Como avaliar a demissão de Bruno Lage no Botafogo? Para o comentarista Thales Machado, editor de “O Globo” e “Extra”, a situação é perigosa, e o clube “se complicou um pouco mais” essa semana, na qual empatou em 1 a 1 com o Goiás, pelo Campeonato Brasileiro.
O jornalista acredita que a mobilização dos jogadores não necessariamente é positiva.
– O Botafogo tem um contexto muito particular, ansiedade pelo título, não ganha nada há 28 anos. A decisão de tirar o Tiquinho Soares foi muito ruim, mas essa crítica merece ser feita. Apesar de eu ver sentido na mobilização, até pela conquista do objetivo, por ser fecharem nisso, criamos o insustentável muito fácil. Por que Lucio Flavio e Joel Carli? Porque os jogadores acham que dá para fechar entre eles e seguir assim. Mas é uma situação perigosa. Tiquinho vai voltar a ser titular, não tem como ser diferente com essa comissão, parece correto. Mas há outras decisões que Bruno Lage tomou que não são tão questionáveis. Por exemplo, o Di Placido é muito de grupo, parte de grupo que conseguiu se impor nessa escolha de Sofia do John Textor entre profissionalismo e pedido de jogadores. Di Placido perdeu espaço com Bruno Lage, talvez merecidamente. E agora? Agora que de certa forma tomaram de assalto vai voltar por merecimento ou por que faz parte do pacto? Textor fala muito que título se ganha com amor, o Botafogo está apostando nisso, mas também se ganha pelo contexto – ponderou Thales, no programa “Redação SporTV”.
Para o jornalista, a saída de Bruno Lage não passa apenas pelos resultados ruins.
– O Botafogo precisava de treinador que ganhasse jogos, batalhas, Lage falhou em muitos deles. A demissão dele não aconteceria se tivesse escalado o Tiquinho e tivesse até perdido para o Goiás. Ao mesmo tempo, não é só por isso. Vem da coletiva, da insatisfação, do processo de treinar com o Tiquinho e avisar na hora do almoço que ele seria reserva. Acho que a demissão só faz sentido se de fato o clima ficou insustentável para Bruno Lage e jogadores, porque é decisão de muito risco dar na mão dos jogadores, Lucio Flavio nunca treinou nenhum time efetivamente – apontou.
– De alguma maneira, tudo que aconteceu não é positivo. O Botafogo não sai melhor do jogo com Goiás. Parte da torcida está feliz, acha que pode melhorar. Eu acho que se complicou um pouco a mais, mas a vantagem é muito grande. Chegar a 75 pontos significam sete vitórias e mais alguns empates. É difícil, não é fácil, mas para Grêmio e Palmeiras significa dez vitórias e mais alguns empates. Dentro da turbulência, precisa voltar a ganhar pontos, vai voltar a perder jogos, e precisa ficar de olho nos adversários para não perder o campeonato. No mínimo deixou mais interessante – completou.