Em seu percurso na tentativa de melhorar o futebol brasileiro e fortalecer o Botafogo, John Textor encontrou diversos obstáculos. Um deles foi ver críticas de adversários sobre a necessidade de um fair play financeiro, isso tudo após verem o sucesso do Glorioso, agora campeão brasileiro e da Libertadores. Em entrevista à CNN, o empresário norte-americano defendeu os investimentos que foram feitos no clube e deixou claro que o Alvinegro está totalmente dentro das regras que existem na Europa, por exemplo.
– Acho engraçado e estamos gostando dessa conversa. Não estou muito preocupado com isso, porque, se você for falar de fair play financeiro, que seja com precisão. Herdamos um clube que, em 2021, teve uma receita de US$ 21 milhões. Nós o compramos em março de 2022, naquele ano tivemos uma receita de US$ 30 milhões. Em 2024, como estamos em dezembro, vamos ter uma receita de US$ 100 milhões. Ou seja, aumentamos a receita em cinco vezes, o que significa que nosso nível salarial é cerca de 45% da nossa receita. Na Europa, com o fair play financeiro, eles querem que você gaste 75% ou menos da sua receita. Com 45%, estamos bem abaixo do limite. Eles não podem falar de fair play financeiro conosco – disse Textor.
O empresário defendeu os fortes investimentos para valorizar o futebol brasileiro. Afinal de contas, o Botafogo “puxa para cima” os demais clubes que querem concorrer com ele.
– Em termos de comprar esses jogadores, estão dizendo isso porque estabelecemos recordes, porque ninguém pagou tanto por Thiago Almada ou Luiz Henrique. Isso é verdade, mas só porque estamos revertendo a direção da migração de jogadores. O Brasil sempre mandou seus jogadores para fora, vemos grandes números quando Endrick é vendido, quando João Gomes é vendido. Raramente vemos um clube comprando os direitos de um jogador com base em seu valor global, no que ele vale na Europa, e dizendo: “Volte e jogue no Brasil”. Gastamos US$ 25 milhões no Thiago Almada, isso nem é um valor alto para os padrões europeus. Gastamos US$ 20 milhões no Luiz Henrique, isso não é um valor alto para a Europa – afirmou.
– Eles estão chateados porque nós valorizamos o Brasil para que os torcedores brasileiros possam ver os melhores atletas do mundo pegando um avião e voando de volta para a América do Sul? Estou pagando um valor pequeno para comprar esses jovens atletas talentosos. Eu sei que se eu paguei US$ 20 milhões pelo Luiz Henrique, eu trago ele de volta para o Brasil, ele entra na Seleção Brasileira e ele pode valer US$ 30 milhões ou US$ 40 milhões. Isso é uma boa gestão financeira, não é uma violação do fair play financeiro. Por que os brasileiros acham que um time não deve adquirir um atleta de ponta e trazê-lo de volta ao Brasil para jogar para os brasileiros? Isso é bobagem – continuou.
– Vocês acham que devemos ter orçamento baixo aqui e alto deve ser para o prazer das pessoas na Europa. Eu acho que deveríamos aproveitar o futebol aqui. Sobre o fair play financeiro, estamos muito dentro das regras. Quando os grandes times começarem a ser derrotados pelos times inferiores, aí eles vão dizer: “Vamos mudar as regras”. Bem, sabe, é o que eu disse antes: se acostumem, somos o Glorioso, somos o Mais Tradicional e estamos aqui para ficar – finalizou.