu irmão, foi operação Libertadores total. Sobrava o troco do pão, ia pro cofre. Inclusive, agradeço aqui ao meu cunhado Vinícius Moura, que foi o grande arquiteto desse sonho. Ele falou “irmão, você tem que estar nessa final”. Inclusive, ia eu e ele, ele torce pro Santa Cruz, ia sair do Pernambuco, Recife, só pra ir comigo pra me realizar esse sonho. Ele que arquitetou esse sonho, ele comprou o ingresso dele. Eu vendi o ingresso dele, foi um dinheirinho a mais pra eu poder ir também. Aí, cara, fui juntando dinheiro como garçom, fui juntando dinheiro, fui pagando as parcelas, né, da viagem junto com os caras que eu fiz. Que eu vou citar aqui já já esses caras e essa história também.

Aí chegou no último final de semana, mano, antes do jogo contra o Palmeiras, o embarque pra Buenos Aires, e estava faltando uma grana. Uma grana considerável. E eu vi que a dia de trabalho ia ser ruim. Eu ia conseguir pagar a viagem, mas como é que eu ia me sustentar em Buenos Aires? Como é que eu ia comer, me alimentar e tal? Eu ia me virar. Aí eu vi um botafoguense, lá na Batuq, não sei o nome desse cara, mas eu já antecipo que esse cara foi um anjo que Deus botou na minha vida, eu vou te falar o porquê. O cara já tava meio pra lá de Bagdá, ele cismou que era o Nilton Santos, deu uma merreca pro pessoal da caipirinha. Uma merreca considerável, considerável. Daí eu vi que era Botafogo e comecei a trocar coisa. Falei, “estou aqui na minha correria, último final de semana pra viagem, e tá muito difícil de arrumar o dinheiro. Tipo assim, já tô com a viagem quase paga, tô com o ingresso aqui”, eu mostrei pra ele o QR Code da parada do ticket Conmebol, “mas falta, mano. Estou empenhado aqui, mas o dia vai ser ruim, mas eu vou viajar, eu vou pra esse jogo”. Ele falou, “pô, mano, é mesmo? Tu vai? Vou te abençoar pra Argentina”. Irmão, juro por Deus. O cara botou a mão no bolso, no bolso. Puxou R$ 100, R$ 200, R$ 300, R$ 400, ele estava com R$ 502 no bolso. Ele tirou R$ 500 e falou “mano, tô te abençoando aqui, ó, vai pra Argentina”. Procurei se a câmera estava filmando, falei, esse cara quer me testar. Falei, “não, irmão, não vai te fazer falta?”. Ele falou, “tu é maluco? Se eu tô te dando, por que você vai me fazer falta? Vai realizar o teu sonho. Tu vai ver o Botafogo ser campeão na Argentina”.

– Eu só fui chorar, chorar, chorar, chorar. Os meus amigos garçons vão assistir esse podcast e vão confirmar essa história. Eu só fui chorar, chorar, chorar. Aí me isolei, mano, durante uns cinco minutos. Chorei, abracei meus amigos garçons. Falei, não, mano, “tenho que voltar pra agradecer esse cara”. Cadê o cara na casa? Sumiu. Eu não sei se o cara foi embora, se ele sumiu, se ele foi no banheiro e desceu pelo ralo. Sei que eu acho que, tipo assim, mano, esse cara apareceu ali pra aquilo. Irmão, passou um tempo, eu liguei pro meu compadre e falei, “Vitor, comemora, comemora que o Botafogo, sábado, ele é campeão da Libertadores. Tu não sabe o que me aconteceu, mano”. Contei a história pra ele, aí cheguei em casa, relatei no WhatsApp. Eu tirei uma foto postando nos meus melhores amigos do Instagram, uns R$ 500, que eu ganhei de caixinha e dali, tipo assim, dali que eu vi que o Botafogo ia ser campeão, irmão. Foi um sonho, mano.

– Eu vi, tipo assim, parece que foi um anjo que apareceu ali, me deu aquele dinheiro. Eu fiquei, tipo assim, de três a cinco minutos à toa. Então eu falei “não, mano, tem que achar esse cara pra agradecer a ele”. Eu vi que tinha um pessoal perto dele, que eu pensei que fossem amigos deles e não eram, mano. Ninguém conhecia o cara. Ele estava sozinho. Ninguém na casa conhecia o cara. Ele apareceu ali, me deu essa caixinha, quando eu fui agradecer o cara, cadê o cara? O cara sumiu. Eu enrolei o dinheiro igual um cigarro, botei dentro do tênis, lá dentro do… Eu não podia perder essa grana, irmão. O ladrão podia roubar a minha alma, mas não ia roubar o dinheiro da minha viagem, nem por nada. E foi dali que… A final da Libertadores começou boa.

