Joel Carli é do Botafogo uma vez mais e para sempre. Com esses termos, o clube anunciou a renovação contratual do zagueiro argentino até junho de 2023 e o início de uma função administrativa no departamento de futebol após a carreira. Nesta quarta-feira, foi dia de entrevista coletiva.
Diretor-executivo de futebol, André Mazzuco exaltou Joel Carli.
– Estamos reunidos para um momento bem especial, anunciar a renovação do nosso capitão. Não é capitão por acaso, 36 anos, chegou em 2016, desde então recebe essa homenagem porque realmente é o nosso capitão. O Botafogo, em conjunto, nunca teve dúvida de prolongar mais essa história linda, por tudo que nos ajuda como ser humano, como atleta, por tudo que tem se preparado para novos ciclos. Tudo é muito calculado. Estamos muito felizes de ter o Carli do nosso lado, nos ajuda demais em todos os sentidos, não é à toa que é um ídolo, não é à toa que ano passado teve momento maravilhoso de se tornar estrangeiro com mais jogos na história do clube, só esqueceu de combinar com o Gatito (risos), que o passou. Essas coisas fazem muita relevância na história do clube, ter pessoas que representam. Ter o Carli conosco é um privilégio, uma honra. Agradeço por toda a ajuda, desde 2016. Parabéns e obrigado. Curta, desfrute bastante – disse Mazzuco.
Carli comemorou a renovação e destacou a importância do Botafogo em sua vida.
– Obrigado, André, pelas palavras. Para mim, é uma honra, um prazer, me orgulha muito renovar com o Botafogo. Como sempre falo, é o clube que amo, estou em casa e vou desfrutar muito desse momento – declarou.
– A negociação com Mazzuco foi fácil. Não tem negociação difícil entre Carli e Botafogo, sempre foi assim. Sempre que o clube quis contar comigo, estive à disposição. Foi uma boa negociação para ambos os lados. Minha família está feliz, são botafoguenses doentes. Nada melhor para eles do que eu continuar aqui – adicionou.
O zagueiro argentino já começou a pensar em como será a sequência no Botafogo quando se aposentar.
– Estamos planejando. Já venho me planejando há alguns anos, estudando, me preparando na parte técnica e de direção. Gosto muito de aprender, do futebol por completo. Estou me preparando para o que vai ser a carreira – concluiu.
🎙️ Leia outros pontos da entrevista coletiva:
Evolução do clube
– As mudanças são grandes. Todos os dias você vê o clube se transformando em ainda maior. Mas eu sempre gostei de chegar aqui, me apaixonei por esse clube pelas pessoas. Se gostei em 2016, 2017, 2018, 2019, com muitos salários atrasados e problemas, imagina hoje, que vejo o Botafogo crescer dia a dia.
Possível ida para o Muro dos Ídolos
– Claro que gostaria de ver. Desde o dia que cheguei aqui, me apaixonei por esse clube, são muitos anos, muitos jogos, muita dedicação. Que o torcedor possa mostrar essa carinho que me mostra todo dia nas redes sociais, nas ruas e no estádio. Se chegar a acontecer, vou ficar muito feliz.
Gol na final do Carioca de 2018
– O gol é uma coisa que o torcedor cada vez que me encontra na rua me faz lembrar com alguma história. Foi um momento muito marcante da minha carreira, porque era meu terceiro ano aqui. Foi muito marcante e emocionante.
Saída em 2020
– Foi o momento mais triste da minha carreira. Foi uma coisa que eu não esperava, não entendi e como aconteceu. Com o tempo essa dor melhorou, porque não foi fácil para mim e para minha família. Mas eu sabia que voltaria, sentia que não poderia ser diferente. Mas no momento sofri muito.
Ter virado estrangeiro com mais jogos pelo Botafogo (depois Gatito superou)
– No momento que atingi a marca, entendi um pouco do que tinha conseguido no clube. Quando cheguei, em 2016, sempre me propus a trabalhar para ficar muito tempo aqui. Nunca imaginei. No terceiro ano comecei a pegar informações sobre estrangeiros, atingi a marca de cem e vi que era possível. Foi um momento muito especial.
