John Textor fez uma longa reflexão e admitiu falhas nos começos das temporadas do Botafogo, quando resolve utilizar o Campeonato Carioca como pré-temporada. A situação ficou ainda mais evidente em 2025, quando Carlos Leiria foi alçado ao posto de treinador interino mesmo com Supercopa do Brasil e Recopa Sul-Americana – esta já com outro interino, Cláudio Caçapa.
O empresário norte-americano respondeu sobre o tema durante a coletiva de apresentação do técnico Davide Ancelotti nesta segunda-feira, na sala de imprensa do Estádio Nilton Santos.
– O que tenho tentado fazer com o clube é simplesmente dar passos. E o primeiro ano foi só sobre sobrevivência. Mas o problema com esse plano é que os torcedores esperam muito mais do que sobreviver. Muito rapidamente, eles esperavam… Acho que estávamos no G-4 nas primeiras semanas da nossa primeira temporada, e todos achavam que pertencíamos aquele lugar. Acabamos nos saindo melhor do que só sobreviver. Chegamos à Copa Sul-Americana e, no ano seguinte, é claro, jogamos em um nível mais alto, e agora tínhamos expectativas ainda maiores da torcida – iniciou.
– Todos os anos, minha dificuldade é tentar entender como gerenciar um elenco de futebol ao longo de 11 meses, porque tenho sido muito claro sobre não gostar de um calendário de 11 meses com esta pré-temporada gigantesca, em que queremos testar os jogadores jovens, e a torcida quer ver vitórias desde o início e com frequência. E acho isso muito difícil de gerenciar.
– Se você parar para pensar, e eu já vou falar da autocrítica, compramos o clube em 11 de março de 2022. A maioria dos torcedores acha que tínhamos comprado antes, por causa das notícias de que o negócio estava acontecendo. Mas só pudemos começar a selecionar jogadores em 11 de março, e tínhamos apenas quatro semanas para nos preparar para a temporada. [Alessandro] Brito fez um ótimo trabalho, aliás. Vamos para 2023 e a torcida ficou tão chateada na pré-temporada, você se lembra que houve um boicote ao nosso primeiro jogo? Acho que foi contra o São Paulo. Então, aproveitamos a pré-temporada de 2023 para escalar jovens e realmente tentar entender o que tínhamos no elenco, porque você tem que ver o máximo possível. E eu sei que o Carioca é importante, mas ainda temos usado-o muito como pré-temporada. E mesmo com o boicote naquele primeiro jogo, vencemos 14 dos nossos primeiros 17 jogos. Foi espetacular começar a temporada, embora tenha sido uma pré-temporada horrível – continuou.
– Definitivamente tenho dificuldade para entender como conquistar vitórias na pré-temporada, mas também como me preparar na pré-temporada. E, como proprietário, ainda não acertei isso. Ainda não acertei. Também tive dificuldades com mudanças de treinador. Tipo, foi um choque incrível no meio da temporada, quando estávamos em primeiro lugar e perdemos o Luís Castro. É muito difícil perder alguém no meio da temporada quando você está jogando tão bem. E aí passamos por uma série de trocas de treinador depois disso só para manter a temporada viva. Obviamente, não foi bem administrado naquele período – seguiu, encerrando sobre 2025:
– Vou ser mais rápido com essa resposta, mas depois quero pular para Artur Jorge. Ótima experiência com ele, ótimos campeonatos com ele, não quero entrar em muitos detalhes, mas ficou muito, muito claro que ele havia decidido sair antes do final da temporada. E as notícias veiculadas na imprensa de que a diretoria não o apoiava eram sem sentido. Sabíamos da viagem, da situação do Catar… Ele já tinha decidido que iria embora. E foi muito difícil substituí-lo. É muito difícil conseguir um técnico para este clube depois da melhor temporada em 120 anos. Ninguém queria o cargo. E levei muito tempo para tomar a decisão sobre o treinador, e isso impactou na pré-temporada novamente. Então, não sei, nunca acerto na pré-temporada, mas continuamos ganhando campeonatos. Posso criticar a mim mesmo, mas também tivemos muita sorte.