John Textor apresenta Renato Paiva como técnico do Botafogo em discurso de quase 20 minutos: ‘Ele se mostrou o mais preparado’

Apresentação de Renato Paiva no Botafogo | Fevereiro 2025
Vítor Silva/Botafogo

Em um discurso que demorou quase 20 minutos, John Textor apresentou Renato Paiva como técnico do Botafogo para a temporada 2025 na tarde desta sexta-feira (28/2), no Estádio Nilton Santos. O empresário norte-americano explicou a demora no processo de escolha e elogiou o português, focando principalmente no trabalho com jovens jogadores.

Veja abaixo o discurso de John Textor:

“Gosto de ter meu tempo para fazer uma mudança de treinador. Foi um grande luxo que a saída do nosso último treinador tenha acontecido no final de uma temporada. Creio que fui bem claro sobre como vejo o calendário e, embora compreensivelmente muitos torcedores quisessem que uma decisão acontecesse muito rápido, e não sou surdo às preocupações dos torcedores, eu realmente queria usar esse tempo de entressafra para tomar a decisão certa.

Só para dar uma ideia do processo antes de começar a falar sobre o treinador especificamente… Aproveitei esse tempo para não apenas entrevistar, mas realmente ter conversas com vários treinadores. Gostaria de manter essas discussões bem próximas entre mim e os treinadores. Isso levou a rumores e especulações sobre quem estava recebendo uma proposta, se tínhamos feito ou não uma proposta, se fomos rejeitados ou não por um treinador em particular, e em grande parte a maioria esses rumores não eram realmente precisos sobre o processo pelo qual eu estava passando.

Gosto desse tipo de conversa com treinadores há vários anos, e elas realmente são conversas. Quando tive a chance de me encontrar com um coach em 2021, foi um café da manhã com Paulo Fonseca. Aqui estamos em 2025, e eu o considerei a pessoa perfeita para uma das vagas de emprego dentro da nossa organização.

Essas conversas às vezes são só para conhecer uma pessoa, às vezes são para ser bem específicas, para fazer uma proposta. Fizemos uma proposta para André Jardine no começo do ano, porque eu achava que ele era especialmente adequado para nossa aproximação. Mas também tivemos muitas outras conversas com grandes homens, grandes treinadores, que eram principalmente sobre seus planos de vida e se eles se alinhavam ou não com nossos objetivos como clube.

Houve muitas oportunidades para fazermos uma contratação, um bom homem, um bom treinador, colocá-lo no vestiário, deixar todo mundo feliz, acalmar a base de torcedores. Mas esta pausa na temporada foi uma chance para realmente tentarmos encontrar alinhamento entre como queremos jogar e como queremos fazer este clube crescer.

Acredito que conseguimos ter sucesso rapidamente como clube, porque os jogadores confiam que o Botafogo representa um caminho fantástico para as carreiras desses jogadores. Somos o primeiro clube que começou a mostrar evidências reais de mudança no fluxo de jogadores, na direção dos jogadores, na migração de jogadores pelo Botafogo para a Europa, onde muitos deles sonham em ir. Atletas recentes que passaram pelo nosso clube e nos ajudaram a ganhar um campeonato, eles receberam a promessa de que se ajudasssem a ganhar no Brasil, nós os ajudaríamos na sua trajetória.

Como isso se relaciona com o treinamento? Para ser confiável aos jovens, você precisa ter confiança nos jovens. Certos treinadores olham para nosso elenco, a maioria dos treinadores, como eles estão em uma das profissões mais inseguras do mundo, eles próprios se tornam muito inseguros. Então, treinar para evitar o fracasso se torna mais óbvio em certos treinadores do que treinar para o sucesso, e é por isso que muitas vezes você verá treinadores favorecendo o jogador mais veterano, ele pode ser mais lento, pode ter passado do seu tempo, mas talvez ele seja um guerreiro, talvez ele leia bem o jogo. Essas são coisas que os treinadores dizem a si mesmos e aos donos sobre o motivo pelo qual justificam colocar um jogador mais velho em campo em vez de um jogador mais jovem em desenvolvimento.

A realidade da economia do futebol brasileiro, a realidade do atleta brasileiro, criou essa migração de jogadores do Brasil e da América do Sul para a Europa, e isso aconteceu aqui antes de eu chegar aqui.

É importante ter um treinador que não só atenda ao modelo de negócios do nosso clube, ao modelo esportivo do nosso clube, mas também seja apropriado para o país, o continente. Esse conceito de confiança e juventude é na verdade uma métrica que é medida. Não é apenas observada, é medida. Quando olhamos para diferentes treinadores, veremos a confiança nos jovens com base em uma porcentagem de jogadores jovens que um treinador implanta em um elenco normal. E pode ser 16% para um treinador que tem uma confiança média nos jovens, ou pode ser 25% para um treinador que tem um nível extremamente alto de confiança nos jovens. Então, se vamos construir um campeão sustentável no Botafogo, temos que atingir esse equilíbrio.

Então, conforme os jogadores vêm e vão, nós realmente queremos construir um time que não sobe e desce como uma montanha-russa, mas um competidor de alto nível e sustentável. Renato demonstrou sua confiança nos jovens ao permanecer, por sua própria escolha, na base do Benfica por mais de 15 anos. Ele teve muitas oportunidades de se tornar um treinador profissional e escolheu construir sua carreira desenvolvendo jovens jogadores.

Ele aprendeu com uma grande organização e uma grande academia e ajudou a construir e a evoluir uma grande organização e uma grande base. Seu trabalho e a confiança que o Grupo City depositou nele quando assumiram o Bahia… A imprensa, os torcedores dirão que ele não funcionou, mas eu não olho para os resultados, olho para o trabalho. Nós gostamos do trabalho dele no Bahia.

Há muitas partes das organizações, o treinador é apenas uma parte delas, mas sua experiência do Equador, México e no Brasil, originário de Portugal, por muitos anos na base, ele realmente se alinhou com esse estilo de jogo que queremos: inteligente, técnico e rápido. Agora, se ele atingirá esse ideal aqui vai depender do trabalho dele. Vai depender do meu trabalho em apoio a ele. Vai depender do departamento de futebol. Não é só uma pessoa, mas para aspirar o Botafogo Way, todos nós temos que estar alinhados uns com os outros e todos nós temos que trabalhar para esse ideal de inteligente, técnico e rápido.

Essas são as razões, e peço desculpas por me estender tanto, tomei essa decisão no meu tempo, e finalmente decidi sobre muitos nomes, homens muito bons, grandes treinadores, e essa é a pessoa que eu acho que está mais alinhada com o que estamos tentando fazer. Foram muitas conversas ótimas com muitas pessoas fantásticas, mas Renato era o mais preparado para essas discussões. Ele sabia mais sobre nossos atletas do que eu. Não sou um cara do futebol, mas conheço nossos atletas. Ele tem um plano para cada um dos nossos atletas, e ele veio para o processo de entrevista com isso. Ele tem um plano para eles individualmente para ajudá-los, e também dentro de um coletivo. E eu acho que essa foi provavelmente a parte mais impressionante da entrevista.”

Fonte: Redação FogãoNET

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