Jornalista conversa com Renato Paiva e dá detalhes da diferença entre Botafogo e Real Madrid contra o PSG

Renato Paiva em PSG x Botafogo | Copa do Mundo de Clubes 2025
Reprodução/CazéTV

O Botafogo foi o único time a vencer o PSG na Copa do Mundo de Clubes: 1 a 0, na fase de grupos. O Real Madrid foi atropelado na última quarta-feira e perdeu por 4 a 0. No programa “Seleção SporTV”, o jornalista André Rizek contou bastidores sobre a preparação alvinegra.

– Durante o jogo, ali aos 24 minutos, quando o massacre já estava instalado, 3 a 0, eu comecei a receber mensagens das pessoas que montaram o plano tático do Botafogo na fase de grupos. E óbvio que aquela partida tem um contexto completamente diferente. Não só o PSG, mas todos os times europeus subiram de nível no jogo eliminatório. O Real Madrid começou a competição empatando com a Real, o Bayern perdeu do Benfica, o Chelsea foi derrotado pelo Flamengo, que foi brilhante naquele dia, o Botafogo derrotou o PSG. Vem o jogo eliminatório, fisicamente, emocionalmente, todos os europeus subiram de nível. O foco deles aumentou. Até naquela ocasião, que não tira o mérito do Botafogo, o PSG chegou a poupar alguns jogadores importantes. Mas, depois da partida, o Luis Enrique disse textualmente que o Botafogo foi o time que melhor marcou o PSG em toda a temporada. E eu insisto, aqui nessa competição, o Atlético de Madrid, o time que mais tenta marcar os seus adversários, só se preocupa com isso, levou de 4 a 0. A Inter de Milão tentou marcar na decisão da Champions e tomou de 5 a 0. O Botafogo tentou marcar e conseguiu. E essas pessoas me escreveram sobre a diferença, taticamente, de como o Botafogo encarou o jogo e o Real Madrid encarou o jogo – declarou Rizek.

– E, para simplificar, o diagnóstico que eu recebi foi o seguinte: o Botafogo entendeu que o setor mais forte do PSG, aquele que você tem que realmente tentar anular de todos os jeitos, é o meio-campo. E aí o Botafogo fez de tudo pra congestionar o meio-campo e convidou o PSG a atuar pelas laterais. Não é que pelas laterais o PSG seja fraco. O Botafogo entendeu que era mais simples marcar o PSG no lado do campo que no meio. E convidou o PSG a jogar pelos lados. O Botafogo entende que essa foi a chave do sucesso. Perguntando pra eles, mas qual a diferença do Real Madrid, o Real Madrid fez o contrário. O Real Madrid, ao tirar o Valverde do meio-campo, abriu o meio e convidou o PSG a jogar pelo setor onde ele é mais forte. Esse é o diagnóstico. Eu apenas trago essa informação da maneira como as pessoas responsáveis pelo plano de jogo, que segundo o Luis Enrique, foi o que melhor marcou o PSG, estabeleceram essa diferença pro Real Madrid. Então eu acho que assim, por mais que a gente tenha que estabelecer muitos parâmetros e as diferenças de uma fase de grupos pro mata-mata, ponto pro Botafogo. Uma estratégia vitoriosa naquele dia. E uma estratégia que não foi vitoriosa ontem do Real Madrid – pontuou.

O comentarista Rodrigo Coutinho foi além e citou que teve uma conversa com Renato Paiva, que era técnico do Botafogo na vitória sobre o PSG e foi demitido após a eliminação na competição.

– Posso só dar um pitaco em cima daquilo do que o Rizek citou sobre a comparação da estratégia do Botafogo? Eu acho que esse assunto é muito legal de a gente abordar. Então, eu tive a oportunidade, isso é legal, eu conversei com o próprio Renato Paiva quarta, depois do jogo do do Real Madrid contra o PSG. Porque a minha sensação inicial do jogo, os primeiros 25 minutos, até a parada técnica, foi de que o Real Madrid tentou, veja bem, repetir a estratégia defensiva do Botafogo. Vou explicar. Entrou no 4-3-3, Botafogo e PSG. Qual era a proposta do Renato Paiva? Savarino, Igor Jesus e Artur eram os jogadores mais adiantados. Geralmente, quando você joga no 4-3-3, os pontas vão descer o campo para dobrar a marcação com os laterais. Você vai ter ponta marcando o lateral, a trinca de meio-campo centralizada e o outro ponta marcando pelo outro lado. Botafogo e PSG não teve isso. Savarino e Artur desciam pelo centro do campo. Eles pressionavam a saída de bola. Eles pressionavam o trio que inicia a jogada do PSG, de modo que o passe fosse lateralizado. Para eles poderem escapar com a bola. E aí, quando a bola batia por fora, eles desciam por dentro para fechar a área de passe do PSG – explicou Rodrigo Coutinho, que deu mais detalhes táticos.

– Vini Jr., Mbappé e Gonzalo García não fizeram isso. Você tem três jogadores que não fazem isso e está defendendo com sete automaticamente. Segundo ponto, o que o Botafogo fazia? Quando a bola batia pelo lado, o ponta do PSG, o jogador mais adiantado do PSG o lateral saía para combater. O volante do Botafogo dobrava a marcação pela direita era o Allan, pela esquerda era o Marlon Freitas. E se o ponta driblasse para o fundo, o zagueiro do Botafogo mais próximo fazia a cobertura com o Gregore entrando na linha de defesa. Segundo ponto de erro do Real Madrid. Pela direita, quem ajudava, ou deveria ajudar o Valverde, era o Arda Güler. Não tem essa questão física para fazer. Não é um jogador de marcação para fazer isso. Pela esquerda, quem deveria ajudar o Fran Garcia era o Bellingham. Mas foi citado, é outro jogador que não consegue fazer isso. Então, assim, isso ruiu depois da parada técnica. Depois disso, o time passou a defender no 4-4-2 com Mbappé e Vini Jr. um pouco mais à frente. Esvazia o meio, sim, pela questão de característica dos jogadores. E aí, cara, não tem como. Você vai acabar se expondo demais. Não dá no futebol de hoje para você ter uma equipe que dois ou três jogadores, durante boa parte de uma etapa, não vão contribuir defensivamente – completou.

Fonte: Redação FogãoNET e SporTV

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