Presente no Estádio Nilton Santos no empate em 0 a 0 entre Botafogo e São Paulo, pelo jogo de ida das quartas de final da Libertadores-2024, John Textor agradeceu ao presidente tricolor, Julio Casares, por ter ido à partida. O empresário americano valorizou a atitude do dirigente.
– Eu realmente aprecio que o Julio (Casares) esteja aqui esta noite. Ele foi um dos primeiros que me recebeu no Brasil de uma forma muito boa. Sei que vocês todos estão reportando um monte de conversas sobre tudo o que aconteceu no ano passado, ou talvez não tenha acontecido, sobre as questões do fair play financeiro. É importante para as pessoas entenderem que os presidentes ainda podem ser amigos, eles podem ser muito civis um com o outro, podem advogar por seus pontos de vista de política pública. Como amigo, eu diria que foi ótimo vê-lo aqui. Demos um abraço forte porque não nos víamos há muito tempo. Nos dias de Libra, foi uma das pessoas que me recebeu melhor – elogiou Textor, de acordo com o “UOL”.
O acionista da SAF do Botafogo ainda fez uma longa declaração sobre fair play financeiro, citando inclusive as recentes falas de Rodolfo Landim presidente do Flamengo.
– Nós estamos construindo uma organização, uma equipe. Estamos fazendo investimentos em jogadores e nós estamos gastando consideravelmente menos do que diz a lei do fair play sobre os 75% dos nossos rendimentos em vendas e em salários de jogadores. Acho que o Landim no outro dia disse que precisávamos ter regras porque lugares como o Brasil não têm essas regras, se um investidor vem e se aproveita do fato de que não temos as regras. Mas estamos em total concordância com todas as definições do fair play financeiro ao redor do mundo. Fui o primeiro a falar sobre isso. Eu disse que se não fizermos algo sobre teto salarial e convidarmos investimentos estrangeiros, vão vir de nações de riqueza soberana com dinheiro e petróleo, então nós realmente temos um problema. Sou um advogado do fair play financeiro, mas, por favor, não venham, não olhem para o Botafogo e digam que estamos quebrando as regras e que nós não poderíamos fazer isso em outros países porque nós poderíamos – garantiu.
Leia mais declarações de Textor sobre fair play financeiro reproduzidas pelo “UOL”:
INVESTIMENTO INICIAL
– Eu acho que é impressionante. Quando eu cheguei aqui dois e meio anos atrás, eu tinha três jogadores que jogaram na Série A. Comprei o time em março de 2022. Foi reportado que nós compramos mais cedo, mas isso não é verdade. A temporada começa cerca de 15 de abril. Tínhamos que construir do nada. Provavelmente é verdade em termos de investimentos, compra de direitos e de jogadores. Eu tinha que construir tudo de novo, enquanto nossos competidores têm grandes bases, grandes rendas e alto orçamento. É claro que eu estaria gastando mais do que eles estão gastando para construir meu time e ser competitivo. Me lembro de um torcedor de 17 anos que sempre me enviava comentários no Instagram. A maior parte do tempo era difícil, ele me dizia o quanto gostava de mim, nós perdíamos um jogo e eram xingamentos. Mas ele disse: “construa para nós um time competitivo, nós só queremos competir”. Então, é isso que eu estou fazendo.
– Segundo, estou fazendo exatamente o que a Lei da SAF diz. Não sei por que isso ofende outros clubes. A estrutura desses negócios é que eles te entregam o clube e você se compromete a fazer um investimento significativo. Você preferia que eu comprasse banners ou extensões ou que comprasse jogadores para aumentar o valor? Se eu compro um jogador por 20 milhões e ele chega até a Seleção Brasileira, então talvez ele valha 30 milhões. A Lei da SAF convidou as pessoas para um investimento, os contratos me mandam investir. Agora que eu estou investindo de maneira inteligente, sinto dizer às pessoas, mas nossas vendas cresceram cinco vezes mais.
MUTICLUBES
– Por último, tem a questão dos vários clubes. Nós temos só uma vantagem sobre os outros clubes e é chamado de confiança. Quando eu tenho um problema com um zagueiro e preciso ir ao mercado encontrar um jogador, eu poderia ir para outro clube, eu poderia fazer um acordo com eles, poderia encontrar alguém que não está jogando muito e contratar, como Alex Telles. Se eu estou fazendo um acordo com outro clube, ou um acordo com um dos meus clubes, eu ainda tenho que ir no jogador que o convencer do projeto. Você não pode apenas dizer-lhes onde ir. Dizer que talvez você não esteja jogando agora, ou talvez não esteja com contrato, mas venha e nos ajude a ganhar títulos. Todo clube no Brasil pode fazer a mesma coisa que eu faço. Pegue o telefone, chame o outro clube, encontre um atleta, venda o projeto e contrate. A razão pela qual as pessoas estão vindo para nós agora é porque gostam do nosso projeto.
– Se não fosse o Adryelson, que veio do nosso clube [Lyon], seria o Vitinho, que veio de outro. Seria o Alex Telles, que veio de outro. Então, jogo justo significa que todos têm a mesma oportunidade. Todo clube pode ser um pouco mais criativo e fazer as coisas que eu estou fazendo. A Lei da SAF significa que todo pequeno clube tem a oportunidade de ir e encontrar um investidor. Coloque um plano de negócio, faça uma proposta, diga-lhes que o Criciúma é uma ótima oportunidade e deixe esse pequeno clube trazer um investidor. Isso traz dinheiro para o Brasil. É por isso que eles passaram a lei. Essa lei significa que todo pequeno clube pode ganhar um campeonato. E o que eles estão falando agora é: “ei, mudem essas regras”. “Se os investidores aparecerem, nós temos problemas. Se os multiclubes aparecerem, nós temos problemas”. Não deixe que eles te digam que precisam de fair play. Isso é Palmeiras e Flamengo, e esses grandes clubes se lamentam. É um pouco engraçado, certo? Acredito que todo pequeno clube no Brasil deve sonhar em ganhar um campeonato. Eu gosto do Rodolfo (Landim), eu gosto do Julio (Casares). É um bom debate sobre política pública. Eu vou falar com alguns dos outros presidentes. Acho que devemos ter essa conversa abertamente. Talvez um grande painel, todos nos juntarmos, deixamos o público ouvir. Respeitamos as ideias sobre o futuro do futebol do Brasil. É por isso que devemos fazer a liga que falamos. Podemos ter essas reuniões produtivas o tempo todo, como líderes desses clubes. Eu não acho que um grupo de cinco clubes se juntar e dizer que vamos nos encontrar, fazer sugestões e vamos dizer a todos o que fazer. Isso parece justo? Então, eu acolho o debate.