Título da Libertadores

– Eu tive uns heróis da minha adolescência, da minha infância, que foi o elenco de 2010, que lavou a minha alma. Eu estava no Maracanã também, inclusive, vi a cavadinha do Loco Abreu. Mas esses caras, do ano passado, eles foram os heróis da minha vida. Eles estão marcados na minha história. Inclusive, esse título, apesar de aparecer pretinho, ele vai pra pele, sim. Eu vou dar um jeito. Essas canecas, esses canecos, eles vão pra pele, porque eles foram os heróis da minha vida, cara. Eles realizaram um sonho que eu sonhei durante toda a minha vida e eu pude estar lá pra presenciar. Eu trabalhei muito, me sacrifiquei muito. Eu não fui só garçom não. Eu fui entregador de iFood, entregador de Uber, entreguei comida, entregava as encomendas da minha irmã, vendi latinha pra caramba, irmão, pra estar ali. Então, eu me sinto meio que parte desse sonho. Ajudei a construir esse sonho, me sacrifiquei muito pra estar lá. E esses caras realizaram o meu sonho. Então eles são meus heróis de vida, irmão. Com certeza, sim. Heróis de vida.

Relação com o filho

– Meu maior troféu foi o Jonas, que foi muito sonhado por mim, porque me atravessa muito falar sobre o Jonas, sei que eu vou me emocionar aqui, porque quando eu tinha 7 anos de idade, e eu ia com uma dupla de amigos meus que eu amo de paixão, que é o Marcelo Vinicius, pai e filho, ou seja, um pai, um filho e eu, sem pai, sem uma figura paterna. Eu lembro que quando o Botafogo vencia os jogos, a gente desceu a rampa muito ali abraçados, comemorando a vitória do Botafogo. Eu sentia a falta de uma figura paterna e desde lá eu sonhava em ter um filho, e porra, um dia eu vou viver esse sonho com o meu filho, ou poder pegar o meu filho e descer com ele da rampa também, porque essa ausência paterna nessa época me machucou muito, e ver aquilo também me atravessou muito. São dois caras legais, que eu amo de paixão, graças a eles que eu sou botafoguense, eles que colocaram o Botafogo na minha vida, mas eu sempre sonhei em um dia poder, cara, também descer a rampa do Nilton Santos, agora o do Maracanã, na época que era, comemorando uma vitória com o meu filho.

Eu lembro que o primeiro jogo do meu filho foi Botafogo e Ypiranga, aqui no Nilton Santos, dia 27 de abril, um dia antes do meu aniversário. O Botafogo venceu por 2×0, foi o maior presente da minha vida, poder descer a rampa do Nilton Santos comemorando uma vitória com o meu Botafogo, com o meu filho, aquela coisa de infância. Aquela ferida de infância sarou ali, desde lá a gente já veio pra muitos jogos, muitos jogos. Posso um dia comprar uma casa, comprar um carro, deixar o estudo pra ele, mas a maior herança que eu quero deixar pro Jonas é a paixão pelo Botafogo, é ensinar ele a amar o Botafogo, aprender o que é o Botafogo, que o Botafogo se ama e se vive, de corpo, alma e coração. É isso que eu quero passar pra ele, e claro, futuramente, mais consciente, descer a rampa do Nilton Santos, abraçando o meu filho, beijando muito o meu filho, porque um dos meus maiores sonhos é esse.

– E eu lembro que, nesse dia, cara, foi uma cena bacana, lembro que tinha um senhorzinho descendo com o filho dele do lado, um cara já bem mais velho, uns 40 anos me viu descendo com o Jonas a primeira vez e perguntou, “pô, cara, é a primeira vez dele no estádio?” Eu falei, é. Ele, pô, cara, esse aqui é meu pai, 84 anos. É… Ele me levou no Maracanã pela primeira vez. Hoje eu que estou trazendo ele. Pô, cara, quando ele falou aquilo, me emocionou, e exatamente isso eu quero viver com o meu filho, eu quero trazer o meu filho, apresentar a paixão, e um dia que ele esteja em condições de me trazer também, que aí pode ter certeza que ciclo fechado, eu vou morrer o botafoguense o mais feliz da vida.

Reconhecimento de outras torcidas

– Inclusive, cara, quero deixar aqui um fato registrado bacana, que eu estava lá cobrindo o Fla-Flu, produzindo conteúdo e encostei na mureta do Maracanã pra filmar. Muitos torcedores do Flamengo viram e alguns falaram, “caraca, o botafoguense, que aconteceu aquela parada com ele”. E eu vou te falar pra você, foi uma das cenas mais emocionantes da minha vida, todo mundo começou a bater palma pra mim, falar que eu sou um guerreiro, que torceu por mim, que eu estava nas orações deles, me reconheceram como botafoguense também, porque isso foi muito atrelado à história, do fato que aconteceu. Em momento nenhum, essa rivalidade foi colocada ali em xeque. Pelo contrário, pediram pra tirar foto, me apoiaram, me abraçaram, sentiram a minha dor, muita gente chorou, se emocionou por eu estar ali. E foi uma parada muito bacana, cara. Um dos gestos mais emocionantes que eu pude viver.

Veja o vídeo abaixo:

Fonte: Redação FogãoNET e Botafogo TV

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