Transição
– Sempre pensei, depois dos 30, 31 anos, em ficar de olho no que podia acontecer. Sempre estive convicto de que deveria ser da melhor forma, estar bem fisicamente, ajudar dentro e fora do campo. A partir daí, poderia ser o momento. Essa transição vai ser devagar, estamos conversando, mas ainda não é o momento de passar para vocês.
Rio de Janeiro
– Gosto muito, minha família também. Meus filhos sabem que no futebol acontecem muitas mudanças, mas falam que se eu tiver que sair eles ficam e eu vou. Gostamos muito do Rio, dos cariocas, das praias e vamos estar sempre gratos a como nos receberam.
Novo Carli
– O que o Botafogo me deu? Abriu as portas, vim para uma das maiores ligas do futebol brasileiro, sempre fui agradecido, por isso sempre me entreguei. Como profissional e atleta, todos os dias tento melhorar e crescer. O clube cada vez mais dá ferramentas para isso. Tento a cada dia ser um melhor atleta, um melhor profissional e uma melhor pessoa.
Volta em 2021
– Me lembro muito bem do momento, estava na Argentina, com contrato, recebi ligação do meu empresário, Alexandre, falando que o (Eduardo) Freeland queria que eu voltasse. O primeiro que falei para o meu empresário era que eu queria voltar. Havia problema de um processo, muito dinheiro envolvido, o Botafogo estava sem dinheiro, mas isso não era questão, não era problema. Eu precisava voltar. Sinto meu orgulho do meu empresário, porque estamos sempre na mesma linha de pensamento. Priorizamos o carinho esportivo antes que o econômico. Foi assim na volta ao clube. Por como foi minha saída, o único que queria era uma ligação do presidente Durcesio Mello. Aconteceu, não tinha mais muito o que conversar. Voltei com um sonho, com um objetivo de que não podia ficar mais um ano o Botafogo na Série B. Muitas pessoas não acreditavam no meu trabalho, eu sabia que seria uma peça importante. Aconteceu, de uma forma muito inesperado, foi muito satisfatório.
Último jogo
– Jogo de despedida vai ter. Tomara que seja um jogo oficial, que o Mister nos permita uma escalação, com casa cheia. Acho que vai ter sim.
Botafogo do futuro
– Espero que meu filho veja o Botafogo que todo torcedor quer, brigando por títulos internacionais. Acho que vai acontecer. É um processo. Para acontecer e perdurar no tempo, a estrutura tem que ser firme. Ainda temos que ter um pouco de paciência, mas tenho certeza que meu filho vai ver muitos títulos do Botafogo.
Amadurecimento
– Fui me transformando como pessoa também, não só como atleta. Acho que aconteceu porque, como falo, quando você gosta muito de um lugar e se sente à vontade, com os companheiros e torcedores, do Botafogo e de outros clubes, que sempre mostram respeito, você entende como é o futebol e a vida. Sempre vivi cada momento, cada dia, com muito profissionalismo e desfrutando tudo que acontece.
Aposentadoria
– A decisão de parar é muito difícil par qualquer atleta. Mas comecei há anos a estudar, a me preparar. Tenho um psicólogo pessoal, que me ajuda muito também, porque são os momentos mais difíceis. Quando chega, são 24 horas pensando em futebol, até nas férias, a partir de junho vou ter que aprender a viver uma nova vida, porque tudo muda. É uma mudança muito grande. Ainda falta, sou um atleta e quero entregar muito nesses seis meses. Estou preparado.
Carli importante em momentos difíceis
– Tenho muito claro porque aparece esse Carli. É porque sempre estou preparado, não deixo de treinar, sou extremamente profissional. Quando ninguém acredita, sempre estou pronto para dar conta do recado. Não é à toa, é porque trabalho, respeito muito minha posição e o clube. Espero que continue acontecendo, que quando o Botafogo precise de mim eu possa dar conta do recado.
Jogo com Volta Redonda
– O time está se preparando muito bem, foram poucos dias, pré-temporadas são curtas, treinos fortes, estamos com muita esperança de fazer uma boa partida. Não sei quem vai para o jogo ainda, juro que não sei, mas estamos muito confiantes.