John Textor explica caso Lyon e caixa multiclubes e fala sobre relação com DNCG: ‘Acho que o problema sou eu, tentando ser um agente de mudança’

John Textor, do Botafogo
YouTube/TalkSPORT

Após uma temporada inteira de discordâncias com a DNCG, que chegou a rebaixar o clube administrativamente, John Textor renunciou ao seu cargo no Lyon. Com Michele Kang na presidência, o comitê de apelação do órgão mudou a decisão e manteve a equipe na Ligue 1 na última quarta-feira.

Em entrevista ao podcast “TalkSPORT”, John Textor detalhou o tema e a forma que a DNCG vê o Lyon, mesmo sendo este parte da Eagle Football.

– Acho que as pessoas precisam entender a DNCG. Nunca se viu uma situação em que um clube entra em uma audiência e tem muito dinheiro em caixa, um fluxo de caixa significativo entrando. Na verdade, a projeção é de que mais algumas centenas de milhões venham da venda do Crystal Palace. Como um clube como esse pode ser rebaixado por questões de sustentabilidade? Na mesma semana, passamos pela revisão de sustentabilidade da Uefa, que é bastante abrangente e extremamente profissional. E a resposta é que o processo da DNCG é muito subjetivo. Não é preto no branco. Eles literalmente pegam a receita dos seus jogadores, a receita das transferências e dizem: “Bem, isso precisa ser zero”. Bem, nós faturamos 100 milhões por ano em vendas de jogadores. Sob o modelo de sustentabilidade deles, eles têm que projetar para o futuro como se não houvesse vendas de jogadores com um contrato de 70 milhões de dólares. Eles não gostaram muito desse acordo. Disseram 70 milhões, jogue fora, 100 milhões em vendas de jogadores, jogue fora. Mas havia esses 10 milhões por mês do nosso fluxo de caixa multiclubes. Vêm do Botafogo e de outros lugares. São 130 milhões no OL nos últimos 12 meses – citou Textor, comentando o modelo de caixa único da rede.

– Bem, funciona nos dois sentidos. A união de recursos entre nossos clubes é algo muito singular. Nos últimos 12 meses, 125 milhões foram transferidos de outros clubes da Eagle Football para o OL, e 65 milhões retornaram. Assim, dividimos o dinheiro e lidamos com a sazonalidade em nosso benefício. Quando você vai à DNCG, eles dizem: “Pegue esses 10 milhões por mês, chame de zero. Pegue as vendas dos seus jogadores, chame de zero. Pegue essa venda a prazo de 70 milhões de dólares, chame de zero”. Se você tirar 300 milhões do nosso fluxo de caixa e perguntar: “Bem, vocês são sustentáveis?”, obviamente, nesse cenário acadêmico, não. Então, acho que o objetivo da DNCG é que não temos nada parecido na Premier League. Temos regras em preto e branco. Se você perder 105 milhões de libras em três anos, seus pontos serão descontados. Se você entrar em administração, seus pontos serão descontados. Não funciona assim na França. É muito subjetivo. E eles decidem o que gostam, o que não gostam, e você tem que agradá-los. Essas são as regras. E eu tenho lutado com o DNCG e tentado reformá-los. Então, talvez eu não seja a melhor pessoa para me apresentar a eles, e é por isso que Michele (Kang) é muito melhor em liderança nessa posição do que eu – explicou.

John Textor acredita que a parte pessoal afetou as decisões anteriores.

– Acho que o problema sou eu, tentando ser um agente de mudança. Acho que a governança na França não está funcionando. Estamos tentando implementar um modelo de Premier League em que cada clube tenha direito a voto. Nunca foi feito dessa forma antes. A liga é constantemente acusada de corrupção. Acabamos de receber uma denúncia contra o presidente. A Federação Francesa de Futebol está tentando assumir o controle, o que é um erro enorme. E eu apareço e temos um monte de painéis e eu digo, estou literalmente questionando a existência da DNCG, se ela deveria ou não existir. Se estou falando de um novo modelo, um modelo reformista onde não há DNCG, mas há regras em preto e branco como as que temos na Premier League, provavelmente não sou a melhor pessoa para ir à frente dessa mesma DNCG e pedir seu apoio. Então, sim, o problema sou eu. Eu era um disruptor, um reformista. Sim, o chapéu de cowboy era engraçado, mas não para eles. Sabe, Nasser gostou, achou engraçado. Nasser Al-Khelaïfi, claro, voando neste momento com o PSG para a final de domingo. Sabe, ele só perdeu uma partida nessa sequência de 10 jogos. Incrível. Ele e eu estamos nos dando muito bem, mas não, eu não me adapto muito bem ao modelo de governo da França. Essa é a grande razão para mim.

Fonte: Redação FogãoNET e TalkSPORT

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