A Sociedade Anônima de Futebol (SAF) tem sido vista como a salvação para diversos clubes brasileiros, como Botafogo e Cruzeiro, por exemplo. Entretanto, nem todo mundo é favorável ao modelo. A jornalista Milly Lacombe, no “UOL News Esporte”, fez duras críticas.
– Vai ter gente comemorando a privatização do seu time, pelo amor de Deus, a gente precisa do caminho oposto, socializar os times, dar o poder a quem ama o time não a quem quer ganhar dinheiro com o time, time não é para dar lucro, time não é uma planilha de custo-benefício, futebol é socialização, é paixão, é circulação de afetos, é um circuito enorme de afetos e a gente está matando isso – reclamou Milly Lacombe.
– Na maneira como eu vejo o futebol, a SAF é uma aberração, é concentração de poder. Oficialmente o futebol existe para dar lucro. Para quem? Para quê? Em nome do quê? Eu acho isso uma loucura – acrescentou.
A jornalista citou casos específicos para argumentar que os clubes brasileiros deveriam ter mais pessoas com poder de decisão.
– A gente detecta os problemas no futebol, por exemplo, o São Paulo é um grupo de poucas pessoas mandando em um time que tem milhões de torcedores. Aí a gente ‘então vamos resolver esse problema’. Como? A gente vai dar poder a menos gente, isso é a SAF. Um magnata vai comprar um time e esse cara vai ter o poder. A gente fala muito em democracia, a gente ama a democracia, a gente quer democracia, mas a gente não pratica isso, porque se a gente praticasse, a gente iria estar lutando pelo oposto, mais pessoas com o poder de decisão – opinou.
– A quem pertence o time? Não é a uma pessoa, é à torcida, então agora a gente concentrou o poder, nada contra o Ronaldo, eu sou corintiana, ele é ídolo para mim, mas é o conceito. Concentrar o poder não é o que a gente precisa hoje, a gente precisa diluir o poder, todos os problemas que a gente está vendo no mundo, consequentemente no futebol, é porque o poder está concentrado na mão de pouquíssimas pessoas. Como é que a gente vai repetir isso no futebol? A SAF é isso – finaliza.